Elektro: reunião trata sobre a polêmica implantação de câmeras para leituristas e cargos técnicos

Empresa surpreende e diz que pretende expandir o uso do equipamento para outras funções. Sinergia CUT e demais sindicatos se posicionam contra a ampliação do uso de câmeras e pedem que a empresa reavalie sua posição. Nova reunião deverá ser agendada

Bira Dantas e Pixabay

Por: Débora Piloni, com informações da Secretaria Geral

Dirigentes do Sinergia CUT e de demais entidades sindicais participaram de reunião virtual no último dia 21 de julho com a direção da Elektro para debater a polêmica intenção da empresa de implantação de câmeras para os agentes de faturamento (leituristas) e cargos técnicos.

Para a surpresa de todos os dirigentes sindicais, o atual gestor responsável pela Saúde e Segurança da Elektro abriu o tema informando que a pretensão da empresa será a iniciar a implementação do uso de câmeras nos agentes de faturamento e técnicos e, em seguida, expandir o projeto para outros cargos até que todas as funções abaixo utilizem o equipamento:

  1. Agentes de faturamento
  2. Inspetores de rede
  3. Projetistas
  4. Técnicos de Saúde e Segurança
  5. Agentes responsáveis

Com essa proposta, o projeto abrangerá de 290 equipes e 173 veículos que hoje são utilizados pelos leituristas.

Segurança?

Como argumento, a Elektro informou que o objetivo de tudo isso é melhorar a segurança diante do aumento significativo de acidentes. Disse ainda que, em quatro anos ocorreram 100 acidentes, contabilizando uma média de dois acidentes por mês. Também destacou que serão mantidos os mesmos procedimentos já praticados atualmente no uso de câmeras, destacando que:

  • Apenas a equipe de Saúde e Segurança é que avaliará  todo o conteúdo do material;
  • Serão selecionadas as gravações por ocasião de acidentes ou por sorteio, conforme praticado atualmente;
  • Haverá apenas a gravação de vídeo sem áudio;
  • Não haverá aplicação de medidas disciplinares em caso decorrentes do uso de câmeras;
  • Não haverá cobrança dos trabalhadores no caso de danos ou furto do equipamento.
Divergência

Em sua intervenção, o Sinergia Campinas resgatou o histórico desde o final de 2016 e lembrou que, em 2017, a empresa pretendia colocar a câmera num colete do eletricista e que inclusive, nestes casos, não se permite o uso de nada que contenha metal. Recordou as diversas reuniões, denúncia ao Ministério Público do Trabalho de Campinas, os encontros tripartites com o Cerest com o intuito de demover a empresa essa proposta. Houve acertos e correções, e o Sinergia Campinas mantém a mesma posição contrária ao uso de câmeras nas atividades de qualquer profissional do setor energético.

O Sindicato se surpreendeu com o elevado numero de acidentes e cobrou o cumprimento da cláusula 38 que se refere às CIPAs. Parágrafo 2º: “As EMPRESAS encaminharão cópia fiel das Comunicações de Acidente do Trabalho (CAT) por ela emitidas ao SINDICATO, o qual se compromete a idêntica providência, caso emita o Comunicado por sua iniciativa”.

O Sindicato ratificou ainda que o uso de equipamento de filmagem nas ruas é complicado, podendo colocar em risco a vida dos trabalhadores em diversas situações com tanta violência na sociedade. “Situações de assalto, brigas ou de qualquer evento em que o trabalhador poderá presenciar cotidianamente”, afirmaram os sindicalistas.

Assim, eles solicitaram debater primeiro as condições de trabalho desses profissionais, o plano de carreira e a jornada de trabalho. Também a necessidade de contratação de mais leituristas já que a demanda diária ultrapassa 500 leituras.

“Sugerimos ainda que a empresa contrate mais gestores, técnicos de segurança e demais profissionais”, declararam. Outra proposta apresentada pelos dirigentes sindicais foi a criação da Comissão de Condições de Trabalho, Saúde e Segurança, e que foi negada pela empresa.

O Sindicato comunicou à Elektro que, caso a proposta seja implantada de forma unilateral, a empresa será notificada para o cumprimento da cláusula 39ª do Acordo Coletivo vigente:

CLÁUSULA TRINTA E NOVE: RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS

O Sindicato compromete-se a não ajuizar qualquer reclamação trabalhista contra as EMPRESAS, sem que, previamente, a pretensão seja apresentada por escrito à Gerência de Recursos Humanos, a qual, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias do recebimento do pleito, compromete-se a apresentar a respectiva resposta, por escrito, devidamente acompanhada dos esclarecimentos cabíveis.

Os Sindicatos se posicionaram contra essa ampliação do uso de câmeras e pediram que a Elektro reconsidere sua posição e nada implemente.

A empresa se comprometeu a avaliar essa solicitação com a Direção e agendará nova reunião em breve. Aguarde!

OUTROS ASSUNTOS: PLR e CS 2022

Nessa mesma reunião do dia 21, a Elektro apresentou alguns informes às entidades sindicais:

Quanto ao pagamento da antecipação da PLR 2022, avisou que seria efetuada no dia 25/07, juntamente com o pagamento do salário e beneficios.

O valor pago nesta data foi de R$ 1.700,00 + 27% de uma remuneração do trabalhador no mês anterior.

Para os afastados por acidente de trabalho ou doença ocupacional, o adiantamento citado no inciso desta cláusula foi pago integralmente.

Para aqueles não líderes admitidos durante o ano base de 2022, anteriormente a 30 (trinta) de junho/22, o adiantamento foi pago de forma proporcional, ao período trabalhado entre janeiro e junho, calculado sobre a remuneração destes no mês de junho.

A segunda parcela será paga até o final do mês de março de 2023.

Na primeira semana de agosto haverá reunião entre Sindicatos e empresa para acompanhamento dos resultados parciais dos objetivos ocorridos.

Negociação data-base 2022:

A empresa ratificou que, apesar de ter recebido pautas específicas do Sinergia Campinas e Sinergia Sindergel, não abrirá mesa de negociação para este ano, porque entende que já foi negociado na campanha salarial do ano passado.

Ratificou também que o presente acordo tem vigência de dois anos, ou seja, de 1 de junho de 2021 a 31 de maio de 2023, prorrogando-se automaticamente por mais dois anos, ou seja, de 1 junho de 2023 a 31 de maio 2025.

O Sinergia Campinas solicitou que seja redigido entre as partes um Termo Aditivo ao ACT vigente com as correções das cláusulas que tenham beneficios econômicos atualizado os valores praticados a partir de 01/06/2022 e registrando o índice de 11,73% (IPCA). A empresa concordou e irá formalizar o documento.

“Mais salários, mais direitos, mais empregos, mais saúde, mais luta com você!”