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Ômicron avança: nove estados e 10 capitais têm mais de 60% das UTIs ocupadas

Pesquisadores alertam que os números de novos casos de covid-19 podem atingir “níveis muito mais elevados” nas próximas semanas

Ibrahim Boran/CC.0/Unsplash

UTIs e leitos dedicados a pacientes de covid-19 voltam a ter ocupação perto do ponto de saturação, devido à alta transmissibilidade da variante ômicron do novo coronavírus

Tiago Pereira | RBA

São Paulo – A rápida disseminação da variante ômicron já causa sobrecarga nos serviços de saúde no Brasil. De acordo com o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pernambuco está com 82% dos leitos de UTI para a covid-19 ocupados. Outras quatro capitais também estão na “zona de alerta crítico”: Fortaleza (88%), Recife (80%) Belo Horizonte (84%) e Goiânia (94%). A nota técnica da Fiocruz foi divulgada nesta quinta (13), com base nos dados de ocupação da última segunda-feira (10).

Outros sete estados estão em “alerta intermediário”: Pará (71%), Tocantins (61%), Piauí (66%), Ceará (68%), Bahia (63%), Espírito Santo (71%) e Goiás (67%), além do Distrito Federal (74%). Também se encontram nesta situação as capitais Porto Velho (76%), Macapá (60%), Maceió (68%), Salvador (68%), Vitória (77%) e Brasília (74%).

Os pesquisadores ressaltam que atualmente é menor o total de leitos disponíveis em relação ao auge da pandemia, no ano passado. No entanto, alertam que os números de novos casos de covid-19 atinjam “níveis muito mais elevados” nas próximas semanas. Nesse sentido, os sistemas de saúde deverão ser ainda mais pressionados.

Em função do avanço da ômicron, a Fiocruz orienta os gestores públicos a estarem prontos para acionar “planos de contingência”. As medidas devem ser planejadas atender o provável aumento na demanda por atendimento. Também destaca a importância de reorganizar a rede de serviços de saúde para dar conta dos desfalques de profissionais afastados que forem infectados.

Além disso, sugerem o reforço na atenção primária, inclusive com teleatendimento. Outra medida fundamental no combate à pandemia é “prosseguir na vacinação da população”.

Urgência na testagem

A Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (Anesp), o Observatório COVID-19 BR e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) enviaram uma nota o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e para o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. As entidades solicitam urgência na elaboração de uma política de testagem universal para contenção da covid-19 no país. As entidades afirmam que, nos últimos meses, o Brasil avançou sensivelmente na vacinação. Contudo, o mesmo não ocorreu em relação aos testes.

“Aperfeiçoar o plano nacional de testagem é uma medida de extrema urgência neste momento, com a massificação do acesso a testes de antígeno para diagnóstico da Covid-19 na rede pública de saúde, inclusive permitindo o uso de autotestes”, diz o documento.

As entidades afirma que a “ausência” de uma política de testagem massiva e universal prejudica a resposta à pandemia. Nesse sentido, pediram mudança na regulamentação para permitir o autoteste no Brasil. Apontam que o uso desse tipo de teste tem auxiliado no controle da pandemia em países como Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Israel, Cingapura, França e Alemanha. Desde o início do ano, Saúde e Anvisa batem cabeça em relação às mudanças normativas necessárias para autorizar o autoteste.

As entidades afirmam que a incorporação da autotestagem como política pública, também diminuiria o potencial de transmissão da ômicron nos locais de realização de testes. Dizem que, com possibilidades de testagem restritas, tem ocorrido concentrações de pessoas nos estabelecimentos de saúde, farmácias e laboratório.

Além disso, salas fechadas, sem ventilação, também contribuem para a disseminação do vírus. “Ou seja, a política atual acaba por estimular o contágio, não para mitigá-lo”.

Covid no Brasil hoje

Com o avanço acelerado do contágio pela variante ômicron do novo coronavírus o Brasil registrou 97.986 novos casos de covid-19 nesta quinta, contados em um período de 24 horas. A média móvel de diagnósticos chega a 61.141 a cada um dos últimos sete dias. O índice avança a patamares registrados em junho e julho do ano passado, quando o país viveu o pico da chamada segunda onda da infecção. Os dados fornecidos pelo boletim diário do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

O orgão também informa que, no mesmo período, foram 174 óbitos registrados oficialmente. Com isso, são oficialmente 620.545 vítimas da doença, desde o início da pandemia, em março de 2020. Contudo, no último mês, os números não são precisos, em função do apagão de dados do Ministério da Saúde no último mês.

Reprodução site RBA

Por Tiago Pereira | RBA