Brasil pode ter 600 mil mortes até julho se nada for feito, diz universidade dos EUA

A análise projeta três possíveis cenários para o país, levando em conta fatores como a disseminação de variantes do vírus, o uso de máscaras e o cumprimento do distanciamento social

Alex Pazuello

Redação CUT

A análise projeta três possíveis cenários para o país, levando em conta fatores como a disseminação de variantes do vírus, o uso de máscaras e o cumprimento do distanciamento social

Foto: Alex Pazuello/Secom

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Sem lockdown nacional por várias semanas, o cenário da pandemia do novo coronavírus no Brasil é ainda mais pessimista. De acordo com projeção feita pela Universidade de Washington, dos Estados Unidos, só neste mês de abril o Brasil pode registrar 100 mil vidas perdidas para a Covid-19 se nada for feito.

Até 1° de julho, segundo o estudo, o país pode chegar à marca de quase 600 mil óbitos – o número exato projetado é de 562,8 mil mortes. Segundo os cientistas, 55 mil vidas poderiam ser salvas apenas com o uso universal e correto da máscara.

Após registrar o mês de março mais triste da história, com 66.868 vidas perdidas para a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o pico de mortes no Brasil pode chegar a 4 mil ou 5 mil por dia em poucas semanas.  Desde o início da pandemia, o recorde de mortos em apenas um dia foi de 3.869 vítimas, registrado em 31 de março.

O estudo feito pela Universidade de Washington projeta três possíveis cenários para o país, levando em conta fatores como a disseminação de variantes do vírus, o uso de máscaras e o cumprimento do distanciamento social.

No pior dos cenários, segundo a análise, a circulação de pessoas já vacinadas voltará aos níveis pré-pandêmico, e a de não vacinados se manterá como no ano passado; as variantes brasileira e sul-africana do vírus se espalharão por locais aonde não haviam chegado; as vacinas serão menos eficientes contra a cepa sul-africana; e o uso de máscara começará a cair entre os vacinados 30 dias após receberam a segunda dose do imunizante.

No segundo cenário, o total de mortos em decorrência da doença chegará a 421 mil em 30 de abril, cerca de mil óbitos a menos do que no cenário mais grave.  No terceiro e mais otimista, a universidade afirma que tudo isso seria evitado se 95% da população brasileira usasse máscaras de forma apropriada.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, também prevê dias “dramáticos” no Brasil e alertou que as mortes diárias por Covid-19 podem chegar a 5 mil. As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Para ele, o Brasil está num momento em que a velocidade de transmissão ainda é muito alta. “Os próximos 15 dias serão muito dramáticos. Veja, há uns 20 dias, parece que ninguém imaginava que iríamos checar à casa dos 3 mil mortos por dia. Cruzamos a casa dos 2 mil, já passamos na casa dos 3 mil, estamos indo para os 4 mil e vamos chegar a 5 mil mortes por dia”, lamentou.

Confirmando as projeções pessimistas de Dimas Covas, São Paulo bateu mais um recorde de mortes nesta terça-feira (6), com o registro de 1.389 mortes nas últimas 24 horas, de acordo com dados do governo estadual. O recorde anterior havia sido registrado no dia 30 de março, com 1.209 mortes.

O total de casos de Covid-19 registrados no estado de São Paulo desde o início da epidemia até esta terça no estado é de 2.554.841, sendo que 22.794 foram novos registros nas últimas 24 horas. O total de óbitos no território paulista até o momento é de 78.554.

Mortes em 24 horas

O recorde de SP registrado nesta terça impactará nos dados nacionais que serão divulgados à noite. Até a noite desta segunda-feira (5), o Brasil tinha acumulado 333 mil mortes e 13 milhões de casos de Covid-19.

Em apenas 24 horas, foram registrados 1.623 novos óbitos em decorrência da Covid-19, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. A média móvel diária de mortes, que usa registros dos últimos sete dias, ficou em 2.698, quarto dia de queda no número, que se mantêm acima de 2 mil desde o dia 17 de março. 

Vale ressaltar que devido ao atraso nas notificações e a redução das equipes nos fins de semana, os números são menores aos domingos e segundas.

Escrito por: Redação CUT