Apagão na gestão

Governo federal sabia de risco de apagão no Amapá há 2 anos, diz jornal

Documentos revelam que subestação atingida em Macapá operava no limite da capacidade e sem condições de religar imediatamente a rede se dependesse de um transformador sobressalente, de acordo com o Valor Econômico

Divulgação MME

Redação CUT

O governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) sabia há quase dois anos que havia risco de apagão no Amapá, que está sem energia desde o dia 3. A informação é do jornalista Rafael Bitencourt, do Valor Econômico.

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De acordo com a reportagem, documentos do Ministério de Minas e Energia, do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicam que a subestação atingida, a SE Macapá, operava no limite da capacidade, há cerca de dois anos.

Segundo a matéria, foi comunicado há 11 meses aos órgãos do setor elétrico – responsáveis por planejar, dar os comandos de operação e fiscalizar o sistema de abastecimento do país – que a empresa não tinha condições de religar imediatamente a rede se dependesse de um transformador sobressalente, de “backup”, com indisponibilidade.

Um dos documentos, ao qual o Valor teve acesso, segundo o repórter, mostra que um dos problemas com a segurança da linha pode ter ocorrido ainda na concepção do projeto. ‘Em 2004, antes da contratação do grupo espanhol Isolux, quando arrematou o projeto em leilão, o Comitê Técnico de Expansão da Transmissão do MME já indicava a necessidade de a SE Macapá ter “três transformadores trifásicos de 230/69/13,8 kV-150 MVA e uma unidade reserva”’.

A subestação precisava de quatro grandes transformadores – três deles deveriam operar em conjunto para que não houvesse sobrecarga, e o quarto, de backup -, segundo estudos preliminares. O documento do ministério tratava de estudos da Interligação Tucuruí-Macapá-Manaus, diz a matéria.

A reportagem diz ainda que o projeto foi contratado no leilão da Aneel, em 2008. O edital exigiu apenas que a subestação reservasse “espaço” para abrigar quatro transformadores, mas só três deveriam ser adquiridos para “instalação imediata”.

E mais, na época do leilão, a Isolux ainda tinha boa reputação no setor de transmissão. Depois, o grupo foi atingido em cheio pela crise na Espanha e a matriz entrou em recuperação judicial, o que afetou os negócios no Brasil.

A reportagem segue afirmando que, em junho de 2018, o ONS, em apresentação relacionada ao Plano de Ação 2018-2020, apontou como “ação não concluída” a alteração do projeto licitado. O objetivo era abrir caminho para a instalação do quarto transformador. No documento, o órgão reconhece, portanto, que essa  era de fato uma necessidade da rede local.

Além da vulnerabilidade da rede de transmissão, o Amapá passaria a contar com outra limitação de backup. Neste caso, o suporte viria da geração suplementar de energia. Em 2019, a Aneel autorizou o desligamento de uma usina termelétrica da Eletronorte, UTE Santana, que atendia o Amapá.

Confira aqui a reportagem completa.

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Escrito por: Redação CUT