Esteliano Gomes Neto coordena o Departamento de Energia da entidade nacional que reúne sindicalistas da CUT e da Força Sindical, iniciativa inédita para garantir a reindustrialização, a geração de emprego e renda e a qualidade de vida dos brasileiros
“A principal pauta da classe trabalhadora hoje é a reindustrialização do país. Sem uma indústria forte, nenhuma nação consegue se desenvolver, gerar empregos de qualidade e dar um padrão de vida decente ao seu povo”. Mais: “O Brasil tem multinacionais que não têm interesse em produzir aqui. Quem tem interesse de reindustrializar o Brasil é a classe trabalhadora, por isso, nós só vamos reindustrializar esse país se for através da luta dos trabalhadores”.
Essa á a opinião do presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, ao apontar a importância da criação da IndustriAll-Brasil, organização nacional que reúne entidades da CUT e da Força Sindical, e que foi lançada nesta terça-feira (17), em solenidade virtual, com o objetivo de articular propostas e processos de fomento à criação de políticas industriais e do trabalho por meio de seus entes filiados que representam os trabalhadores e trabalhadoras nos ramos da indústria em todo o Brasil.
Inspirada no modelo da IndustriAll-Global Union, entidade que representa 50 milhões de trabalhadores em mais de 140 países, e à qual CUT e a Força são filiadas, a IndustriAll-Brasil foi fundada para fomentar e criar propostas e projetos de políticas para reindustrializar o país à luz das demandas da classe trabalhadora.
E, pela primeira vez na história do movimento sindical, as duas maiores centrais sindicais brasileiras vão compor uma associação com uma pauta única que é a de recuperar, modernizar e expandir o setor da indústria junto com a classe trabalhadora. Além dos dirigentes de cada ramo da indústria, os presidentes nacionais da CUT e da Força terão acento na Direção Executiva da InfustriALL-Brasil. Juntas, as duas centrais somam 5,7 mil sindicatos e entes associados, com 37,8 milhões de trabalhadores na base.
Representação de 10 milhões de trabalhadores
A nova direção, que também tomou posse hoje, durante o lançamento virtual, é formada por dirigentes sindicais do ramo da indústria – reunindo metalúrgicos, químicos, energéticos, têxteis, trabalhadores da alimentação e da construção civil – filiados às duas centrais e que representam 10 milhões de trabalhadores em todo o Brasil.
O consenso entre todos e todas foi também a necessidade de resistência diante dos ataques de Bolsonaro (ex-PSL), que aposta na desindustrialização e na privatização de estatais estratégicas para o desenvolvimento nacional, além de boicotar a ciência no combate ao novo coronavírus e usar a pandemia para atacar a democracia e a soberania nacionais, criminalizar o movimento sindical e destruir o patrimônio brasileiro, sem nenhuma proposta para combater a inflação ou gerar emprego e renda para a os milhões de desempregados brasileiros.
Momento histórico e de grandes desafios nacionais
É nesse cenário difícil que a IndustriAll-Brasil tem o desafio de se transformar em uma nova iniciativa de organização da classe trabalhadora brasileira com estratégias de ações fraternas e solidárias para garantir investimentos na indústria e nas políticas públicas, lutar por igualdade de direitos, gerar emprego decente e assegurar pleno emprego com distribuição de renda.
“Hoje estamos fazendo história”, resumiu Aroaldo de Oliveira da Silva, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade filiada à CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) que assumiu como o primeiro presidente da IndustriAll Brasil, durante a solenidade de posse virtual.
Depois de apresentar números do desmonte econômico que o país atravessa, com recorde negativo de investimentos na indústria, o metalúrgico apresentou a nova direção da IndustriAll-Brasil, formada por sindicalistas de todo o setor indústria representado pela CUT e pela Força, para o mandato 2020-2022 .
Esteliano Gomes Neto, dirigente do Sinergia CUT, entidade fundadora da IndustriAll-Brasil, assume a coordenação do Departamento de Energia da nova entidade nacional nesse momento histórico. “Vamos ao desafio de reinventar os sindicatos para fortalecer a luta estratégica que é também a de pressionar investimentos na indústria nacional, para dar um salto de qualidade na industrialização brasileira, priorizando ainda o combate contra a privatização das empresas estatais, que são patrimônio público, como a Eletrobras e a Petrobras, que prestam serviços estratégicos e essenciais à soberania nacional”, afirma o dirigente.
Para ele, “o IndustriAll-Brasil veio em um momento inédito, de união das duas maiores centrais sindicais brasileiras, para pensar a reindustrialização, a nova indústria, um Brasil com tecnologia, trabalho, renda, desenvolvimento econômico e social sob a ótica dos trabalhadores. Por isso, as entidades sindicais, na data de hoje, ganham essa importante ferramenta para nortear a classe trabalhadora frente aos desafios de retiradas de direitos, da Industria 4.0 e da atual crise sanitária e econômica que assola o Brasil”.
Por Lílian Parise