Bolsonaro volta a criticar medidas de combate à Covid-19 mesmo com 400 mil mortes

Brasil registrou em 24 horas 3.074 mortes, totalizando 401.417 óbitos desde o início da pandemia. Apesar da tragédia, presidente continua contra lockdown, única medida que pode conter transmissão do vírus

ALEX PAZUELLO/SEMCOM

Redação CUT

Escrito por: Redação CUT 

No mesmo dia em que o Brasil ultrapassou a triste marca de 400 mil vidas perdidas para a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) voltou a criticar o isolamento social, que governadores e prefeitos de várias capitais  têm adotado para conter a transmissão do vírus e salvar vidas. Para ela, o que importa é salvar a economia.

“Ninguém tem dúvida que acabou com o emprego”, disse na live desta quinta à noite. “Uma população na miséria vai passar a depender mais do Estado e a tendência é dar o voto para quem dá muleta”, acrescentou. 

Bolsonaro criticou também a imprensa e evitou comentar sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que vai investigas ações e omissões do seu governo na condução da maior crise sanitária do século.

Sobre as mortes, disse apenas: “Lamentamos as mortes. Chegou um número enorme de mortes”, afirmou se referindo ao número que um assessor colocou sobre a mesa.

Bolsonaro é crítico das medidas de isolamento social, recomendadas por especialistas, alegando temer efeitos negativos na economia. O seu governo ignorou desde o início o que vários países fizeram para conter o avanço da doença, como o lockdown de até 40 dias, como Nova Zelândia, não só controlaram a pandemia como reaqueceram a economia.

 “Tá de brincadeira! Tinha que orientar que não era para pagar a folha e não era para comprar respirador em Marte e não chegar? É o fim da picada, realmente”, esbravejou Bolsonaro nesta quinta.

Fiocruz comenta a pandemia

Enquanto o presidente esbraveja, a pandemia no Brasil continua sem controle, apesar de ter desacelerado um pouco neste momento, está em patamares críticos e com números elevados de mortes.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendam manter o distanciamento físico e social para que a doença não volte a ter um ritmo acelerado de transmissão.

Segundo a pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, maio também será um mês triste para o Brasil por causa da Covid-19. Ela afirmou, em entrevista ao O Globo, que “todos os indicadores sinalizam que a matança continuará em maio e junho”, disse ao comentar a marca de 400 mil mortes por causa da doença.

Dalcomo relembra que em quatro meses de 2021 morreram mais pessoas do que em todo o ano de 2020. Para ela, a marca alcançada de 400 mil mortos escancara o que o país não fez para conter a pandemia.

“Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas com vacinação e com medidas não farmacológicas, isto é, distanciamento social, uso de máscaras e testagem em massa”, afirmou.

Números da pandemia

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 3.074 mortes pela doença e totalizou 401.417 óbitos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 2.523.

A marca foi alcançada 19 dias depois de o país contar 350 mil vítimas da pandemia e pouco mais de um ano após o primeiro óbito confirmado. Desde ontem às 20 horas foram registradas mais 1.678 vidas perdidas, totalizando 400.021 mortes em decorrência do novo coronavírus.

O Brasil é segundo país do mundo com maior número de óbitos em decorrência da doença, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 500 mil mortes, segundo o levantamento da Universidade Johns Hopkins.

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