Enquanto Brasil quer privatizar, Reino Unido deve nacionalizar empresas de gás

Primeiro ministro Boris Johnson quer nacionalizar comercialização do gás por causa dos preços altos. No Brasil, mesmo com alta de preços, Bolsonaro insiste na venda da Petrobras, com mais prejuízos à população

Agência Petrobras

Terminal de Cabiunas, Macaé (RJ)

Redação CUT

Primeiro ministro Boris Johnson quer nacionalizar comercialização do gás por causa dos preços altos. No Brasil, mesmo com alta de preços, Bolsonaro insiste na venda da Petrobras, com mais prejuízos à população

Mais um exemplo de como a privatização de empresas, especialmente de produtos essenciais, causa prejuízos à população vem do Reino Unido. Lá, o alto preço do gás, que chegou a aumentar 250% desde janeiro deste ano, está levando o primeiro ministro, Boris Johnson a estudar a nacionalização das empresas de energia, segundo  o jornal GGN.

Aqui, Jair Bolsonaro (ex-PSL) vai na contramão até  de um governo de direita como o do Reino Unido,  e mantém um modelo econômico neoliberal que aumenta a miséria da população.

O governo insiste em privatizar estatais, mesmo as mais estratégicas como a Petrobras. Além disso, mantém a política de preços de paridade internacional, dolarizando o valor do barril de petróleo e seus derivados.

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O resultado, além dos preços proibitivos dos combustíveis, é o botijão de 13 quilos do gás que chega a custar em algumas cidades do país R$ 130 – quase 12% do valor do salário mínimo (R$ 1.100). O reajuste acumulado do botijão de gás somente neste ano de 2021 é de 39,9%.

Em entrevista recente ao Portal CUT, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, disse que “o Brasil é produtor, não tem necessidade de importar derivados de petróleo, mas com a subutilização proposital das refinarias do país, que estão produzindo com cerca de 70% de suas capacidades, o país importa derivados, beneficiando as importadoras por causa do preço dolarizado”.

Além do uso doméstico, o gás tem finalidade industrial e seu preço reflete também no índice da inflação. Isto porque o custo do uso do gás natural é   repassado para os custos da produção.

A técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da Subseção da CUT, Adriana Marcolino explica que esse tipo de combustível é mais utilizado pela indústria (43%), e para a geração de energia elétrica (38%). Por isso, ela diz, ainda que não atinja as famílias diretamente, já que o número de residências que usam o gás encanado é pequeno, há  impacto grande na economia – na inflação – porque é um insumo importante para as indústrias.

“Interessa aos acionistas, ao mercado financeiro, e não é nada bom para a população. Os reajustes têm disso constantes e relevantes. Por se tratar de gênero de primeira necessidade, deveria haver uma política de preços diferenciada tanto para o gás natural como a gás de botijão”, diz Adriana.

Além do gás, outros exemplos de reestatização de empresas, mostrando que empresas privadas não são exemplos de boa administração e de um melhor atendimento à população ocorre no setor do saneamento básico.  O serviço ruim e caro praticado por empresas de saneamento fez pelo menos 158 cidades do mundo de países como a França, Estados Unidos e Espanha, entre outros, a estatizar novamente os serviços de saneamento, anteriormente privatizados.

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Por Redação CUT