Covid-19

Números da vacinação no país mostram desorganização do Plano Nacional de Imunização

Apenas 9 das 27 capitais já atingiram mais 70% da população vacinada, número mínimo ideal, considerado por especialistas para que se possa afirmar que a pandemia está sob controle

Ascom/Felipe Carneiro

André Accarini, com edição de Rosely Rocha, da Redação CUT

Apenas 9 das 27 capitais já atingiram mais 70% da população vacinada, número mínimo ideal, considerado por especialistas para que se possa afirmar que a pandemia está sob controle

Enquanto o mundo vive sob o temor de que a nova variante do coronavírus – a ômicrom – possa provocar uma nova onda de casos em todo o planeta, no Brasil, das 27 capitais brasileiras, somente nove já passaram da marca de 70% da população com esquema vacinal completo, ou seja, as duas doses ou dose única a depender a marca do imunizante. Dados levantados pela Folha de SP mostram que o Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19 ainda apresenta desigualdades regionais.

Segundo especialistas, a imunidade de rebanho deve ser considerada quando a vacinação em massa chega a percentuais entre 70% e 80% da população com o esquema vacinal completo.

As capitais que mais vacinaram são Vitória (ES), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG) na região Sudeste; Florianópolis (SC), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), no Sul – coincidentemente as duas regiões mais ricas do Brasil. As outras duas capitais são Fortaleza (CE), no Nordeste e Belém (PA), na região Norte.

Em outras oito capitais : Manaus(AM), Goiânia(GO) , Maceió (AL), Palmas (TO), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR)  e Macapá (AP), a vacinação ainda não chegou nem a 60%.

Especialistas ouvidos pela reportagem alertam que os números são preocupantes, em especial porque a variante ômicron começa a circular e o país está às portas tanto do verão como das festividades de fim ano, época em que habitualmente há mais aglomerações.

Enquanto isso, o governo federal que deveria ser o primeiro a tomar medidas, além da vacinação homogênea da população, para evitar a contaminação dificulta as formas de controle. Esta semana, o ministério da Saúde ignorou as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de exigir o passaporte da vacina para estrangeiros que vierem ao Brasil.

Ao contrário, vai exigir apenas uma quarentena de cinco dias para os turistas de outros países. E reforçando o posicionamento ideológico negacionista do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga afirmou que “não se pode discriminar as pessoas entre vacinadas e não vacinadas para a partir daí impor restrições”.

Queiroga disse ainda que “Às vezes é melhor perder a vida do que perder a liberdade”.

Quarentena para viajantes

A portaria que regulamenta a quarentena para os viajantes que chegarem do exterior ao Brasil foi publicada na madrugada desta quinta-feira (9) no Diário Oficial da União (DOU). Eles terão de apresentar à companhia aérea a carteira de vacinação (com a última dose aplicada ao menos nos14 dias anteriores) com imunizantes autorizados pela Anvisa, Organização Mundial de Saúde (OMS) ou autoridades sanitárias do país natal.

Aqueles que não foram vacinados há 14 dias terão de cumprir quarentena de cinco dias no Brasil. Após esse prazo, farão a testagem. Se o resultado for negativo, a pessoa fica liberada do isolamento. Pelas fronteiras terrestres o viajante deverá apresentar o comprovante da vacina, ou teste PCR negativo realizado em três dias antes ou ter testado negativo com Antígeno 24 horas antes de chegar ao Brasil.

Apesar de a determinação ser semelhante à recomendação da Anvisa – de exigir o passaporte – ainda assim a regra diz que se o viajante não tiver o comprovante de vacinação completa, poderá entrar no Brasil, desde que faça a quarentena na cidade do seu destino final.

As regras entram em vigor no próximo sábado (11).

Por André Accarini, com edição de Rosely Rocha, da Redação CUT