Covid-19

Número real de mortes por Covid no Brasil passam de 613 mil, afirma Fiocruz

Segundo a Fiocruz, o número real de mortes em decorrência da Covid-19 no ano passado é 18,2% maior do que o oficialmente registrado e país ainda pode registrar uma nova onda da doença

Alex Pazuello/Semcom

Redação CUT

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou  estudo nesta quinta-feira (26) mostrando que o número real de mortes em decorrência da Covid-19 no ano passado foi 18,2% maior do que o oficialmente registrado.

De acordo com a pesquisa, a doença provocou 230.452 mortes em 2020, não 194.949. Com isso, o total de mortes passa de 613 mil, desde o início da pandemia.

A diferença, segundo a Fiocruz, é causada por  atrasos nos registros e reclassificações das causas de óbito.

E, nesta sexta-feira (27), os especialistas da fundação alertaram que o quadro da pandemia de Covid-19 está numa possível retomada de crescimento de casos. Segundo a Fiocruz, mais de 98% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) hoje no país são do novo coronavírus, o que indica uma tendência de alta.

De acordo com os dados oficiais, em 24 horas o Brasil registrou 920 mortes por Covid-19, totalizando 577.565 desde o inicio da pandemia (sem computar o estudo da Fiocruz sobre o número real de mortes) e 31.024 novos casos da doença, totalizando 20.676.561 pessoas infectadas desde o ano passado. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Sobre o estudo da Fiocruz

O coordenador do estudo da Fiocruz sobre o número real de mortes, Cristiano Boccolini, explica que os dados divulgados anteriormente pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde não estavam errados. O que ocorreu, segundo ele, é que há discrepância entre os números reais e oficialmente registrados causa por dois fatores: atrasos nos registros e reclassificações das causas de morte decorrentes das investigações nas esferas municipal, estadual e federal.

A Fiocruz aponta ainda que, no ano passado, houve maior concentração de mortos por Covid-19 entre trabalhadores essenciais e idosos – três de cada quatro mortes foram de pessoas acima de 60 anos.

A Fiocruz apurou também que, no ano passado, três em cada quatro óbitos por Covid-19 ocorreram em pessoas com mais de 60 anos de idade (175.471 idosos). O grupo de 70 a 79 anos concentrou 33% dos óbitos  em 2020.

O estudo aponta que, do total de idosos mortos pela doença em 2020, 29% tinham entre 60 e 69 anos; 27%, de 80 a 89 anos; e 11%, mais de 90 anos, segundo informação do jornal Valor Econômico.

Delta se espalha pelo país, diz Fiocruz

A variante delta continua se espalhando pelo Brasil de forma rápida, segundo informou a Rede Genômica da Fiocruz, que afirma ainda que a cepa indiana entrou pelo menos 27 vezes no país. Com 14 estados como porta de acesso. O Rio de Janeiro e o Paraná lideram o número de casos identificados.

A variante chegou pelos estados de Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiânia, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Segundo o levantamento, brechas na recepção de viajantes de fora do país, como a falta de testes para a identificação de infectados pelo coronavírus, podem ter contribuído para o aumento da presença da delta no Brasil.

“Esse resultado nos mostra que as variantes que surgem chegam várias vezes aos países. E quanto mais vezes elas chegam, mais elas se espalham porque é mais difícil você controlar e há mais chances de desenvolver contaminação comunitária, como no Rio de Janeiro”, afirmou um dos pesquisadores envolvidos no levantamento, o virologista da Fiocruz Amazônia Felipe Naveca.

Delta se espalha no Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro, dez cidades registram 90% ou mais de ocupação de leitos de terapia intensiva destinados a pacientes com Covid-19. Destes, seis estão com 100% preenchidos. As autoridades de saúde confirmam que o aumento de internações no estado se deve à variante delta.

Apesar do avanço da variante no Brasil, a gama ainda é a predominante no país. O levantamento pontua que já foram identificadas cinco sublinhagens da P.1, sendo algumas bem parecidas com a delta no âmbito da contaminação.

Brasil ultrapassa EUA na cobertura vacinal

O Brasil ultrapassou os Estados Unidos na cobertura vacinal contra a Covid-19 com pelo menos uma dose, somando a primeira dose com o imunizante de dose única.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da população geral no país chega a 61,95%, enquanto nos EUA a vacinação com primeira dose e dose única atingiu 61% da população, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, da sigla em inglês) – quase um ponto percentual menor do que o índice brasileiro.

No entanto, o Brasil aplicou 49% menos doses absolutas e possui uma população 35% menor do que a dos Estados Unidos, além de estar atrás quando a cobertura vacinal é calculada com base na imunização completa – com duas doses ou vacina de dose única.

Escrito por: Redação CUT