Na pior semana da Covid-19 no Brasil, estimativa é de 3 mil mortes nos próximos dias

Recordes de mortes e colapso na saúde leva governadores a pressionar Bolsonaro por “imediata adoção de providências” e cobrar mais vacinas. Nas últimas 24 horas, o país registrou 1.786 mortes pela Covid-19

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Walber Pinto, da CUT

Escrito por: Walber Pinto 

Na semana mais letal da Covid-19 no Brasil, com média diária de mortes de aproximando de 2 mil, o país segue isolado como o que menos controla a pandemia do novo coronavírus e pode se tornar o que mais sofreu com a maior crise sanitária do século. Com os sucessivos recordes nos números de vidas perdidas e de pessoas contaminadas, o Ministério da Saúde chegou a estimar que o país pode registrar 3 mil mortes diárias nas próximas semanas.

Esse alerta já havia sido feito pelo médico e neurocientista Miguel Nicolelis, que afirmou esta semana que o Brasil pode viver a pior catástrofe humanitária do século 21 se nenhuma medida drástica de isolamento social for tomada. Ele defendeu um lockdown em todo o país por 21 dias, com pagamento de auxílio para que as pessoas fiquem em casa para evitar uma tragédia.

Em apenas 24 horas, entre quarta e quinta-feira (4), o Brasil registrou 1.786 mortes por Covid-19, totalizando 261.188 idas perdidas para o vírus desde o começo da crise.

A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.361, e ainda em alta. A variação foi de 30% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.

Há 43 dias seguidos o país registra média móvel de mortes acima de mil, 7 dias acima de 1,1 mil, e pelo quinto dia a marca aparece acima de 1,2 mil. Foram seis recordes seguidos de sábado até aqui.

O resultado disso é que várias capitais brasileiras estão à beira do colapso na rede pública e privada de saúde. Até esta quinta-feira (4), oito estados estavam com a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) acima de 90%. Dois com 100% dos leitos ocupados. Outros sete estados e o Distrito Federal estavam com ocupação acima de 80%.

Os motivos que levaram o Brasil a esse drama são inúmeros. Desde o começo da crise sanitária, governadores e prefeitos se levantam contra o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) que insiste em menosprezar a pandemia de Covid-19 e as vítimas da doença, além das pessoas que ignoraram os alertas e se aglomeraram no  fim do ano e no Carnaval. Tudo isso contribuiu para aumentar a circulação de novas variantes do vírus, mais agressivas e altamente contagiosas. E para piorar, o país não tem comando nacional de combate a Covid-19 nem gestão eficiente para comprar vacinas que estão em falta em várias cidades.  

Com filas de espera por um leito de UTI se reproduzindo nos estado, o governo federal não fez o dever de casa, não planejou as compras de vacinas, de insumos, iludiu a população com tratamento ineficaz, sabotou medidas de proteção à vida, demitiu ministros da área da saúde e colocou um general – Eduardo Pazuello – que está sendo investigado por omissão no colapso de Manaus .

Nesta quinta-feira (4), 14 governadores enviaram carta a Jair Bolsonaro cobrando a “imediata adoção de providências necessárias” para viabilizar a compra de vacinas contra a Covid-19.

Os governadores afirmam que os estados estão envidando todos os esforços para enfrentar o aumento de casos e mortes relacionadas ao novo coronavírus e que estão “no limite de suas forças e possibilidades”.

 “Se não tivermos pressa, o futuro não nos julgará com benevolência. Por isso, pedimos ao governo federal, especialmente por meio dos Ministérios da Saúde e das Relações Exteriores, esforço ainda maior para obter, em curto prazo, número consideravelmente superior de doses. Caso seja possível, sugerimos também o requerimento de apoio e intermediação da Organização Mundial da Saúde”, diz a carta.

Os governadores observam, também, que o percentual de vacinas aplicado no Brasil ainda é muito baixo, assim como a expectativa de imunizar todos os grupos prioritários, e dizem que os exemplos de países bem-sucedidos neste momento recomendam um esforço político e diplomático liderado pelo governo brasileiro no plano das relações internacionais para garantir novos carregamentos de vacinas.

Estados em alerta

As atenções se voltam para o estado do Rio Grande do Sul onde, por exemplo, a ocupação de leitos de UTI tem estado próximo ou acima de 100% durante toda a semana.

Já na região Norte, embora o número de casos seja menor, há preocupações quanto à pouca disponibilidade de leitos. Os alertas também já dispararam aos estados de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Até agora, pelo menos 18 países suspenderam voos ou impuseram aos passageiros vindos do com medo da propagação do novo coronavírus e de mutações brasileiras mais perigosas.

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