Com dinheiro público, militares compram 70 toneladas de picanha e 80 mil cervejas

Forças Armadas adquiriram produtos com até 60% de sobrepreço, denunciam deputados do PSB

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Redação CUT

Escrito por: Redação CUT 

Em 2020, ano em que o Brasil e os brasileiros começaram a sofrer as consequências econômicas, sociais e pessoais provocadas pela pandemia do novo coronavírus, as Forças Armadas usaram recursos públicos para comprar toneladas de picanha e cervejas, apesar da recomendação de isolamento social para evitar a propagação do vírus.

Usaram recursos públicos ”com ostentação e superfaturamento”, denunciam deputados do PSB em documento enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras. O sobrepreço na compra de itens como picanha e cerveja pode ser de até 60%, afirmam no documento.

O documento cita gastos exorbitantes na compra de toneladas de picanha, milhares de litros de cerveja, e centenas de latas de Skol Beats, segundo a denúncia publicada pelo Congresso em Foco.

Assinam o documento enviado a Aras os deputados Elias Vaz (PSB-GO), Alessandro Molon (PSB-RJ), Denis Bezerra (PSB-CE), Lídice da Mata (PSB-BA), Camilo Capiberibe (PSB-AP),  Bira do Pindaré (PSB-MA) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG).

Preços altos

Em um pregão eletrônico realizado em 2020 para o 38º Batalhão de Infantaria, foram adquiridos 500 garrafas da cerveja Stella Artois a R$ 9,05 cada; no mesmo certame, o batalhão adquiriu também 3.000 garrafas de Heineken, a R$ 9,80 cada. Já a 23ª Brigada de Infantaria de Selva foi agraciada com 3.050 garrafas de Eisenbahn, a R$5,99, diz a reportagem do Congresso em Foco.

No documento enviado à PGR, os deputados incluíram fotos que fizeram em supermercados mostrando que as cervejas custam muito menos. Em uma delas, a foto mostra latas de Bohemia Puro Malte a R$ 2,59, valor 67% menor que os R$ 4,33 pagos pela 9ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército. Na ocasião, o batalhão adquiriu 1.008 latinhas.

“Verifica-se que a maioria dos processos de compras desses produtos seguiu o procedimento da licitação. A Administração Pública, portanto, teve a coragem de mover a estrutura federal para conduzir certames com o objetivo de comprar grande quantidade de cerveja”, argumentam os autores da representação.

Segundo o levantamento, o Comando do Exército foi o que mais comprou picanha. Os dados do Portal da Transparência mostram que o órgão adquiriu 569,2 toneladas da carne. A Marinha adquiriu 88 toneladas. No total, 76 processos licitatórios garantiram a compra de 714 toneladas do corte.

Em um destes leilões, para a Diretoria de Abastecimento da Marinha, o valor da picanha foi de R$ 84,14 o quilo. Segundo os deputados, foram adquiridos 13.670 quilos da carne. Em outro,62.370 kg de miolo da alcatra foram comprados por R$ 82,37 o quilo.

“A compra desse produto não é crível em tempos de crise financeira, uma vez que este não é um corte para se comer no dia a dia diante de sua especialização e preço”, escrevem os autores da representação.

Congresso em Foco buscou a Marinha e o Exército para que expusessem suas razões relativas aos gastos, mas ainda não recebeu uma resposta.

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