Uma história para mostrar como Paulo Henrique Amorim defendeu a democracia brasileira na ditadura

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Elias Aredes Junior

Morto nesta quarta-feira, o jornalista Paulo Henrique Amorim teve um papel fundamental na solidificação da nossa democracia. O ano era 1982. Eleições para governador. O Rio de Janeiro era estratégico para ditadura militar.
Leonel Brizola era candidato. Com o suicídio de Getulio Vargas e a morte de João Goulart em 1976, o ex-governador do Rio Grande do Sul era candidato a governador do Rio de Janeiro.
Os militares não queriam sua vitória de jeito nenhum. Tanto que lhe tirou a legenda do PTB e lhe forçou a criar o PDT. Se Briza ultrapassasse tudo isso e vencesse nas urnas daria um passo gigantesco para conseguir o que desejava: o Palácio do Planalto.
Campanha acirrada e Brizola empolgou o eleitorado com o slogan “Brizola na Cabeça”, o que remetia a um jargão do Jogo do Bicho.
Foi neste contexto que com o apoio da empresa Proconsult houve a tentativa de transferir votos brancos e nulos para Moreira Franco(sim, ele próprio), na época candidato do PDS, o partido da ditadura.
Os indícios de que os resultados seriam fraudados surgiram da apuração paralela contratada pelo PDT à empresa Sysin Sistemas e Serviços de Informática. Rádio Jornal do Brasil também obtinha resultados diferentes e a Rede Globo na época foi acusada de avalizar os resultados do Proconsult.
A fraude foi extensamente denunciada pelo Jornal do Brasil, que na época tinha como editor chefe Paulo Henrique Amorim.
Por dias e dias, Amorim e sua equipe de repórteres denunciava os indícios de fraude ao lado de Eliakim Araújo na Rádio Jornal do Brasil.
Resultado: a pressão foi enorme, ocorreu um recuo por parte da Globo e da Proconsult e a vitória de Brizola foi assegurada. E se a fraude fosse levada em frente? Não sabíamos o que poderia acontecer.
Só por esse único episódio Paulo Henrique Amorim merece todas as homenagens por ter sido um defensor da democracia em um instante único do Brasil.