21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Por que ainda somos vítimas?

Debate promovido pelo Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT aconteceu na quinta-feira (03), através da plataforma Zoom

Débora Piloni

Debate promovido pelo Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT aconteceu nesta quinta-feira (03), através da plataforma Zoom

Por que ainda somos vítimas? Com esse tema, o Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT promoveu na manhã desta quinta-feira (03), um debate virtual entre dirigentes e trabalhadoras do Sindicato com a Advogada Mércia Teodoro, que é Especialista em Direito Penal e Criminologia e Ativista Feminina e dos Direitos Humanos.

O encontro fez parte da programação dos “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”. No Brasil, a campanha acontece desde 2003 e tem início sempre em 20 de novembro, quando se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, e término em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Assim, aqui a campanha cumpre o papel de destacar a discriminação sofrida pelas mulheres na questão de gênero e raça.

Já no foco mundial, essa Campanha iniciou em 1991 com “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”. Desde o início, o objetivo é promover debates, denunciar, prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas em todo o mundo. Atualmente, acontece em 159 países, segundo a advogada Mércia Teodoro.

A reunião foi aberta por Rosana Gazzolla Fávaro, coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT, fazendo um chamamento para a importância dessa temática que tem que estar sempre em debate. Ela passou a palavra para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP Márcia Viana, que aproveitou a ocasião para parabenizar a iniciativa do Coletivo do Sinergia CUT em trabalhar sobre um assunto tão importante, polêmico e tristemente tão atual.

Por que ainda somos vítimas?

Advogada Mércia Teodoro

A palestrante do dia, a advogada Mércia Teodoro, iniciou sua explanação contextualizando as mulheres no cenário da sociedade brasileira desde à época da escravidão.  “Para compreender a questão da violência, que decorre da dominação do poder desde os primórdios, é bom entender que ela é incentivada pelos seguintes pontos principais: patriarcado, machismo, sexismo, violência de gênero, violência contra a mulher e misoginia”, explicou.

Assim, desde há muito tempo, as mulheres acabam sofrendo e, muitas vezes caladas, vários tipos de violência: física, psicológica, moral, patrimonial (quando não se permite a ela o trabalho, oculta-se bens, controla o dinheiro, entre outros exemplos) e até a violência simbólica, que traz graves prejuízos pois infiltra na mente conceitos equivocados. Além de tudo isso, ainda há o ato mais extremo de violência contra a mulher e que, atualmente, os números em todo país são alarmantes: o feminicídio.

Para lutar contra cada um desses tipos de violência sofridos principalmente pela mulher, o Brasil desenvolveu  leis como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio.

“A nossa legislação é boa e fez avançar a luta contra a violência. Mesmo assim, ainda vemos comportamentos machistas e patriarcais em toda a sociedade. Por que ainda somos vítimas? Porque a mulher ainda é culpabilizada. Ela é questionada pela roupa que usa, pela profissão que escolhe. Por isso é tão importante falar desse assunto todos os dias em todas as esferas”, afirmou a advogada.

Segundo Mércia, apesar da existência das leis, muito do entrave para a mudança do cenário está na forma de como a sociedade vê e reage diante delas. “ Quem são as pessoas que aplicam as leis aqui? Normalmente, os homens e, ainda brancos, que querem se manter no poder. Temos que trazer mais representatividade e mudar as estruturas e fazer as legislações serem aplicadas”, concluiu.

Ela terminou sua explanação com uma reflexão sobre a canção Maria da Vila Matilde, de Elza Soares…

Escute clicando aqui:

Elza Soares – Maria da Vila Matilde (Áudio Oficial) – YouTube

A saída da crise é coletiva. O Sindicato é seu parceiro nessa luta!

Por Débora Piloni

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