As altas do dólar e do IGP-M começaram a ter impacto direto para o consumidor brasileiro. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reajustou em até 16,36% a tarifa de energia de duas distribuidoras que atuam no Estado de São Paulo e atendem a 2,5 milhões de consumidores. Os reajustes valem a partir de amanhã para a CPFL Piratininga (Baixada Santista e Oeste Paulista) e Bandeirante (Alto Tietê e Vale do Paraíba).
Os aumentos só não foram maiores porque a área técnica da agência reguladora considerou ‘anômalas’ as últimas cotações do dólar e decidiu recomendar que a diretoria usasse a cotação de R$ 2,05, inferior às cotações da moeda norte-americana nos últimos dias.
Para os consumidores industriais da CPFL Piratininga, a tarifa sobe até 16,36%. Para consumidores residenciais dessa distribuidora o aumento é de 14,01%. No caso da Bandeirante, o aumento para a indústria é de 14,82% e para os consumidores residenciais, de 15,45%.
A alta anula ganhos obtidos pelos consumidores dessas distribuidoras no ano passado, quando, após o processo de revisão tarifária, houve redução de 13,06% na tarifa dos clientes clientes residenciais da CPFL Piratininga e de 13,9% para os da Bandeirante.
Quanto mais caro o dólar, maior o custo com a energia comprada pelas distribuidoras da hidrelétrica binacional de Itaipu. O custo com a compra de energia é integralmente repassado para o consumidor e, segundo a Aneel, a energia dolarizada de Itaipu teve impacto de 1,59 ponto percentual no reajuste da CPFL Piratininga e de 1,46 ponto na Bandeirante.
O IGP-M, índice de inflação fortemente influenciado pela alta do dólar e que corrige parte da tarifa de energia, variou 12,31% no período, mais que o dobro da variação considerada no ano passado (5,67%). De acordo com os cálculos da Aneel, essa variação teve impacto de 4,92 pontos percentuais no reajuste da CPFL Piratininga e de 2,7 pontos no reajuste da Bandeirante.
Caso as cotações elevadas do dólar persistam, vão pressionar ainda mais para cima os próximos reajustes de energia de outras distribuidoras das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que compram energia da hidrelétrica da Itaipu.
Outro item que pesou no bolso do consumidor foi o uso de usinas termelétricas, acionadas no final do ano passado para conter o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas. As termelétricas produzem energia mais cara do que as hidrelétricas, e esse custo também é repassado para os consumidores. No reajuste da CPFL Piratininga, o peso do uso dessas usinas foi de 2,3 pontos percentuais e de 3,16% para a Bandeirante. (Humberto Medina)