Não é hora de baixar a guarda!

Sinergia CUT cobra reforço de medidas de proteção das empresas diante da Ômicron e da gripe H3N2

Retorno presencial dos(as) trababalhadores(as) foi considerado “desastroso”, com aglomerações no ambiente de trabalho; Sindicato tomará as medidas necessárias caso não tenha êxito com os ofícios

Bira Dantas

Nice Bulhões, com informações da Secretaria Geral

O Sinergia CUT enviou, nesta terça-feira (11), carta às empresas energéticas de São Paulo para cobrar o reforço nas medidas de proteção à integridade física dos(as) trabalhadores(as), por conta da explosão de casos positivos de covid-19 e de gripe. Muitas delas retomaram o trabalho presencial na semana passada. Desde então, os sindicatos, que compõem o Projeto Sinergia CUT, estão recebendo denúncias quanto ao desrespeito aos protocolos sanitários estaduais e municipais.

Antes do retorno

Entre as principais denúncias relatadas estão as aglomerações e o não uso de máscaras protetoras em ambientes de trabalho. Já temendo a onda de casos de covid-19 e de gripe, o Sindicato enviou ofício, um dia antes do plano de retorno ao trabalho presencial, para as duas maiores empresas em sua base territorial: à Elektro Redes S.A. e demais empresas do Grupo Neoenergia e ao Grupo CPFL Energia, que tiveram ofícios reiterados nesta terça.

Retorno da CPFL

A CPFL se reuniu nesta terça (11) com o Sindicato para atender ao pedido da primeira carta. Para os dirigentes sindicais, “o retorno dos trabalhadores foi desastroso, sem planejamento e com aglomerações em vários espaços da sede, especialmente na área de alimentação”. A empresa informou que adotou medidas, consideradas “tímidas” pela entidade sindical, de enfrentamento às doenças.

Sem realizar testes e exigir vacinação para retorno, a CPFL ainda alterou o esquema de trabalho, ficando com dois dias presenciais e 40% de ocupação e, nos outros dias, os trabalhadores continuam em home office. Se não bastasse tudo isso, a empresa continua não permitindo que os trabalhadores utilizem o transporte fretado, obrigando-os a usar o transporte público, aumentando assim os riscos de contaminação. Vale lembrar que as oito linhas existentes do fretado estão subutilizadas, fazendo o percurso com menos de 50% de usuários.

Trabalhadores da área operacional, que trabalharam toda a pandemia, não tiveram sequer intensificação de orientação no sentido de se proteger dos vírus e continuam exatamente como estavam antes do surgimento da Ômicron e da influenza H3N2. As agências de atendimentos estão lotadas devido ao fechamento de algumas unidades. Com isso, aquelas que permanecem abertas chegam a atender mais de 250 clientes por dia. E para piorar, a empresa está dispensando as profissionais da limpeza/higienização, o que, além de aumentar a sobrecarga de trabalho, eleva o risco de contaminação.

Volta presencial na Elektro

Desde o retorno presencial de 100% na Sede e na CEC da Neoenergia Elektro, o Sindicato vem recebendo denúncias de que “são muitos os casos confirmados de covid e de várias pessoas com sintomas, trabalhando normalmente, de forma presencial”. Na Sede, a maioria das barreiras de proteção contra o vírus sumiu, segundo os dirigentes sindicais. Elas foram criadas ao longo da pandemia.

Também, segundo as denúncias, desapareceram o teste rápido obrigatório para quem retorna ao presencial, o aparelho para medição de temperatura corporal na entrada principal, o pessoal da limpeza higienizando as mesas, a face child e outros procedimentos.

Em compensação, denúncias apontam que há aglomeração no restaurante. Entre os dias 3 e 5 de janeiro deste ano, chegaram até a ser feitos testes em massa, não obrigatórios, mas o resultado deles demorou até três dias para sair.
Na CEC, o atendimento ambulatorial está fechado e os trabalhadores que se sentem mal durante a jornada de trabalho estão por conta própria. Eles apenas relatam aos suportes da supervisão que estão saindo para ir ao hospital.

E, quando os suportes são cobrados para uma ação efetiva de proteção, a resposta é que não podem fazer nada. O local não tem ventilação natural e há dúvidas quanto à higienização do filtro do ar-condicionado. As copas são pequenas, com risco de um fluxo muito grande de pessoas nos horários de pausa para alimentação. Os banheiros, além de pequenos, são pouco ventilados.

Quando há casos positivos de covid-19, os trabalhadores são dispensados e, quais ações são tomadas com relação àqueles que tiveram contato direto com os afastados? A Elektro ainda não retornou com a resposta da primeira carta.

Sindicato estuda outras ações

Como um sindicato cidadão, o Sinergia CUT é comprometido com o direito à vida, à saúde e ao trabalho. Por isso, informa que tomará todas as medidas necessárias no caso de negligência por parte das empresas. Confira no verso, os questionamentos feitos às empresas e orientações para os trabalhadores.


Preocupado com a explosão da covid-19 e da gripe,

Sindicato busca reunião virtual com as empresas

Última carta foi enviada nesta terça (11) e pede reunião, em “caráter urgente”, com cada empresa energética de São Paulo, de modo telepresencial

Na carta desta terça-feira, o Sinergia CUT solicitou a realização de uma reunião, em “caráter urgente”, com cada empresa, de modo telepresencial, para discutir um plano de ação por conta da cepa Ômicron da covid-19 e da cepa H3N2 do vírus influenza. Entre alguns dos questionamentos feitos às empresas estão o planejamento para o uso de testes rápidos, o estoque de máscaras N95 e um possível plano de retorno ao home office. (Confira abaixo os oito questionamentos)

É preciso salientar que hoje muitas empresas estão revendo seus planos de retorno presencial, por conta do “tsunami” de casos positivos das duas doenças. O Sinergia CUT aguardará o posicionamento das empresas para tomar as próximas medidas cabíveis.

O Sindicato lembra ainda que “as empresas já têm um know-how (conhecimento, experiência) no caso dos trabalhadores que não estão na linha de frente”. Portanto, segundo a entidade, devem reconsiderar o retorno presencial destes trabalhadores e devem intensificar as medidas sanitárias preventivas para preserva o valor número 1: a vida dos trabalhadores e de seus familiares. O Sindicato orienta o trabalhador acometido por covid a fazer a abertura de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), por tratar-se de doença do trabalho.

A qualquer sintoma, procure um médico!

Embora cause menos mortes, a transmissão da Ômicron, cepa do coronavírus que tem causado alta nos casos no Hemisfério Norte, é até três vezes maior do que a da variante Delta, que é mais severa, inclusive em relação às anteriores (Alfa, Beta e Gama). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a previsão é que mais de 50% da população europeia seja infectada pela Ômicron nas próximas seis a oito semanas. Por isso, a vacinação é importante, segundo a OMS, por diminuir especialmente os riscos de hospitalização ou de sintomas severos.

Em fevereiro de 2021, o Sinergia CUT lutou para vacinar os energéticos de SP da linha de frente contra covid-19, por meio de carta ao governador João Doria (PSDB). Como não houve retorno, pediu ajuda à deputada Márcia Lia (PT), que protocolou, em junho passado, duas indicações para que eletricitários e gasistas fossem incluídos no rol de grupos prioritários para vacinação.

A Direção do Sinergia CUT considera o momento preocupante já que a Ômicron não substitui a Delta, e as duas cepas ainda coexistem. E agora há o agravamento com a H3N2 (Darwin). O Sindicato recomenda que o trabalhador, a qualquer sintoma de síndrome respiratória, procure um médico, comunique a sua chefia e fique em casa, seguindo as recomendações médicas.

Os oito questionamentos feitos às empresas

1) Quanto ao uso de milhares de testes rápidos, a empresa possui estoque ou fornecedores que possam entregá-los rapidamente? Do mesmo modo, possui estoques de máscaras N95, uma vez que muitos médicos vêm recomendando que o uso de máscaras cirúrgicas ou de pano são insuficientes para proteger contra a Ômicron?

2) Será feita a colocação dos trabalhadores em home office, caso o trabalho presencial fique inviabilizado ante a rápida transmissão da Ômicron?

3) Para os casos em que seja inviável o trabalho em home office, há plano para redesenho dos locais de trabalho, uma vez que o distanciamento de 2 metros parece claramente insuficiente para proteger da Ômicron?

4) Há plano para que os trabalhadores em atividade presencial possam chegar a seus locais de trabalho com segurança, uma vez que possivelmente os transportes públicos serão focos terríveis de contaminação da Ômicron?

5) Serão adotadas novas medidas de higiene diante da propagação da Ômicron?

6) Além do trabalho remoto, quais outras medidas organizacionais estão sendo planejadas para a proteção dos trabalhadores em relação à Ômicron? Quais os obstáculos, a esta altura da pandemia, que existiriam para a colocação dos trabalhadores em trabalho remoto, no caso de esta medida ainda não ter sido adotada?

7) Qual é o plano da empresa para fornecimento de suporte à saúde dos trabalhadores e de suas famílias infectados com a nova variante do vírus?

8) Quanto à saúde e segurança do trabalho, quais medidas a empresa está adotando para adequar o seu funcionamento às diretrizes estabelecidas nas novas redações das Normas Regulamentadoras?

Por Nice Bulhões, com informações do Sinergia CUT