5ª Reunião de Direção Executiva do Sinergia CUT: grandes desafios do período

A reunião levou o nome de “Edi Carlos Miranda de Lima”, homenagem ao dirigente do Sinergia Campinas e do Sinergia CUT, que faleceu em 04 de maio, aos 42 anos, vítima da Covid-19. Companheiro Edi Carlos, presente!

Arte: Nice Bulhões

Débora Piloni

A reunião levou o nome de “Edi Carlos Miranda de Lima”, homenagem ao dirigente do Sinergia Campinas e do Sinergia CUT, que faleceu em 04 de maio, aos 42 anos, vítima da Covid-19. Companheiro Edi Carlos, presente!

Dirigentes do Sinergia CUT participaram na manhã desta sexta-feira (11) da abertura e início dos debates da 5ª Reunião de Direção Executiva do Sinergia CUT. Em tempos de pandemia da Covid-19, isolamento social e visando a proteção de todos os dirigentes sindicais e participantes envolvidos, o encontro, que transcorre até o final desta tarde, acontece de forma remota, através da plataforma Zoom.

Ao abrir a reunião, o presidente do Sinergia CUT Carlos Alberto Alves, propôs um minuto de silêncio em homenagem aos quase 500 mil mortos pela Covid-19 no país. Na sequência, desafiou: “Estamos reunidos com uma missão de debater a nossa realidade diante da atual conjuntura política e social e da crise sanitária pela qual passamos. Também temos a árdua batalha contra a privatização da Eletrobras. Temos que traçar estratégias para darmos continuidade a nossa luta. Afinal, isso é o que nos traz energia para ousar e é o que nos aponta a esperança!”

O tema de discussão principal da manhã foi o “Mais desafios na Conjuntura: o que fazer?”, assunto exposto pelo vice-presidente da CUT, Vagner Freitas.

Vagner Freitas, vice-presidente nacional da CUT

Logo de início, o sindicalista se solidarizou às famílias do Sinergia CUT e de todas as que perderam vidas nessa grave crise sanitária que assola o país. “É a primeira vez que vivo um enfrentamento com alguém no poder que não tem a menor compaixão com a vida das pessoas. Essa frieza é uma violência. Esse flerte com a violência se mostra através da aproximação com milicianos, da bala de borracha nas manifestações populares pacíficas e em tantas outras graves e lamentáveis formas, como na homofobia e na defesa da morte nessa pandemia”, afirma.

Freitas realizou uma explanação histórica ao lembrar da elaboração da Constituição de 1988, que trouxe ao povo brasileiro a permissão da expressão pública e a livre manifestação popular. “Essa Constituição não resolveu todos os nossos conflitos, nem mesmo a misoginia, por exemplo, mas avançou muito. E, infelizmente, Bolsonaro é o retrocesso de tudo isso. Ele e o seu governo é o resultado da mentira da Lava Jato, que trouxe grandes prejuízos, como empresas quebradas, empregos tirados, atrasos incomparáveis à sociedade”, lamentou.

O sindicalista lembrou do golpe de 2016, que levou à destituição da presidenta Dilma Rousseff e que se deu no Congresso com apoio das mídias. O principal objetivo do golpe era o enquadramento do Brasil na agenda neoliberal. E os encabeçadores desse golpe traçaram estratégias, usaram a Lava Jato que, sob o argumento de acabar com a corrupção, feriu a Constituição e atingiu o Estado Democrático de Direito.

“O foco dessa política era a criminalização do PT e, para isso, às vésperas das eleições de 2018, utilizaram fake News e delações sem provas, em profundo desrespeito ao direito de defesa”, afirmou.

E assim, como efeito de tudo isso surge Bolsonaro, que se mostra ao “povo” como militar, que viria para trazer a ordem e “acabar com a corrução no Brasil”.  O golpe de 2016 culminou na eleição de Bolsonaro. Direitos históricos conquistados para o povo foram perdidos. “E agora, as consequências são maiores: pandemia ainda sem controle pelo negacionismo, inflação em alta e o desemprego batendo recordes. Temos que mudar o rumo dessa história! E, como sempre, seguiremos pelos caminhos da resistência popular e democrática”, desafia. Vagner Freitas.

Retomada do processo democrático no Brasil!

Fora Bolsonaro!  Esse é o caminho, segundo o sindicalista, para um recomeço digno para o povo brasileiro: o fim do governo Bolsonaro! “É a aceitação do Supremo Tribunal Federal (STF) das denúncias que apresentamos. Pleiteamos a anulação da eleição e realização de outro pleito”, explicou.

Lula inocente! Lula Presidente! E essa é, de acordo com Freitas, a esperança de volta. “Lula é o líder que o Brasil precisa, que tem demonstrado sua enorme grandeza, que quer governar para a transformação e para desfazer as atrocidades cometidas por Bolsonaro e por Temer. Rever a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e rever privatizações. É nisso e para isso que estamos trabalhando”, afirmou.

Vagner Freitas também chamou os energéticos para eleger Fernando Haddad ao governo de São Paulo.  “Temos feito todos os esforços no sentido de melhorar o Brasil como um todo. Há uma insatisfação geral e a necessidade urgente de mudança no país. Vamos nos unir, companheiros”!

Dia Nacional de Mobilização: com todos os cuidados necessários, como o distanciamento social, uso de álcool em gel e máscaras, no próximo dia 18, a CUT e demais centrais sindicais farão as mobilizações nos locais de trabalho para dialogar com trabalhadores sobre a realidade do país. E, no dia 19, com os movimentos sociais, vai às ruas pelo ‘fora, Bolsonaro’.

CS 2021: o país vai crescer… mas só para a elite!

Fausto Augusto Jr, diretor técnico do Dieese

O segundo tema de discussão da manhã foi sobre o “Andamento e as estratégias da Campanha Salarial 2021“, levando-se em conta a conjuntura econômica do país.

“Sim, a economia no Brasil está crescendo e irá crescer. Isso é estatístico. Porém, crescimento econômico não quer dizer desenvolvimento social”, afirmou Fausto Augusto Jr, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que trouxe subsídios ao debate dos dirigentes sindicais relacionados aos desafios das rodadas de negociações salariais das empresas energéticas.

Vale ressaltar que, das 31 empresas que iniciaram as negociações desde janeiro de 2021 com o Sinergia CUT, dez já tiveram suas respectivas propostas de Acordo aprovadas pelos trabalhadores e 21 permanecem em negociação. A Eletrobras (Eletronorte e Furnas), não terá negociação neste ano nem para a pauta específica nem para a nacional.

Na avaliação de Fausto, o PIB (Produto Interno Bruto) irá crescer neste ano e a estimativa é de que fique entre 4% e 4,5%.  “Temos um novo processo de crescimento da economia. Porém, não necessariamente isso significa geração de emprego e renda”, avaliou. Isso porque, segundo ele, “com o PIB em crescimento, uma parte do bolo o governo repassa aos empresários, outra usa como bem quer”.

Com relação às negociações salariais, o técnico enfatiza que, as empresas de energia, por exemplo, estão caminhando bem e, desde o início da pandemia, contaram com o auxílio da Conta-Covid. “Portanto, mesmo que as usem o argumento da pandemia e da crise hídrica, há brecha pra se negociar a reposição da inflação, que também está alta”, conclui.

Muita reflexão e debate ainda acontecem na reunião Executiva do Sinergia CUT na tarde desta sexta. Aguarde!

Por Débora Piloni