Gabinete do ódio

Derrubada de contas ligadas a Bolsonaro eleva pressão por cassação no TSE

Ação do Facebook é mais uma prova da existência de um mecanismo organizado, que opera desde as eleições, para espalhar desinformação nas redes sociais

Redação RBA

Ação do Facebook é mais uma prova da existência de um mecanismo organizado, que opera desde as eleições, para espalhar desinformação nas redes sociais
Marcos Corrêa/PR

Cassação da chapa a partir de 2021 resultaria em eleições indiretas
São Paulo – Segundo o cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, a derrubada pelo Facebook de contas e páginas ligadas ao clã Bolsonaro reforça a necessidade de acelerar os processos que correm no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

São quatro ações que apuram os disparos em massa de notícias falsas, por meio do aplicativo WhatsApp, durante a campanha eleitoral de 2018. Se comprovados os crimes eleitorais, como resultado, a chapa Bolsonaro/Mourão seria cassada.
Segundo o próprio Facebook, as 88 contas e páginas tiradas do ar nesta quarta-feira (8) também operavam, desde as eleições, com o mesmo objetivo de disseminar a desinformação.
Segundo Folena, “o Facebook fez o que as instituições do Judiciário não fizeram”. “A fraude perpetrada na campanha, com mentiras por parte da chapa vencedora, foi de tal forma que induziu e contaminou todo o processo. Mais do que nunca, há elementos suficientes para o TSE cassar a chapa”, afirmou o analista em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (9).
O cientista e advogado diz que há provas documentais e testemunhais que apontam para manipulações durante as eleições. Ele destacou o depoimento da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) na CPMI das Fake News. Ex-aliada do clã Bolsonaro, ela deu relatos do funcionamento do chamado “gabinete do ódio” que opera nas redes sociais.
O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro e ex-aliado da família, também relatou que, durante as eleições, agentes da Polícia Federal (PF) vazaram informações a respeito das investigações relativas ao esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Além disso, não apenas vazaram informações, como retardaram investigações, a fim de não prejudicar o desempenho de Bolsonaro na disputa eleitoral.

Urgência

No entanto, para Folena, é necessário pressionar para que o TSE atue com celeridade no julgamento desses processos. Caso a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão não ocorra até o final deste ano, não haveria a realização de novas eleições diretas. A partir do ano que vem, caberia ao Congresso Nacional, em eleição indireta, escolher o presidente que cumpriria “mandato tampão” até as eleições de 2022. “Me parece que é isso que tenta organizar o ‘establishment’, que não quer o afastamento de Bolsonaro agora”, afirmou.

Assista à entrevista:

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima

__________________________________________________________________________________________________________