Desgoverno

Inflação disparou e ainda vai piorar, graças aos ociosos Bolsonaro e Paulo Guedes

Enquanto inflação acumulada em 12 meses passa de 10%, investimentos e planejamento deixam a desejar no governo Bolsonaro, o que agrava ainda mais a crise no país

Fábio Rodrigues Pozzebom / Arquivo

Energia elétrica é um dos grandes vilões da inflação atual no país

Alencar Santana Braga | Blog na Rede | Rede Brasil Atual (RBA)

A incompetência do governo Bolsonaro e do seu ministro Paulo Guedes, o “tchutchuco de banqueiro”, está custando, literalmente, muito caro para a vida das famílias brasileiras. Além das quase 600 mil mortes na pandemia do coronavírus, que poderiam ter sido evitadas, na maioria dos casos, se o presidente Bolsonaro não fosse um genocida irresponsável, o pesadelo da inflação volta a assombrar o nosso cotidiano.

Na semana passada o IBGE divulgou que a inflação acumulada em 12 meses já passa de 10% em oito capitais, algo que não ocorria há muitos anos. A inflação que incide diretamente sobre o dia a dia é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas ele não é o único indicador que aponta a forte disparada do custo de vida.

O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), já acumula 16,88% em 2021 e 32,84% nos últimos 12 meses. O IGP-10 mede a inflação de matérias-primas agrícolas, industriais, bens de consumo e até serviços.

Como já escrevi antes neste mesmo espaço, Bolsonaro não trabalha. Durante o mês de junho, a sua agenda presidencial teve ao todo 83 compromissos entre reuniões e eventos oficiais, somando uma média diária inferior a três horas de trabalho por jornada. Paulo Guedes é outro diletante que passa mais tempo em palestras dos amigos do mercado financeiro do que se dedicando à missão de recuperar a economia do Brasil, que vem sendo destruída desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff.

Com uma dupla de ociosos no comando da nação, é absolutamente impossível garantir as condições mínimas para sairmos da crise econômica, agravada pela crise sanitária.

E o pior ainda está por vir. A falta de investimentos – não esqueça a malfadada PEC do teto de gastos, aprovada em 2016 – e a falta de planejamento do governo Bolsonaro deixou o país completamente desprotegido para enfrentar a estiagem que tem causado a diminuição dos reservatórios de água por todo o país. A bandeira vermelha já é uma realidade de norte a sul e de leste a oeste e ainda teve um aumento em agosto na faixa de 50 a 58%, praticamente um assalto que a mão armada do mercado promove contra os consumidores. E ainda foi criada uma nova bandeira tarifária, a “Bandeira Escassez Hídrica”, outra medida do governo que vai meter a mão no bolso (e na cara) do consumidor.

Como se fosse pouco, a Eletrobras foi privatizada de uma forma que vai onerar ainda mais a população, que deverá pagar uma série de subsídios absolutamente imorais e ilegais, mas que foram aprovados pela ampla maioria bolsonarista e rentista no Congresso Nacional.

E isso não é tudo. Com a política de preços da Petrobras, sequestrada e controlada por meia dúzia de acionistas especuladores desde 2016, a inflação vai aumentar ainda mais. As taxas de juros reais nos bancos vão explodir novamente, os setores produtivos ficarão endividados, bem como as famílias de classe média, que vão queimar as suas economias para continuarem comendo, coisa que 20 milhões de pessoas já estão com muita dificuldade de fazer no Brasil de Bolsonaro e Guedes.

Até o presidente da Câmara, Arthur Lira, apesar de apoiar todas as medidas do governo, alertou sobre a absurda política de reajustes da Petrobras. “Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? (…) A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas”, escreveu Lira no seu Twitter, ao anunciar uma comissão geral no plenário da Câmara para que especialistas e representantes da sociedade civil debatam o assunto.

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Para quem acha que sou muito crítico com relação à conduta de Jair Bolsonaro nesse assunto, deixo apenas a frase cínica que ele mesmo disse ao reconhecer, na sua live semanal na última quinta-feira (9), que a inflação está de volta: “Não queiram que o governo federal resolva tudo, não dá para resolver”.

De que serve um presidente como esse?


* Alencar Santana Braga é advogado e deputado federal (PT-SP). Foi vereador em Guarulhos e deputado estadual.

Por Alencar Santana Braga | Blog na Rede | Rede Brasil Atual (RBA)