Sinergia CUT alerta: Elektro, todas as vidas importam!

Em menos de um ano, dois trabalhadores da Cantóia, empresa terceirizada, pagam com a vida a precarização e a falta de investimentos em saúde e segurança. Sindicato cobra e, finalmente, contrato é suspenso

Lílian Parise

Em menos de um ano, dois trabalhadores da Cantóia, empresa terceirizada, pagam com a vida a precarização e a falta de investimentos em saúde e segurança. Sindicato cobra e,  finalmente, contrato é suspenso
Foram dois acidentes fatais em menos de um ano, resultado da terceirização que precariza as condições de trabalho e coloca trabalhadores em risco de morte diariamente. Não por acaso, os dois companheiros que pagaram com a vida o resultado das péssimas condições de trabalho e da negligência com a prevenção eram trabalhadores da Cantóia, empresa terceirizada e contratada depois que a Elektro passou a ser controlada pela Neoenergia.
“Há tempos, o Sindicato alerta empresa e trabalhadores da necessidade de garantir condições de trabalho, treinamento e fiscalização, principalmente da empresa terceirizada e despreparada para a realização de trabalhos de campo. Lamentavelmente, a última vítima do descaso com a segurança e do desrespeito com a vida foi o companheiro Damião, que morreu em Três Lagoas, em pleno dia das crianças, durante trabalho em rede energizada”, afirma a direção do Sinergia CUT.
Damião do Nascimento Emigdio tinha 41 anos e trabalhava para a Cantóia, contratada da Elektro, quando, na tarde do feriado do dia 12 de outubro passado, foi escalado para a troca de estrutura em rede compacta CE3 (fim de linha) para CE4F. Foi quase ao final do expediente que acabou sofrendo uma descarga elétrica. Companheiros de equipe acionaram o socorro imediatamente, mas, mesmo após os procedimentos médicos de emergência, pelas equipes do Samu e do Corpo de Bombeiros, o trabalhador não resistiu.
Contra a terceirização, mais eletricistas no quadro próprio
Para além de lamentar a morte de mais um companheiro e prestar solidariedade à família, o Sindicato reagiu com indignação e novamente exigiu que a Elektro adotasse providências urgentes não só para esclarecer as circunstâncias de mais um acidente fatal, mas principalmente para garantir a prevenção da saúde e segurança de todos os trabalhadores, diretos e terceirizados.
Essa reivindicação foi reforçada na última reunião com a direção da Elektro, em 22 de outubro passado, quando o Sinergia Campinas relembrou o outro acidente fatal envolvendo um trabalhador da mesma terceirizada, no final do ano passado, e alertou para a necessidade de a empresa reavaliar as condições do contrato com a terceira.
O Sindicato apontou ainda a obrigação da empresa em redobrar esforços no cumprimento das normas de saúde e segurança no trabalho, principalmente em atividades de alto risco, que envolvem tanto os trabalhadores das terceirizadas como os do quadro próprio, priorizando investimentos em treinamentos, fiscalização, compra de materiais eficientes de segurança e revisões frequentes dos equipamentos.
“Reiteramos a nossa posição contraria à terceirização das atividades e destacamos que o atual ACT não permite o serviço de linha viva terceirizado na companhia, sinalizando a importância da contratação de mais eletricistas para o quadro próprio, além de uma fiscalização mais efetiva das empresas. Esse lamentável cenário só reforça a necessidade urgente da formação de uma Comissão Paritária para discussão das condições de trabalho, saúde de segurança dos trabalhadores”, reforçaram os dirigentes do Sindicato.
Criação da Comissão Paritária é prioridade
Segundo os sindicalistas, durante a reunião, os representantes da Elektro informaram que as atividades da terceira Cantóia estavam suspensas e que as medidas cabíveis em relação ao contrato estavam sendo estudadas, com a possibilidade inclusive de rescisão contratual. Também afirmaram que a empresa estava reavaliando as atividades de terceiros e estudando ações para melhorar as questões de segurança para os trabalhadores.
Apesar disso, o Sindicato enfatizou que, em caso de suspensão do contrato e das atividades da Cantóia, a Neoeonergia avaliasse o reaproveitamento dos trabalhadores no seu quadro próprio. Também solicitou que a empresa repassasse todas as informações atualizadas sobre o problema com a terceira e ratificou ainda a urgência da criação da Comissão das Condições de Trabalho, Saúde e Segurança nas 18 empresas do grupo.
Finalmente, contrato é encerrado
Na ocasião, a empresa informou que manteria o Sindicato informado e que a área de Segurança tomaria as devidas providências. Dias depois, também no final de outubro, o Sindicato foi informado do encerramento do contrato com a prestadora de serviço Cantóia pela Elektro.

“Não nascemos pra morrer prematuramente!
Apesar de estarmos em plena pandemia mundial, com milhares de vítimas espalhadas pelo mundo ainda sem cura definida para por um fim a este caos, onde apenas temos medidas preventivas e ações de recuperação para os infectados, nada justifica a morte de forma prematura acidental.
Ao fim de cada jornada diária todo trabalhador ou trabalhadora tem a expectativa de retornar ao seu lar ou ao cotidiano natural da sua vida, para descansar ou continuar outros compromissos e, no dia seguinte, retomar a rotina do trabalho.
Mas, infelizmente não tem ocorrido com as vítimas de acidentes de trabalho que, desde 2017, coincidência com o golpe, voltou a aumentar no Brasil.
Lamentamos a morte do nosso companheiro e devemos cada vez mais atuar com ousadia e resistência para enfrentarmos essa pauta que não representa somente ganho financeiro no bolso da classe trabalhadora, devemos sim, persistir nestes temas que salvam vidas cada vez mais. Companheiro Damião presente!!!”
Direção do Sinergia CUT

 
Por Lílian Parise