10 de maio: 30 anos da grande greve histórica dos eletricitários

Débora Piloni a partir de pesquisa histórica de Lílian Parise

Exemplo de combatividade união, garra, consciência e democracia na luta por direitos. E em 2019, a luta é contra os desmandos do atual governo de Bolsonaro, que está desmontando o país desde a economia, que não dá sinais de recuperação ou de que possa haver crescimento econômico, até a Previdência, Educação, Saúde e Segurança.
Nesta sexta-feira, 10 de maio, completa 30 anos a greve histórica dos eletricitários.
1989… era Sarney.
Naquela época, o Brasil registrava índices de inflação de três dígitos (933,62% durante o ano de 1988) e batia recordes de demissões. O Plano Verão anunciado na época só trouxe mais prejuízos aos trabalhadores, que foram às ruas e pararam fábricas contra as medidas do governo federal.
No estado de SP, o governo Quércia adotou uma postura intransigente e não atendeu as solicitações dos trabalhadores das então estatais Cesp e CPFL. A data-base dos eletricitários era em janeiro. Depois de mais de dois meses buscando negociação, os trabalhadores decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 10 de maio.
Era também uma quarta-feira. Centenas de trabalhadores, principalmente das grandes usinas da Cesp – Água Vermelha, Jupiá e Ilha Solteira – cruzaram os braços para defender os salários, que perdiam 74,64% do poder de compra, e as empresas públicas, que perdiam a credibilidade e a eficiência para se transformar em cabides de emprego.

Pouco tempo depois, a paralisação contou com o reforço de todos os trabalhadores da Cesp no interior e de grande parte do pessoal da CPFL. Os eletricitários assumiram então o Comando de Greve, que manteve sob controle os serviços essenciais para não prejudicar a população.
A repressão e as armações do governo para tentar desmoralizar a greve não intimidaram os trabalhadores. Aconteceu então uma manobra nunca antes vista: o ex-ministro do Trabalho e então presidente da Cesp, Murilo Macedo, conseguiu abrir o TRT no sábado (13) para que a greve pacífica e ordeira fosse julgada ilegal.
Apesar da força da paralisação, os trabalhadores suspenderam a greve para abrir negociações que trouxeram várias conquistas econômicas e sindicais, que depois se transformaram em direitos. Vieram também as demissões injustas e ilegais de dez companheiros, que mais tarde foram reintegrados.
E aquele 10 de maio de 1989 se transformou em um dia histórico na luta por direitos.
Passados 30 anos…
… no 10 de maio de 2019, os trabalhadores vivem outro momento histórico na luta contra os desmandos do atual governo. O país passa por um dos piores períodos em tempo democrático.
Por tudo isso, contra o desmonte da aposentadoria e contra os cortes de investimentos na educação básica e superior anunciada pelo ministro Abraham Weintraub, a CUT está convocando a classe trabalhadora a participar e a engrossar a Greve Nacional da Educação, que ocorrerá no próximo dia 15 de maio.
O anúncio do corte de verbas aumentou o apoio à greve nacional da categoria, convocada no início de abril pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) para defender a aposentadoria e o ensino público e funcionar como um esquenta para a greve geral da classe trabalhadora no dia 14 de junho.
“Em meio a tanto caos, não há outra saída aos trabalhadores tanto do setor energético quanto das demais categorias desse nosso Brasil. Mais do que sempre o momento é de união e batalha! Envolva-se! Só a luta te garante!”, afirma a direção do Sinergia CUT.