História

10 de maio: 33 anos da grande greve histórica dos eletricitários

Exemplo de combatividade, união, garra, consciência e democracia na luta por direitos. Passados 33 anos, agora é momento dos trabalhadores se unirem para eleger um presidente com laço forte com a classe trabalhadora

Montagem/Bira Dantas e Arquivo

Redação do Sinergia CUT, com informações do Arquivo Histórico do Sindicato

A maior greve da nossa história completa 33 anos nesta terça-feira, 10 de maio. Fica na memória dos eletricitários como exemplo de combatividade e a maior lição de união, garra, consciência e democracia na luta por direitos. 1989… o presidente era José Sarney. Passados mais de três décadas, os trabalhadores precisam desta unidade na luta para enfrentar os retrocessos sociais e trabalhistas impostos desde o golpe de 2016 e eleger um presidente com laço forte com a classe trabalhadora.

O que foi o 10 de maio de 1989?

Naquela época, o Brasil registrava índices de inflação de três dígitos (933,62% durante o ano de 1988) e batia recordes de demissões. O Plano Verão anunciado na época só trouxe mais prejuízos aos trabalhadores, que foram às ruas e pararam fábricas contra as medidas do governo federal.

No estado de SP, o governo Quércia adotou uma postura intransigente e não atendeu as solicitações dos trabalhadores das então estatais Cesp e CPFL. A data-base dos eletricitários era em janeiro. Depois de mais de dois meses buscando negociação, os trabalhadores decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 10 de maio.

Era também uma quarta-feira. Centenas de trabalhadores, principalmente das grandes usinas da Cesp – Água Vermelha, Jupiá e Ilha Solteira – cruzaram os braços para defender os salários, que perdiam 74,64% do poder de compra, e as empresas públicas, que perdiam a credibilidade e a eficiência para se transformar em cabides de emprego.

Pouco tempo depois, a paralisação contou com o reforço de todos os trabalhadores da Cesp no interior e de grande parte do pessoal da CPFL. Os eletricitários assumiram então o Comando de Greve, que manteve sob controle os serviços essenciais para não prejudicar a população.

Foto: Arquivo do Sinergia CUT

A repressão e as armações do governo para tentar desmoralizar a greve não intimidaram os trabalhadores. Aconteceu então uma manobra nunca antes vista: o ex-ministro do Trabalho e então presidente da Cesp, Murilo Macedo, conseguiu abrir o TRT no sábado (13) para que a greve pacífica e ordeira fosse julgada ilegal.

Apesar da força da paralisação, os trabalhadores suspenderam a greve para abrir negociações que trouxeram várias conquistas econômicas e sindicais, que depois se transformaram em direitos. Vieram também as demissões injustas e ilegais de dez companheiros, que mais tarde foram reintegrados.

E aquele 10 de maio de 1989 se transformou em um dia histórico na luta por direitos.

Passados 33 anos…

… em 10 de maio de 2022, os trabalhadores vivem outro momento histórico na luta, com a perda de empregos decentes, a criação de vagas precárias, a volta da fome à mesa dos brasileiros e um governo de extrema direita que ataca a democracia e suas instituições, defendendo a ditadura abertamente. Conforme matéria da Rede Brasil Atual, o Brasil tem hoje a quarta maior taxa de juros entre os países mais ricos, com 12,75% ao ano. Atrás apenas de Argentina, Rússia e Turquia. Também tem a quarta maior inflação, com 11,3% no acumulado em 12 meses. Sendo que a prévia do mês de abril já indica que a taxa deve ultrapassar os 12% ao ano.

De acordo ainda com a matéria, o país tem ainda a terceira maior taxa de desemprego, com 11,1%, atrás apenas de África do Sul e Espanha. A situação foi revelada pela agência de classificação de risco Austin Rating. Por isso, a importância de relembrar a combatividade, união, garra, consciência e democracia na luta por direitos do 10 de maio de 1989. Faz parte da história de quem viveu, mas também de quem chegou depois e precisa conhecer de fato a sua própria história. Serve ainda de inspiração para a luta pela permanência de direitos conquistados, buscando eleger um presidente que tenha compromisso com a classe trabalhadora.  

Por Redação do Sinergia CUT, com informações do Arquivo da Comunicação do Sindicato