Com Paulista lotada, presidente da CUT anuncia novos atos contra Bolsonaro em 15/11. E veja aqui o Sinergia CUT no ato em Campinas

Sérgio Nobre elogiou a organização dos atos deste sábado em todo o Brasil e cidades do exterior e afirmou que até o dia 15 de novembro movimento será reforçado por meio diálogos com os trabalhadores nas bases

ROBERTO PARIZOTTI

André Accarini, Érica Aragão, Rosely Rocha e Rafael Silva (CUT-SP)

 Escrito por: André Accarini, Érica Aragão, Rosely Rocha e Rafael Silva (CUT-SP)

Desde o início da tarde de sábado 2 de outubro a Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo, já estava fechada e sendo tomada por milhares de pessoas que, assim como em mais de 300 cidades Brasil afora, ocuparam as ruas em protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). Muitas capitais e cidades do interior realizaram grandes atos durante a manhã como Recife, Rio de Janeiro e Goiânia.

Leia mais: Desde as primeiras horas da manhã, o povo está nas ruas exigindo #ForaBolsonaro

São Paulo e outras cidades e capitais capitais como Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis realizaram os atos à tarde (veja mais cidades e matéria completa clicando aqui. Veja abaixo as fotos do ato em Campinas).

Além de um ultimato ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) para que paute um dos mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro, o povo foi às ruas dizer que não aguenta mais o desemprego, a fome, os altos preços de combustíveis e alimentos e protestar contra o negacionismo do presidente, responsável pela morte de mais 600 mil pessoas por Codiv-19. Teve protestos também contra a privatização dos Correios e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32, da reforma Administrativa, em vários atos realizados no país.

Os atos deste sábado também anunciaram uma nova agenda de manifestações. O dia 15 de novembro será novamente dia de milhares de trabalhadores e trabalhadoras gritarem ‘Fora, Bolsonaro’, como disse o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, no ato de São Paulo.

“Estamos fazendo um grande 2 de outubro, mas já está apontado em nosso calendário o dia 15 de novembro”, disse Sérgio Nobre, explicando que até lá o movimento sindical dialogará com a população sobre este momento dramático para o Brasil.

“Temos que fazer um debate com a periferia. Temos que falar que a indignação com o preço do feijão, da carne e da gasolina não tem como acabar com Bolsonaro na presidência”, disse o presidente da CUT completando ainda que se Bolsonaro não sair, o desemprego que já atinge recordes vai aumentar ainda mais.

Em seu discurso em um dos cinco caminhões de som espalhados ao longo dos quase 3 km da avenida, Sérgio Nobre elogiou a garra e determinação do povo brasileiro que lotou centenas de cidades em todo o país neste dia de protestos contra Bolsonaro.

Mais cedo, em entrevista à TVT, ele afirmou: “é triste e revoltante ver famílias fazerem filas em portas de açougues por ossos, porque o filho e filha não têm o que comer”.

Ou o povo vem para luta, ou os preços vão continuar aumentando. Trabalhadores têm que ter consciência de que um terço da população hoje está desempregada. Se não derrubarmos o governo, o desemprego vai bater na porta, vai chegar a todos nós. É uma tragédia jamais vista– Sérgio Nobre


O presidente Nacional da CUT também ressaltou a união das forças políticas e sociais no pelo ‘Fora, Bolsonaro’. “Na luta pelo ‘Fora Bolsonaro’ cabe todo mundo e temos que receber bem quem está vindo pela primeira vez na Paulista”, disse o dirigente.

ROBERTO PARIZOTTI

O Ato unificado

Organizado pela CUT, demais centrais sindicais e movimentos populares que integram as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato teve a adesão de partidos políticos de diferentes ideologias. Ao todo, lideranças e grupos de 22 partidos foram à Avenida Paulista.

“Nossas diferenças hoje são menores do que o objetivo comum e derrotar Bolsonaro. Mas esperamos que os partidos se coloquem com suas bancadas na defesa do impeachment no Congresso Nacional. Que esse ato seja um primeiro passo para termos uma frente política ampla contra Bolsonaro”, afirmou Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto e ex-candidato à Presidência da República pelo Psol.

A concentração em São Paulo começou logo às 13h, com uma intervenção cultural com apresentação do grupo Mistura Fina, seguida de um ato interreligioso com participação de líderes de diversas regiões. Característica da capital do Brasil, a mistura dos mais diversos sotaques, raças, cores e credos tomaram a avenida Paulista.

“Lembra o movimento Diretas Já, em 1984. Um número crescente de pessoas marchou e chegou até um milhão no Anhangabaú”, disse o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), em entrevista à TVT. Suplicy afirmou que o Brasil precisa de um presidente que cumpra o que está na Constituição de 1988 – o objetivo de erradicar a pobreza e promover igualdade social como está na Carta Magna.

Lideranças

Presentes ao ato, diversos líderes e personalidades políticas, de diversos partidos, reforçaram os motivos do ‘Fora, Bolsonaro’. Fernando Haddad, do PT, ex-ministro da Educação, considerou um descalabro o que acontece na condução do enfretamento à pandemia da Covid-19 no Brasil.

“Tivemos uma demonstração de que teve gente que usou a doença para ganhar dinheiro. Em vez de se preocupar com a saúde, se preocuparam com o próprio bolso, com tratamento ineficaz. Nós precisamos superar isso”, disse Haddad.

O coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, ressaltou a importância de a avenida Paulista estar lotada neste dia. “Tem todas as bandeiras e cores com o objetivo de derrubar o presidente, acabar com a fome, com a miséria, com o genocídio de indígenas, com a violência contra a população negra e em defesa de democracia. Queremos Bolsonaro fora do Brasil”, disse.

Também presente ao ato,  a deputada Federal Jandyra Feghali (PCdoB) afirmou que o ato não é um momento eleitoral, mas um momento de união entre as forças que se opõem a Bolsonaro com o propósito de salvar o Brasil. Ela destacou também os cuidados com a segurança sanitária.

“A gente vê um movimento em que as pessoas estão todas de máscaras, com álcool gel, se preocupando com a disseminação do vírus”, disse a deputada.

Ex-candidata a vice-presidente na chapa de  Haddad, em 2018, Manuela D´Ávila lembrou que as mulheres foram as primeiras a irem às ruas para denunciar o que seria esse governo.

Em entrevista à CUT-SP, Juneia Batista, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, afirmou ainda que uma nova e mais forte caminhada das mulheres contra Bolsonaro será realizada.

“A gente sabe o peso que [as mulheres] têm, mas temos que ajudar e orientar ainda mais outras mulheres a ir paras as ruas”, disse a dirigente.

Além de representantes de partidos como PSDB, Ciro Gomes (PDT) e Marcelo Freixo (PSB) também foram à Paulista.

Financiamento

Ônibus e vans de diversas regiões do estado se organizaram para ocupar a Paulista. Atos nas cidades foram programadas para serem realizados na parte da manhã, justamente para que pudessem, posteriormente, se dirigir a São Paulo.

Ponto importante a ser considerado em relação às manifestações deste 2 de outubro é que, diferente de manifestações pró-Bolsonaro, em que a própria máquina do governo e o apoio financeiro de empresários bolsonaristas bancou os protestos, as manifestações populares são realizadas com recursos próprios. E são escassos.

Para ler a matéria completa da CUT e ver as fotos dos atos em outras capitais ocorridos na tarde de sábado clique aqui.

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Sinergia CUT no ato #ForaBolsonaro em Campinas:

Fotos: Sinergia CUT