Fortes chuvas em MG

Risco de rompimento de barragem coloca Pará de Minas e municípios vizinhos em alerta máximo

Barragem do Carioca, da usina hidrelétrica Santanense, tem alto risco de rompimento devido ao volume de água. As chuvas e o encharcamento do solo levaram as mineradoras Vale, CSN e Usiminas a suspender atividades no estado

Reprodução/Redes Sociais

Barragem do Carioca está vertendo água por todos os lados. Risco de rompimento é grande

Redação RBA

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São Paulo – Os municípios de Pará de Minas, Pitangui, Onça de Pitangui, São João de Cima, Casquilho de Baixo, Casquilho de Cima e Conceição do Pará – a oeste da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte – estão em alerta máximo em razão do grande risco de rompimento de barragem do Carioca, da usina hidrelétrica Santanense. A população que mora nessas localidades, que ficam abaixo da estrutura da barragem, já começou a ser retirada no início da noite do domingo (9).

De acordo com informações da prefeitura de Pará de Minas, as recentes chuvas triplicaram o volume de água na barragem, que ontem à noite já vertia água pelas laterais, inundando fazendas do entorno. Calcula-se que, em caso de transbordamento, a água pode atingir as casas de moradores em poucos minutos, com resultados trágicos.

A mineradora Vale comunicou a paralisação das atividades dos Sistemas Sudeste e Sul, em Minas Gerais, devido às fortes chuvas. A circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) também foi afetada. A CSN Mineração e a Usiminas também anunciaram a suspensão das operações da mina de minério de ferro Casa de Pedra, em Congonhas, a 100 quilômetros ao norte de Belo Horizonte. 

Rompimento da barragem

Em entrevista na manhã desta segunda-feira (10) ao jornal Bom dia MG, o porta-voz do Corpo de Bombeiros do estado, Pedro Aihara, disse que as prefeituras e a Defesa Civil recomendaram que os moradores deixem as casas imediatamente, por causa do risco de rompimento da barragem.

“O barramento continua sendo monitorado. Em razão das fortes chuvas que ocorreram em Pará de Minas, a gente teve um fluxo de água muito grande, que acabou afetando essa represa – uma represa particular, que é de geração de energia hidrelétrica de uma empresa (particular) da região. E, em decorrência desse fluxo de chuva, a água acabou passando tanto por cima do vertedouro quanto pelas laterais”, disse o porta-voz.

Aihara afirmou que a evacuação preventiva e emergencial afeta comunidades residentes na calha do Rio São João e do Rio Pará. “É importante destacar que a área urbana de Pará de Minas não corre o risco de ser inundada, ela não está nessa mancha de inundação”, afirmou.

Ao mesmo noticioso, o major Eduardo Lopes, superintendente de gestão de risco da Defesa Civil de Minas Gerais, disse que a situação é grave. As chuvas que começaram no noroeste avançaram para a região central, onde se concentram as cidades mais afetadas. São 145 municípios em estado de emergência e pelo menos 9 pessoas já morreram devido a deslizamentos e afogamentos em enxurradas desde o início do período chuvoso. Somente nas 24 horas, foram mais de 1 mil chamadas relacionadas com as chuvas. Há localidades em que não chovia assim desde a década de 1960.

Rejeitos da barragem

A mineradora Vale não tem ligação com a barragem do Carioca, que é para geração de eletricidade, e não para rejeitos de mineração. No entanto, a população de Macacos, no distrito de Nova Lima, está ilhada. As águas de uma enchente não escoam devido a um muro de contenção construído pela mineradora. O paredão é mais alto que um prédio de 10 andares e foi construído no curso do Ribeirão Macacos para conter possíveis rejeitos da barragem B3/B4, da mina Mar Azul.

Segundo o site do Brasil da Fato, com a chuva o nível da água aumentou e não há vazão. Imagens feitas pela comunidade local mostram a água próxima das casas e, ao fundo, a contenção provocada pela muralha da Vale. O distrito fica a cerca de 30 quilômetros de Belo Horizonte e está na região em alerta vermelho para tempestades, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia.

Por Redação RBA