Gilmar Mendes diz “Exército está se associando a genocídio” e Defesa avalia reação

Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, avalia junto aos comandantes das Forças Armadas e AGU medidas que podem ser tomadas. Em nota, Ministério listou o que está fazendo para combater o novo coronavírus

Redação CUT

Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, avalia junto aos comandantes das Forças Armadas e AGU medidas que podem ser tomadas. Em nota, Ministério listou o que está fazendo para combater o novo coronavírus

Escrito por: Redação CUT

Portal STF
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O Ministério da Defesa está avaliando o que fazer em relação a afirmação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que a militarização do Ministério da Saúde é péssima para a imagem das Forças Armadas, que se juntam a um “genocídio” no país.
“Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa”, afirmou o ministro do Supremo durante debate transmitido pelo site da IstoÉ nesse sábado à noite (11).
“É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”, acrescentou Gilmar Mendes.
Nesta segunda-feira (13), o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, disse ao Estadão que avalia junto aos comandantes das Forças Armadas e à Advocacia-Geral da União (AGU) medidas que podem ser tomadas em reação ao ministro do STF. Azevedo afirmou estar “indignado” com o que ele considera serem “acusações levianas” do ministro do Supremo.
No debate, Mendes e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta criticaram a militarização e a falta de um titular para o Ministério da Saúde, que vem sendo comandado interinamente há 59 dias, desde que Nelson Teich também pediu para sair, pelo general Eduardo Pazuello. O militar, que não tem formação médica, comanda a pasta em plena pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que já matou mais de 72 mil brasileiros.
Mandetta também condenou a delegação da condução das ações de saúde pelas Forças Armadas. “Não é nem uma interferência no Ministério da Saúde, é uma aniquilação. Uma ocupação militar do Ministério da Saúde”, afirmou.
Mandetta disse que a pasta perdeu credibilidade e transparência com a ocupação dos militares. Segundo ele, a atual gestão tem escondido informações relacionadas à pandemia. “Em saúde ter segredos é o caminho mais rápido da tragédia”, afirmou. “Na nossa sucessão vieram militares. A primeira coisa que eles fizeram foi não mais mostrar os números 17h, não mais mostrar nada”, criticou.
O Ministério da Defesa, que ficou incomodado apenas com a fala de Gilmar Mendes, a princípio, divulgou uma nota em que faz um balanço das contribuições da pasta no combate à Covid-19. Veja a íntegra abaixo.
Nesta segunda, porém, Azevedo afirmou ao Estadão que “está avaliando junto com os comandantes de força a situação, considerando todos os aspectos”. Os comandantes e Azevedo passaram o domingo conversando por telefone para traçar uma estratégia de reação à fala de Gilmar. Não está descartada a possibilidade de o governo acionar a própria Justiça para cobrar uma retratação de Gilmar.
Nota do Ministério da Defesa
“O Ministério da Defesa (MD) informa que as Forças Armadas atuam diretamente no combate ao novo coronavírus, por meio da Operação Covid-19. Desde o início da pandemia, vem atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros. São empregados, diariamente, 34 mil militares, efetivo maior do que o da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, com 25.800 homens. O MD tem o compromisso com a saúde e com o bem estar de todos o brasileiros de norte ao sul do País. A mobilização desta Pasta começou no dia 5 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Regresso à Patria Amada Brasil. Na ocasião, foram resgatados 34 brasileiros de Wuhan, na China, antes mesmo de aparecer o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, em 26 de fevereiro.
A Operação Covid-19, criada em 19 de março de 2020, estabeleceu 10 comandos conjuntos espalhados por todo o Brasil, além do Comando Aeroespacial (COMAE). Os resultados mostram que a operação está atingindo os objetivos a que se propõe. De lá para cá, foram descontaminados 3.348 locais públicos; realizadas 2.139 campanhas de conscientização junto à população, 3.249 ações em barreiras sanitárias e 21.026 doações de sangue; distribuídos 728.842 cestas básicas; produzidos 20.315 litros de álcool em gel e capacitadas 9.945 pessoas para realizar ações de descontaminação.
É ainda importante destacar que já foram transportadas 17.554 toneladas de pessoal e equipamentos médicos via terrestre, 471 toneladas de pessoal e equipamentos médicos via transporte aéreo, voadas 1.334 horas, o equivalente a 14,5 voltas ao mundo.
As Forças Armadas realizam permanentemente atividades subsidiárias para cooperar com o desenvolvimento nacional e defesa civil. Este ano, em face à pandemia causada pelo novo coronavírus, os Ministérios da Defesa e da Saúde, em ação conjunta, intensificaram a assistência à saúde prestada a indígenas em diversas localidades carentes e isoladas do país. As mais de 200 missões em aldeias indígenas somente na Amazônia Ocidental realizam atendimentos de saúde, promovem cuidados básicos de saúde e orientam sobre a prevenção de doenças, sempre respeitando os aspectos socioculturais, condizentes com a realidade de cada etnia.”