Elektro: trabalhadores continuam em estado de greve

Roberto Claro

Lílian Parise

Diante do clima de guerra provocado pela empresa, incluindo vários interditos proibitórios, Sindicato suspende greve 
Um dia depois da última tentativa de mediação no processo de pré-dissídio do TRT 15 (Tribunal Regional do Trabalho de Campinas), frustrada pela intransigência dos representantes da Elektro, a resposta dos trabalhadores foi dar início à greve por tempo indeterminado, começando a paralisação por sete localidades estratégicas da distribuidora.
Tudo porque, em audiência realizada no final da tarde da última quarta-feira (31), convocada pela desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani, os dirigentes do Sinergia Campinas reafirmaram que, em assembleias deliberativas, os trabalhadores rejeitaram novamente a proposta apresentada pela Elektro, principalmente em função da mudança do plano de saúde da Fundação Cesp para o Bradesco.
Apesar da disposição do Sindicato de chegar a um acordo na conciliação, inclusive aceitando os outros pontos da proposta patronal, a empresa manteve a mesma atitude intolerante, criando mais um impasse diante do Tribunal. Diante da impossibilidade de consenso provocada pela empresa, o TRT mandou arquivar o processo de pré-dissídio, abrindo caminho para que os trabalhadores resistissem através do plano de luta, com greve a partir da manhã da última quinta-feira (1º).
Mais prática antissindical
Desde cedo, informam os dirigentes sindicais, a greve começou pacífica em cidades estratégicas escolhidas pelo Sinergia Campinas para dar início à paralisação, apesar do clima organizacional de aprofundamento do assédio moral por alguns chefes e líderes, inclusive com a presença de policiais e viaturas em várias localidades na tentativa de intimidar o movimento.
Mas, foi por volta da hora do almoço que o Sindicato foi surpreendido por uma liminar de “interdito proibitório”, concedida à Elektro pela Vara do Trabalho de Rio Claro, a primeira de várias liminares para impedir qualquer paralisação em qualquer dependência da empresa, sob pena de multas diárias que chegam a até R$ 50 mil.
Diante das liminares, o Sindicato decidiu então suspender temporariamente a greve, mantendo o estado de greve para continuar resistindo e lutando pelos direitos da categoria. Para os dirigentes sindicais, “o interdito proibitório foi criado durante a ditadura militar para proteger a posse de um bem móvel ou imóvel. É um equívoco usar esse instrumento para coibir atividades sindicais, principalmente em paralisações pacíficas. Recorrer ao interdito proibitório é mais uma prática antissindical dos gestores da Elektro”.
Milhões para acionistas
Enquanto a direção da Elektro não pagou a antecipação da PLR aos trabalhadores no final de julho, conforme determina o Termo Aditivo ao Acordo Coletivo, em mais uma atitude de pressão para ver aprovada a proposta rejeitada duas vezes, a direção do Sinergia Campinas denuncia que para os acionistas tem muito dinheiro. “A última reunião do Conselho de Administração, no final de junho, aprovou o montante de R$ 76 milhões para serem distribuídos aos acionistas, com pagamento que será realizado a partir do dia 7, quarta-feira da semana que vem”, afirma a direção da entidade.
Atualização 1 – Medidas tomadas
Diante dos fatos, o Sindicato entrou na última quinta-feira (1º) com dissídio coletivo econômico no Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (TRT 15) e, na sexta-feira (2), com Ação de Cumprimento pelo não pagamento da antecipação da PLR 2019, que foi encaminhada para a 9ª Vara do Trabalho de Campinas.
Atualização 2 – Audiência acontece na próxima quinta
Na tarde desta terça-feira (6), o Sindicato foi informado oficialmente pelo TRT que a desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani marcou a primeira audiência de tentativa de conciliação e instrução para a próxima quinta-feira (8), às 14h30, dentro do processo de dissídio coletivo de natureza econômica, posteriormente retificado para dissídio coletivo de greve.