Comemoração ou reflexão

Dia do Leiturista: comemoração ou reflexão?

Data é utilizada pelas empresas para esconder o básico: que elas não dão respaldo para esses companheiros

Charge: Bira Dantas

Elias Aredes Junior

A segunda feira, dia 20 de julho, foi reservada para a comemoração do dia do Leiturista. Falamos do coração das empresas de distribuição de Energia Elétrica. São companheiros talhados para realizar a apuração da conta de luz na casa das pessoas e com papel fundamental na cadeia econômica do setor elétrico.
As empresas emitiram comunicados internos ou fizeram publicações em seus sites oficiais. Tudo para fazer um agrado. E o consumidor desavisado pode acreditar. Considerar que esses companheiros são respeitados em seu cotidiano. Ledo Engano.
O dia do Leiturista, mais do que uma comemoração, é um alerta para que a luta não cesse. Que todos sejam valorizados. Que não sejam alvo de hostilidade em locais em que vão apurar a conta de luz.
Que muitas vezes está acoplada a uma ligação clandestina. Não porque o consumidor deseja fazer aquilo.
Mas é a única maneira dele fugir das ciladas impostas pelo nosso atual sistema econômico, em que o desemprego e as tarifas abusivas viram rotina. Em que tudo é feito para agradar as empresas. Tarifas colocadas no topo, reclamações efusivas de quem paga e quem muitas vezes paga o pato? O leiturista.
Que o poder público insiste em ignorá-lo. Basta dizer que em 31 de janeiro do ano passado, a Câmara dos Deputados arquivou Projeto de Lei que tinha como meta colocar os leituristas inseridos em Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e enquadrá-lo como atividade perigosa. Seria uma conquista e tanto aos trabalhadores.
Os deputados e sindicalistas energéticos, entre eles o Sinergia CUT, fizeram força para o andamento do projeto. O que fizeram as empresas para tirar a proposta do papel? Nada. Ou seja, não basta falar. Tem que fazer.
Todo dia seguinte a uma festa tem um clima de ressaca. Corpo dolorido ou mal estar sobre algo consumido. Pois nós, do Sinergia CUT acreditamos que a ressaca vivida pelos leituristas é prolongada. Fruto de empresas sedentas em conceder mimos em datas comemorativas, mas incapazes de oferecer condições de trabalho dignas.
Que no ano próximo ano, ao invés de tapinhas nas costas, as empresas ofereçam dignidade aos trabalhadores. Os leituristas vão agradecer.