IMUNIZAÇÃO

Governo Bolsonaro apresenta plano de vacinação, mas sem data para iniciar

Projeto do governo federal foi entregue após determinação do STF. Especialistas pedem um planejamento mais detalhado

Fátima Bezerra/Twitter

Redação RBA

Projeto do governo federal foi entregue após determinação do STF. Especialistas pedem um planejamento mais detalhado

Fátima Bezerra/Twitter Sem data para começar, o projeto prevê iniciar a imunização em até cinco dias após o registro ou autorização das doses pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária 0 4

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apresentaram, nesta quarta-feira (16), o plano nacional de vacinação contra a covid-19, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Sem data para começar, o projeto prevê iniciar a imunização em até cinco dias após o registro ou autorização das doses pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a entrega dos primeiros lotes.

O projeto do governo federal diz que a vacinação no Brasil deve ser concluída em 16 meses e a distribuição não será feita diretamente à população, mas aos estados, que serão responsáveis pelo trabalho. Nos quatro primeiros meses, as doses serão destinadas para vacinar todos os grupos prioritários e, em seguida, serão 12 meses para imunizar o restante da população.

O plano de vacinação diz que a primeira fase da distribuição vai contemplar trabalhadores de saúde, idosos com mais de 75 anos, indígenas e pessoas de 60 anos ou mais que estejam em abrigos ou asilos.

A segunda fase será destinada às pessoas de 60 a 74 anos que não estejam em instituições de longa permanência. A terceira fase da vacinação será para pessoas com comorbidades e, na quarta posição da fila de prioridade, os professores, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional.

‘Projeto vazio’

O plano foi enviado pela Advocacia Geral da União (AGU) ao STF e diz que o Brasil “garantiu” 300 milhões de doses de vacinas por meio de três acordos. Um com a Fiocruz/Astrazeneca, que fabricará 100,4 milhões de doses até julho de 2021. Outro acordo é com a Covax Facility, que garantirá 42,5 milhões de doses. Além da compra de 70 milhões de doses da Pfizer.

Conforme o projeto, a capacidade de produção, por meio de acordo bilateral de transferência de tecnologia com AstraZeneca/Oxford, por intermédio da Fiocruz, será de 160 milhões de doses, previstas para o segundo semestre de 2021.

Entretanto, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) enviou uma carta ao STF, ainda nesta terça-feira (15), afirmando que o Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19 apresentado pelo Ministério da Saúde reflete apenas “medidas parciais” e “equivocadas”, e que é urgente a pasta apresentar um plano completo e “verdadeiro”.

A organização formada por profissionais da saúde afirma que há vacinas desconsideradas pelo governo federal, como a Coronavac, desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Eles ainda criticam a falta de transparência do Ministério da Saúde com a entidade. “A Abrasco enfatiza que a participação dos especialistas por ela indicados na construção do ‘plano’ foi esporádica, pouco sistemática e variável segundo a convocação de cada segmento e da participação de cada colaborador”, diz.

“Pra que a ansiedade?”, questionou o ministro Pazuello sobre os prazos e minimizou as criticas, durante a coletiva do governo federal, nesta quarta. “A logística é simples, e ainda temos a Força Aérea Brasileira. O cronograma de distribuição depende só do registro. Não há nada de errado sobre o que está acontecendo, estamos no caminho certo”, acrescentou.