Movimento sindical é ainda mais imprescindível para a democracia e luta por direitos trabalhistas, diz Artur Henrique

Foto: Mauro Calove/Montagem

Com o mercado global de energia em transformação, estimulado agora pela guerra entre Rússia e Ucrânia, e os efeitos de uma política neoliberal, com os avanços da precarização e da terceirização do trabalho, da tentativa de privatizações de patrimônios públicos e da miséria no país, com queda da renda familiar, o papel dos movimentos sindicais se tornou ainda mais imprescindível para o pleno exercício da democracia e da luta pela preservação de direitos trabalhistas. A análise é do diretor da Fundação Perseu Abramo, o eletricitário aposentado Artur Henrique da Silva Santos, ex-presidente do Sinergia CUT.

A palestra de Artur Henrique foi feita para aproximadamente 70 dirigentes sindicais que participaram da abertura da Reunião de Direção Colegiada do Sindicato, realizada nesta sexta-feira (01) na Colônia de Férias da entidade sindical, em Praia Grande (SP). Sua participação se deu por meio da plataforma Zoom. Artur Henrique não pôde comparecer presencialmente porque havia uma agenda marcada anteriormente: o encontro com a vice-presidente e ministra do Trabalho e Economia Social da Espanha, Yolanda Díaz, na Fundação.

“Não existe democracia no mundo sem sindicato e sem trabalho com direitos, como falou a vice-presidente e ministra da Espanha”, lembrou Artur Henrique, referindo-se a Yolanda Díaz. “O Sinergia CUT é um sindicato de referência no movimento sindical por várias razões, como por ser o primeiro sindicato cutista a abolir a cobrança do imposto sindical e por buscar a unicidade sindical”, afirmou, referindo-se ao projeto Sinergia CUT, fundado pelo Sinergia Campinas e pelo Sinergia Gasista, e que atualmente conta com a participação do Sinergia Prudente, Sinergia Sindergel, Sinergia Araraquara, Sinergia Mococa e Sinergia Rio Preto.

Segundo Artur Henrique, o Sinergia CUT precisa continuar lutando para que a energia, um bem essencial e público, continue sendo democrática e ecológica. “As questões ambientais e energéticas estão no centro do mundo por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia e precisamos discutir um modelo de transição, bem como a crise no padrão monetário internacional, com o padrão-dólar, para que haja uma cesta de moedas.” E todos os debates passam, segundo ele, pelas eleições majoritárias de outubro deste ano.

Para Artur Henrique, o Sinergia CUT precisa promover um amplo diálogo social para mostrar a importância de se votar e de o voto ser em candidatos que defendam a classe trabalhadora. “Tem um clima de intenção de não votar por parte de alguns e precisamos falar da importância do voto e dos projetos dos candidatos. Isso porque o fortalecimento das negociações salariais se faz com a política. Essa mistura é o nascimento do capital e do trabalho. Os empresários podem fazer lobby no Congresso Nacional e nós não?”

Acrescentou que o governo de Jair Bolsonaro usa da crise econômica e da questão da produtividade para promover a retirada de direitos trabalhistas, que contribuem para a redução do salário e para a precarização do trabalho. “Temos de ir aos locais de trabalho para dialogar sobre todas essas perversidades praticadas pelo governo e sobre os ataques que ele tem promovido contra o movimento sindical. Temos de colocar o pé na estrada.”   

Comitês de Luta

Foto: Mauro Calove

O eletricitário Marcelo Fiorio, da Executiva Nacional da CUT, expôs sobre os Comitês de Luta, que serão instrumentos para mobilizar trabalhadores e trabalhadoras para que o Brasil retome o rumo do desenvolvimento econômico e social do país. “Precisamos manter comitês que falem do preço do gás, da gasolina e sobre a carestia. O nosso papel é acolher pessoas, abraçá-las. Precisamos juntar o povo para lutar por uma vida melhor!” As palavras chaves desses comitês são, segundo Fiorio, solidariedade, democracia e unidade de ação.

Posteriormente, a cerimônia contou com uma declaração da presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann. O foco de sua declaração foi a de mostrar a conjuntura da política nacional, mostrar aquilo que está em jogo e enfatizar a importância de que o movimento sindical participe ativamente do processo político.

Por Nice Bulhões e Elias Aredes Júnior