Fora Bolsonaro racista foi o grito do Dia da Consciência Negra em todo o país

O Dia da Consciência Negra foi marcado por mais de uma centena de atos em todas as regiões do Brasil, na Europa e Estados Unidos contra o governo racista de Jair Bolsonaro. Sinergia CUT presente. Veja galeria de fotos.

ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)

Rosely Rocha, Érica Aragão, Vanessa Ramos e André Accarini

Escrito por: Rosely Rocha, Érica Aragão, Vanessa Ramos e André Accarini

O Dia da Consciência Negra foi marcado por mais de uma centena de atos em todas as regiões do Brasil, na Europa e Estados Unidos contra o governo racista de Jair Bolsonaro.

Sinergia CUT presente. Veja abaixo galeria de fotos do ato em Campinas.

Num país onde 56,1% da população é negra, segundo o IBGE, há a perversa realidade da fome, do desemprego, dos assassinatos de jovens pelas forças de segurança do Estado, do preconceito, amparado pelo racismo estrutural que com suas práticas discriminatórias, institucionais, históricas e culturais, segrega os negros e negras. 

Diante de um governo que perpetua a segregação e defende que “não há racismo” no Brasil, inclusive por aqueles que deveriam se posicionar em favor da sua raça, como o presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, que ofende negros e negras, quilombolas e todos àqueles que ousaram desafiar as autoridades em nome da sua liberdade de seu povo, o Dia da Consciência Negra, neste sábado (20), que deveria ser de exaltação aos seus heróis, foi também de protestos com o  “Fora Bolsonaro racista”. 

Na Avenida Paulista, em frente ao MASP, o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, parabenizou a o movimento nacional #ForaBolsonaroRacista, a  militância da CUT, o movimento sindical e os partidos e populares pelas  manifestações que ocorreram nas capitais, nas principais cidades do país e no mundo.  

Para ele não tem tarefa mais importante para a classe trabalhadora do que por um fim ao governo Bolsonaro porque ele é racista e criminoso.

A Secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Anatalina Lourenço, disse que a marcha de hoje teve  como principal característica denunciar as políticas racistas do governo Bolsonaro. Segundo ela, 54% da população deste país é negra, portanto qualquer política de retirada de direitos deste governo impacta diretamente as trabalhadoras e os trabalhadores negros.

” A população negra que é 75% dos pobres deste país. Este dia é um dia de luta, dia de denúncia e de gritar bem alto: fora Bolsonaro racista. Em 2020 foram fechados cerca de 11 milhões de postos de trabalho , neste país, destes 11 milhões 8foram ocupados trabalhadoras negras e negros. O racismo organiza o trabalho e a inclusão no mundo do trabalho é necessária sim”, afirmou.

Anatalina também ressaltou que a CUT é favorável as cotas, que tem que ser continuada.

“É impossível num país racista e excludente não ter políticas públicas includentes. E se não for focado, não atinge a população negra. Por uma sociedade justa, igualitária e antirracista: A CUT neste momento está aqui na marcha da consciência negra – na 18ª, comemorando 50 anos do dia 20 de novembro, como Dia de Zumbi dos Palmares e Consciência Negra”.

A Secretária-Adjunta de Combate ao Racismo da CUT Brasil, Rosana Fernandes, ressaltou que neste dia, homens e mulheres negras estão ocupando as ruas das cidades brasileiras na busca de uma sociedade justa e igualitária.

“Nós que vivemos numa sociedade onde a violência pública tira a vida todo dia da nossa juventude, dos nossos meninos e meninas negras. Para você e todos aqueles que querem uma sociedade, onde as pessoas não sejam mortas por conta da cor da sua pele. Se você que quer uma sociedade onde a população negra possa viver com dignidade, voltando do trabalho ou voltando da escola, venha para rua e lutar por esta sociedade. Juntos e juntas vamos caminhar para uma sociedade mais democrática porque não existe democracia com racismo.

O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, disse que o manifestação é para combater a política de retrocesso direcionada à população negra no país. Por isso, hoje neste dia, disse,  que celebramos o dia de Zumbi dos Palmares e combatemos o racismo, estamos neste ato pelo fora Bolsonaro racista.

“Bolsonaro quer acabar com a política de cotas, que garante os jovens negros nas universidades federais, que praticamente já foi inviabilizada a entrada ano que vem no ProUni,  com o problema no INEP [profissionais do órgão pediram demissão dizendo que o governo federal interferiu nas perguntas do ENEN].  Na verdade, Bolsonaro é racista, misógino e não respeita a população e não faz nada para garantir igualdade. 

Ainda na Paulista, movimentos culturais negros lembraram que a arte é uma força de resistência. Teve roda de capoeira, música e dança. Mas, os manifestantes também lembraram que “Vidas Negras Importam” e referenciaram os mais de 611 mil mortos pela covid-19, carregando cartazes, cruzes e imensas bandeiras.

Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva, estar na Paulista é um ato de resistência do movimento negro porque este desgoverno Bolsonaro acabou com as políticas públicas, e o povo negro é o que mais sofreu e sofre com a pandemia, é o que mais morre e ainda sofre sem saúde e educação.

Já a coordenadora da ala de baianas da escola de samba Unidos do Peruche, Márcia de Moura Paulino, presente à manifestação, falou sobre a importância da ala na história dos desfiles de Carnaval,  para os negros, e por que em toda escola de samba elas são tão importantes .

“ A ala de baianas sempre foi uma resistência e,  além de tudo, os africanos vieram, deixaram toda essa cultura e “africanidade “par que elas seguissem em  frente. A ala segue e cuida dos filhos justamente como mães, tias e avós e são as mães do samba”, explicou Márcia.

Depois dos discursos pelo Fora Bolsonaro e em defesa das vidas negras, a multidão seguiu pela Rua da Consolação até o Teatro Municipal de São Paulo, no centro antigo, onde o ato foi encerrado. 

Estiveram presentes na manifestação em São Paulo, os movimentos, Uneafro, MNU, Marcha de Mulheres Negras de São Paulo, Círculo Palmarino, Unegro, CONEN, APNs, Quilombação, CEN e CONAQ, entre outros, e representantes dos partidos políticos PT , PCdoB, PSOL, PCB, PSTU e PDT ,além de militantes do MTST; as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo; a UNE e UBES, representando os estudantes e pelas centrais sindicais, além da CUT, CTB, Intersindical e Conlutas.

Para conferir a matéria completa da CUT com as imagens e vídeos da manifestação na Paulista e também em outras localidades em todo Brasil, clique aqui.

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ATO EM CAMPINAS NO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: SINERGIA CUT PRESENTE

Fotos: Sinergia CUT