Memória

Morre Regina Semião, uma das lideranças da organização das trabalhadoras domésticas

Esteve à frente da direção do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas e da Fenatrad

Arquivo/Revista do Brasil/Montagem

Redação CUT São Paulo | Nota das PLPs (Promotoras Legais Populares)

A Direção da CUT-SP recebe com grande tristeza a notícia da morte de Regina Maria Semião, que esteve na direção do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas. A companheira estava acamada há cerca de quatro anos em decorrência de um AVC e faleceu na noite de quinta-feira (24) em sua residência, aos 81 anos.

Mulher guerreira, generosa e grande referência de luta que deixa um importante legado no fortalecimento do movimento sindical e social.

Natural de Passos, em Minas Gerais, a história de Regina se confunde com a de muitas mulheres que tiveram de trabalhar desde muito cedo, tendo todos os direitos de infância violados. Foi trazida para São Paulo para um trabalho doméstico aos 8 anos, sem salário. “Subia num banquinho para cozinhar. Tinha curiosidade de conhecer as coisas, mas não sabia que ia enfrentar uma mesa grande, fogão e cinco pessoas para cuidar”, disse em uma entrevista à Revista do Brasil, em 2012. Em suas jornadas, sofreu abusos de patroas e patrões e todo tipo de assédio e violência no trabalho até entender que vivia sobre situação análoga à escravidão.

Apesar das dificuldades, Regina conseguiu transformar seu sofrimento em luta. Esteve à frente da direção e no resgate do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas após a morte de Laudelina de Campos Melo, outra gigante referência de luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas. Também foi dirigente da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), participou da fundação do Projeto e Movimento das PLPs em Campinas e Região, com o Festival Comunitário Negro Zumbi/FECONEZU e com a Organização de Mulheres Negras Brasileiras.

Pôde, em vida, assistir a aprovação da PEC das Domésticas, sancionada pela então presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2015 e que ampliou direitos como o salário mínimo, jornada de 44 horas semanais e pagamento de hora extra.

A CUT-SP e a subsede em Campinas somam-se aos familiares e amigos nesse momento de dor. Temos a certeza que seu legado estará para sempre nas nossas lutas!

Companheira Regina Semião, presente!

Escrito por: Redação CUT São Paulo


Nota de pesar – PLPs Cida da Terra de Campinas e Região

FEMENAGEM A REGINA SIMIÃO (16/12/1940 – 24/03/2022)


Nós, da Associação de PLPs Cida da Terra de Campinas e Região estamos muito tristes, pois hoje nossa amiga, comadre e referência REGINA SIMIÃO partiu.

Daqui para frente, teremos que conviver com uma lacuna que jamais será preenchida.

Porém, dentro de cada uma de nós, sempre existirá um pedaço da alegria, da cumplicidade e da responsabilidade de continuar lutando pelas mulheres, em particular as mulheres negras, de periferia, trabalhadoras domésticas, idosas enfim, lutar pelas mulheres socialmente mais vulneráveis.

Regina Simião,

Uma criança que, aos 8 anos foi vitima do trabalho doméstico infantil;
Uma jovem que sofreu abusos de patroas e patrões;
Uma mulher que foi vítima de violência doméstica;
Uma Mulher que não perdeu a Esperança, o Afeto e a Coragem.

Hoje, Regina Simião nos deixa o legado de LUTA por uma sociedade justa e igual para as mulheres pois, transformou seu sofrimento em LUTA, contribuindo para a organização das Trabalhadoras Domésticas, com a fundação do Projeto e Movimento das PLPs em Campinas e Região, com o Festival Comunitário Negro Zumbi/FECONEZU, com a Organização de Mulheres Negras Brasileiras.

ASÉ e LUTA REGINA SIMIÃO PRESENTE!!!

Promotoras Legais Populares