Devo, não nego

Endividamento bate novo recorde em julho e atinge 71,4% das famílias

Inflação, desemprego, informalidade do mercado de trabalho e auxilio de R$ 150 atingem orçamento das famílias que não têm como pagar as contas

Roberto Parizotti (Sapão)

Redação CUT

A disparada da inflação, os recordes nas taxas de desemprego e de informalidade, além da decisão do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) de reduzir para R$ 150 o valor do auxílio emergencial, derrubaram o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras e as famíias brasileiras estão batendo recordes de inadimplência.

Chegou a 71,4% o percentual de famílias brasileiras que relataram ter dívidas no mês de julho chegou. Esse é o maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), iniciada em 2010.

De acordo com os dados divulgados pela CNC nesta quinta-feira (5), a alta é de 1,7 ponto percentual na comparação com junho e de 4 pontos em relação a julho de 2020, o maior aumento anual verificado desde dezembro de 2019.  

As dívidas incluem cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

A principal dívida das famílias é no cartão de crédito (82,7%), o maior nível da série histórica. Na sequência, vêem os carnês de lojas (18%), crédito pessoal (9,8%) e  financiamento da casa própria (9,7%).

Dividas em atraso

As famílias com dívidas ou contas em atraso chegaram a 25,6%, o terceiro aumento seguido. O número é 0,5 ponto percentual acima do nível de junho e 0,7 ponto abaixo do apurado em julho do ano passado.

As famílias que não têm condições de pagar

Já as famílias que disseram não ter condições de pagar suas dívidas em atraso e que vão continuar inadimplentes aumentou de 10,8% para 10,9% de junho para julho. Na comparação anual, houve queda de 1,1 ponto percentual.

Faixas de renda

Na análise por grupos de renda, o endividamento entre as famílias que recebem até dez salários mínimos aumentou de 70,7% para 72,6% entrre junho e julho,  atingindo nova máxima histórica. Em julho de 2020, o indicador dessas famílias estava em 69%.

Já a inadimplência nessa faixa de renda passou de 28,1% para 28,7% e 13,1% do total disseram que vão permanecer com as contas em atraso.

No grupo que recebe mais de dez salários mínimos, o endividamento vem batendo recordes mensais desde fevereiro. O percentual passou de 65,5% em junho para 66,3% julho, ante os 59,1% em julho de 2020. A inadimplência nesse grupo de renda cresceu de 11,9% para 12,1% na passagem mensal e 3,5% afirmaram que não têm condições de colocar as dívidas em dia.

O grupo dos muito endividados teve leve redução, de 14,7% em junho para 14,6% em julho, índice 0,9 ponto percentual abaixo de julho de 2020. Na capacidade de pagamento, a parcela média da renda comprometida entre as famílias endividadas ficou em 30,5%, o maior nível desde 2017, e 21,1% têm mais da metade da renda comprometida com dívidas.

Dívidas

O tempo médio de atraso para quitação das dívidas ficou em 61,9 dias em julho.

Alerta da CNA

A CNA alerta que o cartão de crédito é a modalidade mais difundida, porém é a que oferece o maior custo ao consumidor quando se torna crédito rotativo, com parte do saldo devedor rolada para o mês seguinte.

“Embora o crédito possa funcionar como ferramenta de recomposição da renda e potencializar o consumo, com mais de 71% das famílias endividadas, acendeu-se um alerta para o uso do crédito e o potencial de crescimento da inadimplência à frente. O aumento dos juros em curso no país encarece as dívidas, principalmente na modalidade mais buscada pelos endividados hoje, o cartão de crédito”.

Com informações da Agência Brasil

Escrito por: Redação CUT