Não aguentamos mais

Petrobras anuncia terceiro reajuste do ano no preço do gás de cozinha

Terceiro reajuste do preço do gás de cozinha vai na contramão do discurso de Bolsonaro de redução dos preços dos combustíveis. Preço em 2021 pode chegar a R$ 200,00, diz representante de revendedores

Marcello Casall/Agência Brasil

Redação CUT

Apesar das encenações do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), que reclamou publicamente dos preços dos combustíveis, o programa de preços da Petrobras continua o mesmo. A petroleira anunciou nesta segunda-feira (1º) mais um reajuste nos preços da gasolina e do diesel em cerca de 5% a partir de terça-feira (2).

O preço do gás de cozinha (GLP) também aumentou, pela terceira vez este ano.  Com o reajuste, de 5,2%, que também entra em vigor nesta terça, cada quilo vai ficar R$ 0,15 mais alto. O botijão de 13kg, usado pela maioria dos brasileiros, ficará R$ 1,90 mais caro nas refinarias. Para o consumidor final, que em muitas localidades já custa mais de R$ 100,00, o impacto no bolso é maior.

A própria Petrobras anunciou em comunicado que o valor no varejo pode ser maior. ”Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras, no caso da gasolina e do diesel, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores de combustíveis”, diz a empresa em nota.

O reajuste, que vai na contramão do discurso de Bolsonaro de reduzir impostos federais sobre combustíveis para conter os aumentos, é consequência da política de preços da estatal, que acompanha as variações do mercado internacional, combatida pela CUT e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Esse método de reajustes teve início no governo de Michel Temer e continua com Bolsonaro, e tem penalizando o trabalhador e a trabalhadora. Desde o golpe de 2016, o preço do botijão de 13 kg, que custava cerca de R$ 48,00, mais do que dobrou.

De acordo com reportagem do portal CPG – Clik Petróleo e Gás, o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito do Petróleo (Asmirg), Alexandre Borjalli, estima que, pelo andar da carruagem, os preços do botijão de gás possam chegar a R$ 200,00, “em uma hipótese drástica” ainda este ano.

Borjalli já criticou abertamente a política de preços da Petrobraa, adotada após o golpe de 2016, contra a ex-presidenta Dilma. Segundo ele, “quando o PT saiu da Presidência houve um aumento extorsivo por parte da estatal e que piorou no governo Bolsonaro com a política econômica comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes”.

Impacto no bolso

Em janeiro de 2017, o gás de cozinha custava em média R$ 55,61. De acordo com os últimos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os preços hoje já chegam a R$ 105,00 em algumas regiões do país. Neste caso, o valor representa cerca de 9% do salário mínimo R$ 1.100,00.

A situação dos trabalhadores piora à medida em que os preços dos alimentos também aumenta de forma descontrolada. Somente em 2020, produtos principais da cesta básica tiveram aumentos significativos – e acima da inflação que ficou em 4,52. Os que mais subiram foram o óleo de soja (103,79%) e o arroz (76,01%), seguidos por leite longa vida (26,93%), frutas (25,40%), as carnes (17,97%), a batata-inglesa (67,27%) e o tomate (52,76%).

Os preços da gasolina, álcool e diesel também serão reajustados em 5%, a partir desta terça-feira. É a quarta vez que o diesel, e a quinta vez que gasolina e álcool sofrem reajustes, somente este ano.

Em 2021, o diesel já acumula um reajuste de 32,72% e a gasolina, 39,48%.

Escrito por: Redação CUT