Comandada pelo Centrão, Codevasf gasta R$ 3 bilhões sem comprovação de obras

Dinheiro foi para os cofres da empresa via emendas parlamentares para obras que não tiveram o valor real de execução comprovados. Empresa está nas mãos do PP, que dá sustentação ao governo Bolsonaro

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Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Dinheiro foi para os cofres da empresa via emendas parlamentares para obras que não tiveram o valor real de execução comprovados. Empresa está nas mãos do PP, que dá sustentação ao governo Bolsonaro

Centrão no comando dos mal-feitos

A Codevasf é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional e até o mês passado era comandada por Rogério Marinho (PL), que saiu do cargo para ser candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte nas eleições deste ano.

O presidente da estatal foi indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP).

R$ 7,3 bilhões escoaram pelos cofres da Codevasf

Pelos cofres da estatal, presidida por Marcelo Moreira Pinto, escoaram R$ 7,3 bilhões, diz a Folha. Desse total, os R$ 3,6 bilhões vieram das emendas de relator, as já conhecidas emendas do orçamento secreto e paralelo criado por Bolsonaro para conseguir apoio do Centrão no Congresso Nacional.

As emendas do relator são usadas pelos parlamentares para mandar verbas públicas para seus aliados nos redutos eleitorais, sem transparência, como no caso dos milhões em emendas de Lira enviados para escolas de Alagoas que não têm computadores, comprarem kits robóticas.

O levantamento considerou os repasses feitos até o final de 2021 e consta em um relatório de auditoria independente da Russell Bedford divulgado pela  Folha. Ainda de acordo com o jornal, a Condevasf recebeu, no ano passado, em emendas parlamentares, o equivalente a 61% das dotações da empresa.

O documento ressalta, porém, que a estatal encerrou o exercício “verificando a existência de operações” para apresentar números de maneira confiável. No balanço, a Codevasf afirmou ter um saldo de R$ 2,7 bilhões na rubrica, mas os auditores dizem não ser possível “opinar sobre os saldos dessas contas e os componentes das demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa”.

Em 2021 a Condevasf registrou um prejuízo de R$ 358 milhões.