Diante do clima de guerra provocado pela empresa, incluindo vários interditos proibitórios, Sindicato suspende greve
Um dia depois da última tentativa de mediação no processo de pré-dissídio do TRT 15 (Tribunal Regional do Trabalho de Campinas), frustrada pela intransigência dos representantes da Elektro, a resposta dos trabalhadores foi dar início à greve por tempo indeterminado, começando a paralisação por sete localidades estratégicas da distribuidora.
Tudo porque, em audiência realizada no final da tarde da última quarta-feira (31), convocada pela desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani, os dirigentes do Sinergia Campinas reafirmaram que, em assembleias deliberativas, os trabalhadores rejeitaram novamente a proposta apresentada pela Elektro, principalmente em função da mudança do plano de saúde da Fundação Cesp para o Bradesco.
Apesar da disposição do Sindicato de chegar a um acordo na conciliação, inclusive aceitando os outros pontos da proposta patronal, a empresa manteve a mesma atitude intolerante, criando mais um impasse diante do Tribunal. Diante da impossibilidade de consenso provocada pela empresa, o TRT mandou arquivar o processo de pré-dissídio, abrindo caminho para que os trabalhadores resistissem através do plano de luta, com greve a partir da manhã da última quinta-feira (1º).
Mais prática antissindical
Desde cedo, informam os dirigentes sindicais, a greve começou pacífica em cidades estratégicas escolhidas pelo Sinergia Campinas para dar início à paralisação, apesar do clima organizacional de aprofundamento do assédio moral por alguns chefes e líderes, inclusive com a presença de policiais e viaturas em várias localidades na tentativa de intimidar o movimento.
Mas, foi por volta da hora do almoço que o Sindicato foi surpreendido por uma liminar de “interdito proibitório”, concedida à Elektro pela Vara do Trabalho de Rio Claro, a primeira de várias liminares para impedir qualquer paralisação em qualquer dependência da empresa, sob pena de multas diárias que chegam a até R$ 50 mil.
Diante das liminares, o Sindicato decidiu então suspender temporariamente a greve, mantendo o estado de greve para continuar resistindo e lutando pelos direitos da categoria. Para os dirigentes sindicais, “o interdito proibitório foi criado durante a ditadura militar para proteger a posse de um bem móvel ou imóvel. É um equívoco usar esse instrumento para coibir atividades sindicais, principalmente em paralisações pacíficas. Recorrer ao interdito proibitório é mais uma prática antissindical dos gestores da Elektro”.
Milhões para acionistas
Enquanto a direção da Elektro não pagou a antecipação da PLR aos trabalhadores no final de julho, conforme determina o Termo Aditivo ao Acordo Coletivo, em mais uma atitude de pressão para ver aprovada a proposta rejeitada duas vezes, a direção do Sinergia Campinas denuncia que para os acionistas tem muito dinheiro. “A última reunião do Conselho de Administração, no final de junho, aprovou o montante de R$ 76 milhões para serem distribuídos aos acionistas, com pagamento que será realizado a partir do dia 7, quarta-feira da semana que vem”, afirma a direção da entidade.
Atualização 1 – Medidas tomadas
Diante dos fatos, o Sindicato entrou na última quinta-feira (1º) com dissídio coletivo econômico no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (TRT 15) e, na sexta-feira (2), com Ação de Cumprimento pelo não pagamento da antecipação da PLR 2019, que foi encaminhada para a 9ª Vara do Trabalho de Campinas.
Atualização 2 – Audiência acontece na próxima quinta
Na tarde desta terça-feira (6), o Sindicato foi informado oficialmente pelo TRT que a desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani marcou a primeira audiência de tentativa de conciliação e instrução para a próxima quinta-feira (8), às 14h30, dentro do processo de dissídio coletivo de natureza econômica, posteriormente retificado para dissídio coletivo de greve.