Pandemia e saúde

87% dos enfermeiros apresentam sintomas de esgotamento, aponta estudo

Pesquisa sobre o impacto da pandemia na saúde mental dos profissionais mostra também que 80% dos enfermeiros estão em contato com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 no trabalho

Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde

Redação CUT

A pandemia do novo coronavírus afeta psicologicamente os profissionais de enfermagem do estado de São Paulo e causa esgotamento profissional.  
Estas são algumas das conclusões do estudo realizado pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) e pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), que pesquisou o trabalho estressante da categoria no combate a pandemia do novo coronavírus no contexto do Setembro Amarelo, campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) para prevenir o suicídio.
De acordo com a pesquisa, 87% dos trabalhadores e trabalhadoras entrevistados afirmaram ter sintomas da Síndrome de Burnout, distúrbio emocional que causa exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de trabalho desgastante.
O estudo “O Impacto da Pandemia Covid-19 na Saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem do Estado de São Paulo” divulgados nesta sexta-feira (18) contou com a participação de 13.587 profissionais de enfermagem de todo o estado.
Desse total, 86% afirmam que não estão realizando tratamento psicológico, 73% têm tido insônia e 70,6% têm sentido mais vontade de chorar. E mais de 55% disseram ter ansiedade leve, moderada ou severa.
Além disso, 80% dos entrevistados estão em contato com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 no trabalho, 93% têm medo de transmitir a Covid-19 para as pessoas que amam, 55% têm manifestado reações como suor intenso, taquicardia, tremores, náuseas e agitação, 67,3% tiveram aumento de apetite e apenas 14% estão realizando tratamento psicológico atualmente.
Segundo as considerações do estudo, é recomendado que as instituições de saúde ofereçam espaços de discussão, escuta e acolhimento, de forma a favorecer a saúde mental dos profissionais e consequentemente a qualidade e a segurança da assistência prestada à população.
“Os índices de comportamento relacionados à insônia, à vontade de chorar e à variação de apetite podem estar relacionados à extensa jornada de trabalho, ao medo de contaminação e ao consequente afastamento do trabalho”, diz trecho do estudo.
“Consideramos que a pesquisa é um instrumento que pode nortear a mobilização do Coren-SP em prol de melhorias de condições de trabalho e que refuta a importância de um correto dimensionamento de profissional, como é preconizado. Ela também pode alertar as autoridades sobre a saúde mental da enfermagem, reivindicando criação de fluxos de atendimento e melhores condições de trabalho”, avalia Cláudio Silveira, presidente em exercício do Coren-SP, no site da entidade.
Escrito por: Redação CUT