Sinergia CUT debate a política energética e o futuro do trabalho

Seminário virtual aconteceu durante toda quinta-feira (24), através da plataforma zoom e contou com a presença de especialistas e pesquisadores

Fotos: Roberto Claro

Débora Piloni

Seminário virtual aconteceu durante toda quinta-feira (24), através da plataforma zoom e contou com a presença de especialistas e pesquisadores
Um debate conceituado, com a participação de pesquisadores, especialistas e estudiosos da USP, UFBA, do MAB, da CNU e da CUT, ocorreu toda esta quinta-feira, 24 de setembro, no Seminário sobre “Política Energética, desenvolvimento e futuro do trabalho”, promovido pelo Sinergia CUT. Virtual, através da plataforma Zoom, o evento começou às 10h e seguiu até as 17h e envolveu dirigentes e representantes sindicais e também trabalhadores do setor.
“Esse encontro acontece num momento em que a classe trabalhadora tem que criar alternativas e fazer reflexões para enfrentar essa crise. Queremos acumular reflexão sobre organização sindical para nosso ramo energético e contribuir nos debates eleitorais que ocorrerão em novembro próximo”, destacou Carlos Alberto Alves, presidente do Sinergia CUT ao abrir o evento.
A primeira mesa de debate teve como tema exatamente o nome do evento: “Política Energética, desenvolvimento e futuro do trabalho” e contou com a presença de Gilberto Cervinsky, integrante do  MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), o professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA) José Sérgio Gabrielli, além do professor da Usp e especialista em Sociologia do Trabalho Ruy Braga.

Gilberto Cervinsky, do MAB – Foto: Roberto Claro


Abrindo a discussão, Gilberto Cervinsky, do MAB, expôs o setor energético com uma visão de uma cadeia industrial. Segundo ele, há uma crise econômica instalada no Brasil e no mundo desde 2008, muito complexa, muito antes da pandemia do coronavírus. E, desde então, a burguesia intensifica a luta contra a classe trabalhadora para recuperar suas taxas de lucro e tbem faz a luta entre a própria burguesia visando transformar em mercadoria o que ainda não é. “E na pandemia, essa crise só agravou. Nunca na história teve uma crise tão profunda, com grau de endividamento tão dramático, com juros tão negativos. E o setor elétrico também é atingido com tudo isso”, disse.
Cervinsky lembrou que nessa crise atual houve um queda de consumo de energia, além da inadimplência. E a política do governo federal vem provocando o endividamento das pessoas mais pobres, por meio das contas de energia. Para ele, toda essa situação caminha para três contradições que não se resolvem por si mesmas:
“O preço da luz é um roubo em nosso país! Temos o menor custo de produção do mundo, uma grande matriz hidráulica, um setor elétrico altamente produtivo e o povo brasileiro paga uma das contas mais altas do mundo! E se já é alta, vai ser mais alta ainda! E isso acontece num momento em que as pessoas estão perdendo o seu salário e o seu trabalho!”, lamentou o palestrante.
Segundo ele, o outro dilema é que a energia tem relação com a política de industrialização e isso travaria qualquer tentativa de crescimento. “E a terceira contradição é que o setor energético do Brasil é controlado por 15 grupos que se resumem em donos bancos. Ou seja: o capital comanda a energia e o objetivo do capitalismo é lucro sobre lucro”, finalizou.
Para Cervinsky, um país que não controla o setor elétrico não cresce, não desenvolve. Ele conclui: “a saída que temos é a unidade para derrotar o neofascismo e recolocar o debate de mudança de modelo política energética.”

José Sérgio Gabrielli, professor aposentado da UFBA – Foto: Roberto Claro


O segundo a falar nesta primeira etapa de debates foi o professor aposentado da UFBA, José Sérgio Gabrielli. Considerando as condições atuais do setor, ele pontuou a real situação do país e a necessidade de inclusão energética.
“Tivemos um desmonte do controle produtivo sobre a questão de eletricidade, em que as questões de tarifa vão se agravar. A capacidade da expansão da energia hidroelétrica está limitada”, observou. E tudo isso acontecendo em um mundo que caminha para a eletrificação. Ou seja, a eletricidade tende a ser, no futuro, ainda mais e mais utilizada.
De acordo com o professor, é preciso ter e alternativas de novas fontes como eólica e solar. ”Temos milhares de pessoas no Brasil com precárias condições elétricas. Inclusão energética é um dos elementos fundamentais para qualquer governo”, disse.
Gabrielli afirma que o atual governo não tem tratado do problema da eletrificação muito menos da inclusão. “Vamos ter que derrubar o governo, redefinir a política energética e fazer a inclusão energética de classe. Isso depende da luta de classe!”, termina.
O terceiro e último palestrante da manhã foi o Professor e Especialista em Sociologia do Trabalho da USP, Ruy Braga.
“Qdo se fala no futuro do trabalho, associa-se à tecnologia”. Assim começou a sua fala. E prosseguiu sobre a questão da informalidade e da precariedade que a “reconfiguração” do trabalho proporcionou aos trabalhadores.

Ruy Braga, professor e Especialista em Sociologia do Trabalho da USP – Foto: Roberto Claro


E dentre muitos ricos detalhes, o sociólogo citou três “plataformas do trabalho” que sinalizam o mundo atual, com o aumento da informalidade, principalmente na pandemia:
1) Plataformas que recrutam pessoas que realizam micro tarefas e que ganham por bytecoin.
2) Plataforma de freelancer: é o subemprego, em que pessoas se submetem a esse tipo de trabalho, sem direitos garantidos
3) Plataforma territorializada: são os chamados “trabalho por Aplicativos”, distribuição de mercadorias. O que se verifica é uma luta de fronteiras, que podemos chamar de luta de classe sem classe, é que vai definir a luta de classe do futuro do trabalho.
Ele concluiu dizendo que é preciso a junção de forças para lutar contra essa precarização e apostar na proteção do trabalhador para diminuir a desigualdade e consequentemente gerar empregos.
No período da tarde, a partir das 14h30, a discussão teve como tema “Desafios e Estratégias da Classe Trabalhadora” e contou com a participação de Fabíola Antezana, integrante da Plataforma Energia; Paulo de Tarso, presidente da CNU e de Daniel Gaio, secretário de Meio Ambiente da CUT.

A saída da crise é coletiva! O Sindicato é seu parceiro nessa luta!

 
Por Débora Piloni