Prefeitura omitiu o aumento de casos de Covid-19 na cidade de São Paulo

Sindicato dos Médicos de São Paulo

Rottonara por Pixabay

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Há duas semanas já era percebido pelos médicos um aumento no número de internações por Covid-19 nos serviços públicos de saúde da rede municipal de São Paulo, o que era negado pelo prefeito Bruno Covas. Apenas após o dia 15 de novembro, quando ocorreu o primeiro turno das eleições, que foram divulgados pela prefeitura dados sobre a doença por meio de relatório da vigilância epidemiológica do município, que apontava o aumento de casos desde outubro. De acordo com Juliana Salles, diretora do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), essa demora de mais de 15 dias para serem compartilhada a situação real com a sociedade representa um atraso na informação de forma inconsequente e deliberada, impactando negativamente nas adequadas que deveriam ser tomadas neste período

O relatório apontava o aumento do número de casos de Covid-19 e reforçava a necessidade de coleta de testes para todos os pacientes sintomáticos, leves ou não, para que houvesse isolamento dessas pessoas e atestado médico para que elas pudessem se afastar de seus trabalhos e familiares durante o período de possível transmissão. “Há uma falta de compromisso dos governos municipal, estadual e federal com a realização dos testes para os pacientes sintomáticos e realização de adequado isolamento desses e de seus contactantes. Só isso poderia alterar a cadeia de transmissão do vírus”, diz Juliana.

A diretora do Simesp reforça a gravidade da situação: “Infelizmente nós, profissionais da saúde da linha de frente, estamos esgotados e a falta de perspectivas de políticas públicas, não apenas em relação à testagem, mas também as garantias de sobrevida da população com alimentos cada vez mais caros e inflacionados e sem segurança com relação à renda e emprego.”

Estoque de testes a vencer

De acordo com reportagem do jornal O Estado de São Paulo, São Paulo tem 220 mil testes de Covid-19 estocados que vencem em dezembro. Já o governo federal, estoca em Guarulhos 7,1 milhões de exames que não foram enviados para a utilização do Sistema Único de Saúde e estão para vencer nos próximos meses. Vale ressaltar que esse estoque é superior aos 5 milhões de exames realizados até agora no serviço público. “Se estamos fazendo muito menos testes do que a maioria dos países e tem esses testes para vencer, é um carimbo de completo descaso do governo Bolsonaro, Doria e Covas, com a importância da doença e o descaso com as medidas públicas necessárias para interromper a epidemia no país”, finaliza Juliana.