Negacionismo

‘Diziam que Kit Covid salvava, mas matava’, diz médico sanitarista sobre caso Prevent Senior

Gonzalo Vecina Neto pede que Conselho Nacional de Medicina abra investigação contra plano de saúde

EL PAIS/REPRODUÇÃO

Kit Covid: nove participantes do estudo da Prevent Senior morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes

Redação RBA

São Paulo – O médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, criticou o dossiê que aponta um estudo feito pela Prevent Senior que testava remédios sem eficácia em pacientes com covid-19. A denúncia mostra que o plano de saúde ocultou mortes ocasionadas pela pesquisa. “O Kit Covid que diziam salvar, matava”, afirmou ele.

O dossiê divulgado pela GloboNews, na última quinta-feira (16), foi divulgado e apoiado pelo presidente, Jair Bolsonaro, como “exemplo de sucesso do uso da hidroxicloroquina”. De acordo a denúncia, o estudo foi um acordo entre a Prevent Senior e o governo federal.

Nove participantes do estudo da Prevent Senior morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes. Um dos médicos que participaram da pesquisa disse que ela foi manipulada para demonstrar a eficácia da cloroquina e o resultado já estava pronto bem antes de sua conclusão.

Para o ex-presidente da Anvisa, a denúncia é mais grave ao lembrar que não houve aprovação do Comissão Nacional de Ética e Pesquisa, órgão ligado ao Conselho Nacional de Saúde, para fazer o estudo. “São coisas muito graves e envolvem o gabinete paralelo do Bolsonaro. O Conselho Nacional de Medicina precisa apurar os atos dessa empresa. Está na hora do Estado se movimentar e não deixar esse caso impune. É muito grave o que a Prevent Senior fez”, criticou o especialista, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Queiroga mente sobre vacinas

Ainda ontem, o Ministério da Saúde mandou suspender a vacinação de adolescentes em todo o país. Com base em argumentos falsos, o ministro Marcelo Queiroga, alegou a suspensão por eventos adversos, que seriam reações à vacina. Entretanto, os dados apresentados vão no sentido oposto e apontam para suposta pressão de negacionistas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro.

“O Queiroga mentiu ao país. Depois, ficou provado que ele recebeu uma ordem do Bolsonaro para suspender a vacinação dos jovens”, criticou Vecina. A pasta da Saúde disse que 3,5 milhões de jovens iniciaram a imunização e foram relatados 1.500 efeitos adversos. Contudo, Queiroga deixou escapar que 93% desses efeitos não são relativos a problemas na saúde dos jovens.

“Existem efeitos colaterais em todas as vacinas, porém, são extremamente raros e podem ser tratados. Então, quando o Queiroga fala de efeitos colaterais foi por um erro no posto de saúde, que aplicou outra vacina no lugar da Pfizer. Existe apenas um possível caso no Brasil de efeito colateral, que ainda está sob investigação da Anvisa”, explicou o médico sanitarista.

O Ministério da Saúde ainda justificou, de maneira mentirosa, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes, com ou sem comorbidades. “É mais uma mentira. A OMS fala que precisa vacinar todo mundo, mas com ordem de prioridade. Enquanto todos não forem vacinados, o vírus não vai acabar e continuarão nascendo variantes. Portanto, é importante, sim, vacinar todos, incluindo os jovens. Queiroga é ministro mentiroso”, afirmou Vecina.

Confira a entrevista

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Por Redação RBA