Sinergia CUT participa nesta sexta (01) em São Paulo de ato em solidariedade aos atingidos de Brumadinho

FBP

Nice Bulhões

Promovido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a iniciativa também irá ocorrer em outros estados brasileiros. #SomosTodosAtingidos
O Sinergia CUT participa nesta sexta-feira (01) do ato em solidariedade aos atingidos de Brumadinho (MG), às 18h, na Praça da Sé, em São Paulo. A manifestação é promovida pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Este é apenas um dos atos, já que o MAB convocou movimentos populares de vários estados brasileiros para se solidarizarem, neste dia, com a população atingida pelo crime de Brumadinho, e cobrar por justiça.
Além das barragens das mineradoras, que quando rompidas causam tragédias humanas e ambientais com efeitos irreversíveis e de difícil gestão, o Sinergia CUT lembra que existem ainda as barragens das usinas hidrelétricas. Preocupado com a segurança dessas últimas, o Sindicato cobrou da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a exigência de um Plano de Segurança de Barragens (PSB) por parte das geradoras de energia elétrica, já que muitas ainda não o apresentaram. Leia matéria clicando aqui. Nesta terça (29), a Aneel anunciou que fará uma força-tarefa para fiscalizar in loco as barragens de cerca de 130 usinas hidrelétricas até maio deste ano. Confira aqui essa matéria.
O rompimento das barragens das mineradoras afeta todo o sistema hídrico e, consequentemente, a geração de energia. No caso de Brumadinho, os rejeitos da Barragem do Complexo do Feijão estão descendo o Rio Paraopeba em direção à UHE de Retiro Baixo, que foi até desligada visando a preservação de equipamentos. Mas, se o trajeto dessa água turva não for contido em Retiro Baixo, toda essa pluma (mistura de rejeito e água) poderá chegar ao Rio São Francisco. Ele está a 30 quilômetros dessa hidrelétrica, que, na avaliação do Sinergia CUT, precisa reter toda a lama de minério vazada da barragem do Complexo de Feijão.

“Nos preocupa essa lama que está descendo”, avalia a Direção do Sinergia CUT. “O que vão fazer para parar essa pluma de sedimentos?”, questiona a entidade. Na prática, se Retiro Baixo não conseguir segurar isso, toda a lama irá parar no lago da hidrelétrica de Três Marias, a primeira usina do Rio São Francisco, o “Velho Chico”, que atravessa cinco estados. Com relação à captação da água, o relatório do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) informou que os valores de turbidez  da água nos pontos ‘Captação RMBH Brumadinho’ e ‘Mário Campos’ estão diminuindo, mas órgãos competentes avaliam que a água está imprópria para o consumo.

De acordo com a direção do Sindicato, as barragens de mineração e das hidrelétricas precisam ser fiscalizadas. “É preciso haver investimentos em monitoramento, com estudos de risco de ruptura por parte das empresas e em fiscalização por parte do Estado”, na avaliação dos dirigentes sindicais. “Por isso, estamos juntos com o MAB nesta cobrança e em solidariedade aos atingidos de Brumadinho, mas também não nos esquecendo dos afetados por Fundão, em Mariana, em 2015.”
Privatização
Para a Direção do Sinergia CUT, os acidentes ambientais e de trabalho se multiplicaram após a Vale do Rio Doce ser privatizada em 6 de maio de 1997, no governo de Fernando Henrique Cardoso. A empresa foi criada em 1942 com recursos do Tesouro Nacional. Durante 55 anos, foi uma empresa mista e o seu controle acionário pertencia ao governo. A Redação do Brasil de Fato publicou, em 2017, a “Venda da Vale completa 20 anos e foi um dos maiores crimes cometidos contra o Brasil“, que faz uma breve história da empresa.
Na avaliação do Sindicato, os responsáveis por esta tragédia criminosa precisam ser penalizados pela perda de vidas de trabalhadores e trabalhadoras e também de moradores e agricultores familiares atingidos. “Foi um crime”, afirma a Direção. Ela lembra ainda que a Vale é reincidente. “Estaremos nesta luta e somos solidários com as famílias dos trabalhadores e dos moradores atingidos.”
Confira aqui o Boletim do MAB – 7º dia do #MassacreDaVale.  Na noite desta quinta (31), subiu para 110 o número de mortes causadas pelo rompimento dessa barragem.