CS 2019/Elektro: Nem tudo que reluz é ouro

Débora Piloni e Nice Bulhões

Na quarta rodada, a empresa apresenta a proposta final, mas mantém pacote com maldades. Apesar do avanço parcial, o Sindicato quer continuar negociando por não concordar com quatro pontos críticos da proposta
 
Durante a quarta rodada, realizada em 6 de junho, a Elektro/EKCE/EKTTs retirou da sua proposta quatro maldades do pacote: previdência privada, termo de quitação anual e banco de horas. Mas não houve consenso com relação a outros quatro itens da proposta, considerada como sendo “fi nal” pela empresa. O Sindicato não concorda com os seguintes pontos abaixo:

  • Com a mudança do Plano de
    AMH da Fundação Cesp para o Plano
    Bradesco;
  • Com a redução do salário e o pagamento
    proporcional dos benefícios
    de Alimentação para os aprendizes;
  • Com a cláusula de flexibilização
    na contratação de pessoas com defi –
    ciência (PCDs);
  • Com a reestruturação do Call
    Center. (veja abaixo)

Empresa condiciona pagamento
A negociação destes itens é fundamental para o Sindicato. Só que a Elektro condicionou o pagamento da PLR 2019 à aprovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerando que isso é “indivisível”. Além disso, condicionou o pagamento dos valores do adiantamento da PLR e o reajuste salarial em 27 de junho só após a aprovação desse pacote até 18 de junho.
Mas, é preciso lembrar que o ACT tem vigência até 2022 e a PLR 2019 com a antecipação em julho já está garantida. Além disso, apenas os itens econômicos do Acordo estariam abertos para negociação, o que não foi respeitado pela empresa. Esse prazo limite é preciso ser avaliado com muita cautela. Isso porque ao mudar o plano de saúde este ano, a empresa sinaliza para a mudança no próximo ano do plano de previdência, afetando tanto ativos como aposentados e seus agregados.
A proposta da empresa
► Vigência: prorrogação do ACT por
mais um ano (2022-2023).
► Reajuste: 4,66% pelo IPCA nos salários,
pisos e demais itens econômicos,
inclusive VA/VR/Cesta.
► Cesta: redução de 1 ponto percentual
na participação (de 9% para 8%).
► Gift Card: reajusta para R$ 250 em
dez/2019.
► VA/VR: redução da participação do
VA para R$1 até a faixa 4 e para as demais
faixas, redução de 1 ponto percentual;
► Fim do pagamento quinzenal: inclusão
da forma de pagamento (parcela
única, dia 25 de cada mês) na cláusula 47,
com discussão e implementação para abril
de 2020.
► 13º salário: antecipa para janeiro (1ª
parcela) e novembro (2ª parcela) a partir
de 2020.
► Seguro de vida: implementa o Seguro
de Vida e altera a cláusula 16 do
Acordo Coletivo.
► Calendário de Compensação: uniformiza
um calendário de compensação
para pontes e feriados.
► Horário Flexível: implanta opcionalmente,
no almoço na Sede, o horário flexível
de 30 minutos.
► Home Office e Teletrabalho: introduz
no ACT a previsão de trabalho em
casa e remoto.
► Call Center: veja no verso.
► PCDs: flexibiliza contratação de pessoas
com deficiências.
► Aprendizes: Internaliza-os na folha
de pagamento.
► Plano de Saúde: encerra o plano da
FunCesp e vai para o Bradesco.
► Plano Odontológico: encerra o
plano da FunCesp e vai para OdontoPrev
Bradesco.
► Contribuição sindical: desconto na
folha
Histórico
As negociações começaram com a Elektro/EKCE/EKTTs em 16 de maio. Depois disso, foram realizadas mais três rodadas, nos dias 23 e 30 de maio e, esta última, do dia 6 de junho. O Sinergia Campinas entregou uma Pauta de Reivindicações enxuta, solicitando
reajuste de salários e benefícios pelo ICV Dieese e 2% de aumento real, PLR para 2020 e prorrogação do ACT até 2023.
Só corrigir os salários e benefícios pelo IPCA não atende a reivindicação dos trabalhadores pois não prevê aumento real. E as conquistas e os direitos consagrados do ACT foram
frutos de muita mobilização. Por isso, é preciso lutar para manter o que foi conquistado ao longo dos anos. O Sinergia CUT realiza assembleias nesta semana. Participe! Porque…
Só a luta te garante!
PLR não é moeda de troca
Com relação à PLR 2019, a Elektro/EKCE manteve a fixação de um limitador de
três folhas de pagamento no montante a ser distribuído. Também continua a condicionar o pagamento da antecipação à assinatura de Termo Específico de PLR 2019 e à conclusão da negociação salarial da data-base.
Vale ressaltar que o argumento da empresa para o limitador continua o mesmo.
Segundo ela, é para um alinhamento com as demais empresas do Grupo. O Sinergia CUT entende que o Acordo Coletivo é vigente até 2022 e a PLR 2019 com a antecipação em julho já está garantida.
O Sindicato não concorda na posição da empresa de condicionar o
pagamento da antecipação da PLR 2019 à aprovação do ACT até 18 de junho. Isso é,
no mínimo, uma forma de pressionar os trabalhadores a aprovar no afogadilho o Acordo e sem explicar, por exemplo, as mudanças no Call Center (veja abaixo). Tudo em troca
da PLR.
Nas assembleias desta semana, o Sinergia CUT também debaterá com os trabalhadores a PLR 2019. Participe!
Novo Call Center fere emprego e NR 17
Com uma mudança feita à revelia do Sindicato, a Elektro simplesmente apresenta o seu projeto de implantação em Campinas de um “Call Center Corporativo”. A iniciativa já de
pronto, segundo o Sindicato, fere a NR 17, que estabelece parâmetros para a adaptação das condições de trabalho. Os trabalhadores de call center não podem ter jornada superior a seis horas e salário abaixo do piso. (veja na tabela abaixo)
Queremos discutir melhor essa proposta que também não garante o emprego dos atuais atendentes.
Cenário proposto
Escala 5×2, com 7h12m por dia, respeitando o limite de 36h semanais. Os trabalhadores têm uma hora de almoço fora da jornada, ficando, assim, 8h12m na empresa;
Agentes de Relacionamento distribuídos em três níveis;
Criação de plano de carreira (maior motivação e melhoria no clima);
Diferenciação salarial por nível/senioridade;
Valorização dos agentes que se destacam e que atendem múltiplos canais (receptivo e ativo);
Utilizar senioridade para priorizar benefícios (agendamento e substituição de férias, participações em RIs, treinamentos…).

Só a luta te garante!