Trabalho

Eletricitários suspendem greve por 30 dias, mas mantêm mobilização

Pressão do Poder Judiciário exige fim da paralisação, estabelece multas impagáveis para sindicatos e TST chama para negociação no TST

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Camila Araujo | Editado por: Marize Muniz | CUT

Os trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras (Holding) deliberaram, em assembleia realizada nesta quarta-feira (9), pela suspensão da greve por 30 dias e pela continuidade da mobilização. O mesmo já havia sido decidido pelos trabalhadores de Furnas, que encerraram a greve na terça-feira (8).

A luta dos eletricitários é em defesa de um plano de saúde justo. A estatal quer aumentar de 10% para 40% a contribuição dos trabalhadores no plano de saúde. A decisão se baseia em uma liminar de processo de dissídio instaurado pela própria empresa no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Os trabalhadores exigem que nada seja alterado até uma decisão final da Justiça.

Estado de greve

A decisão de encerrar a mobilização, mas manter o estado de greve, com trabalhadores permanentemente mobilizados , veio após o pedido do ministro Alexandre Belmonte, do TST, para que os trabalhadores interrompessem a paralisação, dando prazo de 30 dias para que as partes cheguem a um acordo sobre o plano de saúde.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) garantiu, por meio de boletim informativo, que a paralisação da greve é temporária e terá mobilização permanente com o objetivo de abrir o diálogo com o ministro do TST que propôs a negociação.

O dirigente do CNE, Marcos Luis Cardozo da Silva, afirmou que houve um impasse até a tomada de decisão da categoria.  “Teria que se escolher aprofundar o movimento com ações mais contundentes, e correr o risco de as empresas aplicarem sansões rígidas contra trabalhadores e dirigentes amparada em liminares”, pontua. A pressão que os sindicatos e empregados sofreram pela ação da empresa junto ao poder judiciário foi enorme, conclui o dirigente.   

“Optou-se por aceitar a proposta do ministro do TST de dialogar durante 30 dias. Embora a minha posição seja de que avançar com essa justiça burguesa é difícil e que a greve é a arma do trabalhador, defendo o que foi aprovado em assembleia”, acrescenta.

Segundo ele, a Eletrobras tem cerca de 12 mil trabalhadores. Com os dependentes, serão aproximadamente 30 mil vidas lançadas para o Sistema Único de Saúde. “Vemos o pedido de suspensão da greve por parte do ministro e a mediação como uma oportunidade de mostrarmos o ponto de vista dos trabalhadores, os impactos sociais e econômicos que a mudança no custeio do plano trará para a inviabilidade da permanência e evasão da maioria dos trabalhadores no plano”, afirma o dirigente do CNE.

Pressão do judiciário para interromper greve

A Justiça tentou por diversas vezes impedir a greve dos trabalhadores com as duas liminares que impuseram multas de R$1000,00 por dia para cada trabalhador que faltasse o serviço e R$200.000,00 por dia para todos os sindicatos representados pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE).

Para Sandro Cezar, presidente da CUT-Rio, a atuação do poder judiciário durante as greves dos trabalhadores, impondo interdito proibitório é vista como algo lamentável. “Essa postura não tem nenhum amparo na Constituição Federal e viola o direito de greve dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, que é signatário de convenções internacionais que asseguram o direito de greve”, avalia o dirigente.

Sandro complementa ainda que o papel do judiciário deveria ser de mediar os conflitos existentes entre capital e trabalho e não inviabilizar os instrumentos de luta da parte mais fraca. “Limitar o direito de greve acaba fazendo com que o conflito se estabeleça o que não é o melhor caminho pra solucionar as questões”, conclui.

Escrito por: Camila Araujo | Editado por: Marize Muniz | CUT