CS 2019: surpresas na primeira rodada de negociação com a Cesp

Nice Bulhões, com informações da Secretaria Geral

Representantes do Sindicato foram surpreendidos na primeira rodada de negociação com a Cesp, realizada quinta-feira (6). Primeiro, a empresa fez a contratação de negociadores terceirizados, no caso, o escritório Rodrigues Jr. Advogados. Segundo, agendou reuniões separadamente com as entidades representativas dos trabalhadores (SP, Engenheiros e Campinas).
Diante do repúdio à prática de negociação em separado com as entidades e da insistência em não aceitá-la por parte dos dirigentes sindicais, a empresa concordou em agendar uma reunião conjunta com os demais, com a data a ser confirmada para o dia 12 de junho.
Foi a primeira negociação com a empresa após sua privatização, ocorrida em outubro de 2018 com a realização de um leilão. Os novos controladores da Cesp são Votorantim Energia e o fundo canadense CPPIB.
Confira abaixo os itens do atual Acordo Coletivo que a empresa deseja negociar e as respostas do Sindicato:

  • PRR – Política de Remuneração por resultados – Em virtude da compra da empresa ter sido efetivada em dezembro do ano passado, os negociadores informaram que irão manter os mesmos valores e critérios já acordados para o           primeiro semestre do ano. Porém, desejam discutir, em até 30 dias, as metas e condições para o segundo semestre de 2019, com pagamento em 2020. Já a PRR de 2020 será discutida até outubro de 2019, com pagamento em 2021.
  • Plano de Cargos e Salários – A verba prevista no ACT atual é de R$ 126.000 para um universo de pouco mais de 500 trabalhadores. A proposta da empresa é dividir esse valor pelo número de trabalhadores da época e multiplicar pelo atual número (222), chegando, então, ao valor que deseja destinar ao PCS.

O Sindicato argumentou que não apenas o valor, mas sim definir critérios claros e objetivos e regras para a avaliação. Segundo a empresa, será feita uma proposta de avaliação onde não somente o superior, mas também os demais trabalhadores participarão da avaliação.

  • Função Acessória – A empresa deseja mudar a redação atual do Acordo para definir melhor para quem será pago e o porquê.
  • Bolsa de Estudos – Quer adotar o mesmo procedimento do PCS. Hoje, para esse benefício tem uma coparticipação por parte dos trabalhadores (percentual tirado do vale alimentação) e uma parte da empresa. A proposta é pegar esse valor (R$ 374.220,00) do atual acordo e dividir pelos trabalhadores da época           (+/- 500), multiplicar pelo número atual (222) e definir o valor.
  • Gerenciamento de Pessoal – A atual cláusula de gerenciamento de pessoal garante 100% do quadro de trabalhadores até 31/12/2020. A empresa deseja alterar a cláusula para que possa demitir 3 trabalhadores na base do Sindicato de Campinas. Após 31/12/2020, deseja extinguir a cláusula.

O Sindicato obviamente rechaçou a proposta da empresa. “Política de emprego para nos é sagrada”, afirmaram os dirigentes sindicas.

  • CIPA – Deseja reduzir o mandato de 2 para 1 ano.

O Sindicato informou que, mais do que discutir a Cipa, é preciso discutir uma política de saúde e segurança no trabalho.

  • Representantes Sindicais– O atual Acordo Coletivo prevê dois representantes sindicais. A empresa deseja reduzir para 1.
  • Atividades Sindicais – A empresa quer que as solicitações de atividades sindicais sejam informadas não mais com 24 horas, mas sim com 5 dias de antecedência.

O Sindicato concorda, desde que seja garantida a liberação, e não mais negada, como às vezes ocorre.

  • Reajuste de Salários e Benefícios – Deseja aplicar o INPC. Porém, quer que esse seja um índice fixo para as futuras negociações.

O Sindicato realiza um levantamento sobre qual o comportamento desse índice nos últimos dez anos.

  • Vigência: 1 ano.
  • Demais cláusulas do Acordo: Estão mantidas.

 Avaliação do Sindicato
O Sindicato reafirmou, durante as suas intervenções, que não concorda com a extinção da cláusula de política de emprego. “Essa cláusula nos é muito cara, pois garante que a empresa não demita indiscriminadamente”, afirmaram os diretores do Sindicato.
A entidade sindical também insistiu na concessão de aumento real no reajuste de salário e um reajuste diferenciado nos itens de alimentação. “Para as demais cláusulas apresentadas pela empresa, informamos que não poderemos nos manifestar até que a empresa apresente números e não apenas conceitos”, falaram os dirigentes. “Repudiamos a prática da empresa em negociar separadamente com as entidades, pois caso ela insista nessa metodologia, não iremos aceitar o que for previamente acordado com os demais”, finalizaram.
Só a luta de garante!