Comitê de Luta é lançado em Campinas (SP)

Lançamento do Comitê foi marcado por protesto de rua em Campinas e ato na sede do Sindipetro. Sinergia CUT presente.

Divulgação/CUT

Escrito por: Guilherme Weimann e Vanessa Ramos  

A noite de segunda-feira (13) ficou marcada pelo lançamento de um importante instrumento de mobilização popular. Na sede do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP), aproximadamente 250 pessoas se reuniram no lançamento do Comitê de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia de Campinas (SP) e Região.

O objetivo é reunir movimentos sindicais e populares – do campo e da cidade – em ações conjuntas para melhorar a vida da população brasileira, que tem sofrido as consequências de uma crise política e econômica profunda nos últimos anos.

Presente no evento, o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, falou sobre a mobilização em torno da criação dos Comitês de Luta no Brasil e a atuação dos movimentos populares nas ruas e nas redes sociais.

“Os comitês nascem em um país com fome, desemprego, miséria e um presidente criminoso que produz fake news, que está o tempo inteiro mentindo. A eleição em outubro pode levar esperança para o nosso povo, para o futuro da nossa nação e da América Latina”, opinou.

Guilherme Weimann/SindipetroGuilherme Weimann/Sindipetro
Ato de lançamento na sede do Sindipetro-SP em Campinas

Já o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, apontou que o desafio para transformar o cenário político já começou e, muito provavelmente, não terminará com o pleito eleitoral de outubro.

“Essas eleições são importantes? Sim, são muito importantes. Mas ganhar as eleições vai significar um enfrentamento ao capital e aos inimigos do povo. Vai ser uma disputa para eleger, vai ser uma disputa para tomar posse e vai ser uma disputa para fazer um governo popular neste país”, alertou.

Primeira mulher a ocupar a presidência da CUT-SP em 38 anos de história, Telma Victor comentou sobre a urgência em reverter o cenário político e econômico instalado a partir da atuação do governo de Jair Bolsonaro (PL).

“O país não pode mais aceitar conviver com esse governo que aprofunda a desigualdade social e a pobreza. O povo brasileiro não merece isso”, afirmou.

Anfitrião do evento, o diretor do Sindipetro-SP, Gustavo Marsaioli, apontou a necessidade de expandir a inserção do Comitê de Luta para pessoas que não são organizadas em sindicatos ou movimentos sociais.

“É importante nos unirmos, fazermos ações conjuntas, mas o principal é conseguir agregar cada vez mais pessoas que, atualmente, demonstram interesse em contribuir para a luta social, mas não encontram um espaço para isso”, ponderou.

Também participaram do ato representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Intersindical, Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Central dos Movimentos Populares (CMP), além de diversos sindicatos e parlamentares da região, da capital paulista e das cidades de Santo André (SP) e São Bernardo do Campo (SP). 

Vitória antirracista

Antes do lançamento oficial do Comitê de Luta de Campinas e Região, houve um ato no Largo do Rosário, seguido de passeata até a Câmara Municipal de Campinas, em apoio à vereadora Guida Calixto (PT), que enfrentou um pedido de cassação do seu mandato, apresentado pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), em decorrência da história em quadrinhos “Territórios Negros, nossos passos vêm de longe”.

Feita para ser distribuída em escolas, a publicação tem como objetivo resgatar a ancestralidade e a contribuição do povo negro à formação do povo brasileiro e à cidade de Campinas – incluindo ações, espaços e organizações negras de relevância social na história da cidade.

O presidente municipal do PRTB, por outro lado, sublinhou e deslocou de contexto a frase “Fogo nos racistas”, presente na cartilha, alegando incitação à violência.

Câmara de Campinas/FlickrCâmara de Campinas/Flickr
Movimentos populares se manifestam dentro da Câmara Municipal de Campinas

Na votação dessa segunda-feira (13), entretanto, o pedido de cassação foi rejeitado por 28 votos contra apenas 3 – estes últimos foram feitos pelos vereadores Major Jaime (PP), Marcelo Silva (PSD) e Nelson Hossri (PSD).

“Hoje, não estava em risco somente o nosso mandato. Tinha também um projeto de lei que aumentava a internação compulsória da população em situação de rua. E era um projeto do mesmo seguimento bolsonarista que pretendia caçar o nosso mandato. Por isso, a gente não vai poder tirar o pé, é necessário que o Comitê não se resuma a um evento, mas se torne um instrumento permanente de luta”, finalizou a vereadora Guida Calixto.

Confira fala do coordenador da subsede da CUT-SP em Campinas, Agenor Soares, durante o protesto nas ruas

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