‘Guedes é guarda-chuva de camelô: não resiste à tempestade’, diz cientista político

Depois do pibinho de 1,1%, ministro da Economia vai passar pelo seu maior teste diante da crise internacional que se alastra junto com o coronavírus

Reprodução/MME

Redação RBA

Depois do pibinho de 1,1%, ministro da Economia vai passar pelo seu maior teste diante da crise internacional que se alastra junto com o coronavírus
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“Personalidade instável” e governo produtor de crises podem arrastar Guedes durante tempestade internacional
 
São Paulo – Cláudio Couto, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), avalia que a “tempestade” no cenário econômico mundial que parece ter caído nesta segunda-feira (09) vai ser um teste que pode arrasar com o ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes. Os mercados mundiais foram tomados por pânico nesta segunda-feira, por conta do alastramento da ameaça de epidemia do coronavírus e pela queda brutal no preço internacional do petróleo.
Ainda durante a madrugada do domingo, quando as bolsas asiáticas começaram a operar, o preço do óleo cru caiu até 31% – maior tombo desde a Guerra do Golfo (1990-91). Na sequência, a Bolsa de Nova York, ativou o chamado circuit break, paralisando as atividades, depois que o índice Dow Jones caiu mais de 10% nesta segunda-feira (9). O pregão da Bolsa de São Paulo também interrompeu as negociações por 30 minutos durante a manhã.
“Antes mesmo da eleição, dizia-se que Guedes parecia aqueles guarda-chuvas de camelô, que dificilmente resistem à primeira tempestade. Pelo jeito, a tempestade está chegando”, disse em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual.
A situação é agravada, segundo Couto, porque o governo Bolsonaro é “produtor de crises”, que se somam à própria “personalidade instável” do ministro.
“Há poucos dias, vimos que o presidente estava insatisfeito com a baixa taxa de crescimento do PIB, que ficou em 1,1%. Agora tudo tende a piorar. A questão é saber se, apesar de parecer ser um guarda-chuva de camelô, Guedes vai resistir – sobretudo sabendo como ele é usado pelo seu dono, que não toma muito cuidado com as suas atitudes e com aquilo que vale para a economia”, disse o cientista político.

Submissão

Couto também comentou sobre o acordo militar assinado entre o Brasil e os Estados Unidos, além do alinhamento “partidário-ideológico” de Bolsonaro com presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tiveram um encontro na Flórida, neste domingo (8). Ele prevê resistência no Congresso Nacional, que precisa ratificar o acordo. Novamente, a situação é agravada pela retórica de confronto adotada por Bolsonaro, contra os demais poderes da República. Antes de viajar, ele conclamou seus apoiadores à saírem às ruas no próximo dia 15.
“Nesse cenário de confronto entre os poderes e de desconfiança sobre às relações do governo Bolsonaro com o governo americano, tudo tende a ser ainda mais difícil. É preciso aguardar para ver os detalhes do acordo e como vai tramitar, se é que vai tramitar, no Congresso Nacional”, disse o analista.

Sinuca

Sobre a convocação dos protestos, Couto afirmou que Bolsonaro acabou se colocando num dilema. Se insistir no apoio aos protestos, tende a desgastar ainda mais as relações com o Congresso e com o Supremo Tribunal Federal (STF), justamente em momento de crise internacional. Se recuar, se enfraquece junto aos seus próprios apoiadores. O cientista político também identificou traços populistas e autoritários nessa atuação.
“A ideia é mobilizar as ruas contra as instituições. É o típico modelo populista de atuação, de mobilizar a população se colocando como o único representante legítimo dos cidadãos, tentando, assim, eliminar todos os limites ao exercício do poder”, afirmou.