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Projeto de Doria destrói agência que fiscaliza serviços de energia

Além disso, PL 529/2020 prevê a extinção da Empresa Metropo­litana de Transportes Urbanos (EMTU) e do Departamento Ae­roviários do Estado de São Pau­lo (Daesp). Diante da ação, que pode afetar diretamente a qualidade dos serviços de energia e saneamento oferecidos à população, inclusive com a elevação do preço das tarifas sem critérios claros, os sindicatos do projeto Sinergia CUT encaminharam carta à vice-coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Setor de Energia, Barragens, Saneamento Básico e Recursos Hídricos

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Redação - Sinergia Gasista

Diante da ação, que pode afetar diretamente a qualidade dos serviços de energia e saneamen­to oferecidos à população, inclu­sive com a elevação do preço das tarifas sem critérios claros, os sindicatos que fazem parte do projeto Sinergia CUT – Si­nergia Gasista, Sinergia Campinas, Sinergia Prudente, Sinergia São José do Rio Preto, Sinergia Mococa, Si­nergia Araraquara e Sinergia Sindergel – encaminharam uma carta à deputada estadual Marcia Lia (PT), vice-coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Setor de Energia, Bar­ragens, Saneamento Básico e Recursos Hídricos
O governador João Doria (PSDB) encaminhou à Assembleia Le­gislativa de São Paulo (Alesp) o Projeto de Lei (PL) 529, de 2020, que, em uma só tacada, retira cerca de R$ 1 bilhão em recursos das uni­versidades públicas, da Fapesp (fundação responsável pelo fo­mento à pesquisa científica no estado) e enterra de vez a auto­nomia de agências reguladores como a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do estado de São Paulo (Arsesp).
Criada em 1997 como Comissão de Serviços Públicos de Ener­gia (CSPE) para ser um canal de fiscalização e controle da socie­dade para os serviços de gás ca­nalizado e energia elétrica, ela foi transformada 10 anos depois em Arsesp e passou a incluir também o setor de sane­amento.
Fazem parte do conselho traba­lhadores gasistas que conhecem mais do que ninguém o funcio­namento do setor energético e contribuem com debates como o estabelecimento das tarifas, a tarifa social e o cumprimento pelas empresas das obrigações previstas nos contratos de con­cessão.
Mas, como habitualmente acon­tece com governos que não pre­zam pela democracia, o conse­lho que era deliberativo (tinha papel de determinar ações), em 2007, passou a ser consultivo.
Desde então, passou a perder autonomia e transparência e, com o PL de Doria, as questões financeiras e administrativas serão revisadas pela administração direta do governo. Perde­rão, portanto, o papel de agên­cias reguladoras.
Além disso, o projeto prevê a extinção da Empresa Metropo­litana de Transportes Urbanos (EMTU) e do Departamento Ae­roviários do Estado de São Pau­lo (Daesp), e o encaminhamen­to de suas atribuições à Arsesp, algo que deve diminuir conside­ravelmente a qualidade do ser­viço prestado à população.
Reação
Diante da ação, que pode afetar diretamente a qualidade dos serviços de energia e saneamen­to oferecidos à população, inclu­sive com a elevação do preço das tarifas sem critérios claros, o Sinergia Gasista encaminhou uma carta à deputada estadual Marcia Lia (PT).
A parlamentar é vice-coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa do Setor de Energia, Bar­ragens, Saneamento Básico e Recursos Hídricos e irá apresentar emendas para que a Arsesp não perca seu papel de agência reguladora com efetiva partici­pação da sociedade.
Para a presidenta do sindicato, Deise Capelozza, com a medida, o governador tucano se alinha ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua jornada de ataques à democracia.
“Apesar de se mostrarem como adversários, o que vemos são enormes compatibilidades no aspecto político em ataques a todas as instâncias que preveem qualquer controle social ou fiscalização dos serviços que são financiados pela população brasileira. Ambos passam bem longe da democracia”, critica.
Na carta, as entidades sindicais apontam que o PL acaba “por colocar em risco a prestação de serviços essenciais à socieda­de” e ressalta ser “fundamen­tal reforçar a necessidade de se constituir órgão de regulação/fiscalização capaz de dialogar de maneira isonômica com a socie­dade e com as empresas, consi­derando inclusive a caracterís­tica monopolista dos setores de energia elétrica e do gás canali­zado”.
Para os trabalhadores, é primor­dial que a Arsesp “atue sempre no melhor interesse da socieda­de para a garantia da universa­lização dos serviços que são es­senciais à manutenção da vida, também a proteção ao emprego e foco especial na segurança da operação.”
Assinam a carta, além do Si­nergia Gasista, Sinergia CUT, Sinergia Campinas, Sinergia Prudente, Sinergia São José do Rio Preto, Sinergia Mococa, Si­nergia Araraquara e Sinergia Sindergel.
Escrito por: Redação – Sinergia Gasista