Violência

Governo Bolsonaro usa foto de homem armado para “homenagear” Dia do Agricultor

Numa afronta aos trabalhadores da agricultura responsáveis por colocar comida na mesa dos brasileiros, Bolsonaro posta em sua rede social foto de um caçador, comprada de site especializado

Edson Rimonatto

Redação CUT

Um dia que deveria ser de homenagens aos trabalhadores e trabalhadoras da agricultura, responsáveis por colocar na mesa dos brasileiros 70% dos alimentos consumidos no país, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), mais uma vez, afronta a dignidade da classe trabalhadora e o respeito à vida.

Para “homenagear” o Dia do Agricultor  comemorado nesta quarta-feira (28), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República publicou uma imagem de um homem armado em sua conta no Twitter.

A foto foi retirada do banco de imagens iStock, que é pago. Neste site, a foto tem a seguinte a descrição: “Silhueta de caçador carregando espingarda no ombro e observando”. Outro site de imagens o Dreamstime também é possíve ver a foto. Compare:

Reprodução

A “fraude” foi descoberta por um internauta que respondeu ao tuíte do governo chamando a atenção apra a fraude.

Em nota a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) criticou a postura do governo Bolsonaro.

Leia a íntegra:

São 15 milhões de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares que contribuem com a soberania e segurança alimentar e nutricional da população, produzindo 70% dos alimentos que chegam diariamente à mesa da população brasileira. São alimentos saudáveis, produzidos de forma sustentável, com mais sabor, potencial nutritivo e preservando os hábitos alimentares locais, o meio ambiente e a cultura local.

Portanto, nesse Dia do(a) Agricultor(a), celebrado em 28 de julho, a melhor homenagem que os agricultores e agricultoras familiares esperam é reconhecimento ao seu importante papel na produção de alimentos e no desenvolvimento do País. Ao invés disso, recebemos do governo federal uma “homenagem” totalmente desrespeitosa, com a imagem de uma pessoa no campo segurando uma espingarda. Exigimos respeito!

A Contag repudia totalmente essa postagem feita nas redes oficiais do governo e, enquanto representante dos agricultores e agricultoras familiares, expressa a sua indignação. Ao mesmo tempo, homenageia a todos os homens e mulheres que trabalham debaixo de chuva e de sol, no frio e no calor, de domingo a domingo, com pandemia e sem pandemia, semeando, cultivando e colhendo com amor e dedicação os alimentos que geram vida, saúde, renda e desenvolvimento em todo o País.

Política armamentista

Bolsonaro nunca escondeu seu desejo de armar a população, defende o agronegócio e tenta atacar com a polícia e as Forças Armadas movimentos sociais e de sem-terra, que tomam posse de terras improdutivas que só enriquecem grileiros, que nada produzem.

Em novembro de 2019, Bolsonaro disse que enviaria ao Congresso Nacional um Projeto de Lei de criação da Garantia da Lei da Ordem (GLO) das Forças Armadas, ou uma GLO/Rural, para fazer o que, segundo ele, os governadores não estão fazendo quando a Justiça determina desocupação de uma área.  Atualmente, as missões de GLO só ocorrem por tempo limitado em situações em que a polícia não consegue controlar.

A sua política armamentista, publicou o site G1, fez o Brasil dobrar o número de armas nas mãos de civis. Em 2017, segundo a Polícia Federal, o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) contabilizava 637.972 registros de armas ativos. Ao final de 2020, o núm ero subiu para 1.279.491 – um aumento de mais de 100%. As mortes violentas também subiram. No ano passado 50 mil pessoas perderam a vida de forma violenta, um aumento de 2.291 mortes (5%) a mais em relação a 2019.

Esses são resultados da sua política de armar a população. No ano passado o governo federal  flexibilizou os limites para compra e estoque de armas e cartuchos, subindo de quatro para seis o número máximo de armas de uso permitido para pessoas com Certificado de Registro de Arma de Fogo.

Um outro decreto deu permissão para que caçadores registrados comprem até 60 armas e os atiradores passaram a poder comprar 30 armas, sem necessidade de autorização expressa do Exército. Esta oportunidade fez aumentar  em 43%. Em um ano subiu de 200,1 mil (2019) para 289 mil, em 2020.

* Com informações do G1

Escrito por: Redação CUT