Há 58 anos, Sinergia Campinas foi alvo da ditadura militar, com cassação de dirigentes e nomeação de interventor

Exatamente em 8 de abril de 1964, golpe militar cassa diretoria do Sindicato identificada com PCB e nomeia interventor para o comando da entidade. Ditadura nunca mais!

Arte: Nice Bulhões

Lílian Parise

Exatamente em 8 de abril de 1964, golpe militar cassa diretoria do Sindicato identificada com PCB e nomeia interventor para o comando da entidade. Ditadura nunca mais!

Fundado em fevereiro de 1934 – inicialmente com o nome de Sindicato dos Operários em Fiação, Luz e Força – para, dez anos depois, em 1944, passar a ser o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Energia Hidroelétrica de Campinas, o Sinergia Campinas foi sendo construído e marcado por vários momentos de luta e resistência nesses 88 anos de história.

Ao longo dos anos, a base legal foi ampliada – antes e depois de se transformar no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Campinas (Stieec), em 1981 – até passar a ser um dos fundadores do projeto Sinergia CUT e continuar sendo reconhecido como um Sindicato ousado e combativo desde que a oposição cutista assumiu a direção da entidade, em 1987.

Alvo da ditadura

Mas essa história de combatividade começou em 9 de fevereiro de 1963, com a posse de uma diretoria identificada com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e que ficou no comando do Sindicato até ser cassada, em 8 de abril de 1964.

Vale lembrar também que há 58 anos, o golpe militar matou, torturou e prendeu lideranças e militantes de oposição, inclusive sindicalistas, em todo o Brasil. O então Stieec foi um dos alvos de uma intervenção autoritária para calar a voz da diretoria ligada ao PCB.

E foi exatamente em 8 de abril de 1964 que Aristeu de Lorenzo assumiu o Sindicato como interventor. Já nesse mesmo dia, ele editou o Ato nº 1 – o primeiro de muitos impostos à entidade – com a nomeação de assessores para ocupar a direção: Romeu Affonso (secretário), Dyonisio Pegorari (tesoureiro), Antonio Augusto de Paula Vargas, Moacyr Correia e Raul Ribeiro, todos ex-diretores antes do mandato do PCB, além de Archangelo José Cesar (Interior).

Ditadura nunca mais

“Tempos de censura, perseguições, torturas e assassinatos que não podem mais voltar, apesar das tentativas e das ameaças do atual desgoverno. Tempos difíceis para o povo brasileiro e que ninguém merece reviver mais de meio século depois. Ditadura nunca mais!”, alerta a direção do Sinergia Campinas.

Um retrato dessa triste memória

O Livro de Atas aberto e assinado pelo interventor

Por Lílian Parise