Pandemia não acabou

Covid volta a subir em SP; Apeoesp encontrou 121 casos em apenas 15 escolas

Para especialista autoridades se precipitaram ao flexibilizar as medidas de segurança sanitária para conter a disseminação do vírus

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Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

O número de novos casos de Covid-19 vem aumentando de forma acelerada em São Paulo, revelam dados como o do número de pacientes internados e levantamento feito pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) sobre casos nas escolas. Em apenas 15 escolas, a Apeoesp encontrou 121 casos em professoras e professores, esdutantes e funcionários das unidades.

Para a médica sanitarista Karina Calife, os novos casos mostram que as autoridades se precipitaram ao decretar a flexibilização das medidas de segurança sanitária para conter a disseminação do vírus, principalmente o fim do uso das máscaras em locais fechados.

Internações em SP

Nas duas últimas semanas, aumentou em 60% o número de novas internações por Covid-19 no estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde.

A média móvel de novas internações, em leitos de enfermaria ou de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), chegou a 306 hospitalizações diárias na sexta-feira (27). Há duas semanas, em 13 de maio, o indicador era de 191 internações por dia.

Apesar do crescimento, a média móvel atual ainda é muito inferior à verificada no pico da pandemia, em março de 2021, e também no ápice deste ano, verificado no final de janeiro. Foi o maior contingente das últimas 13 semanas.

Para conter a disseminação, a prefeitura de São Paulo encaminhou ofício ao Ministério da Saúde enfatizando a necessidade de aplicar a 4º dose da vacina contra a Covid-19 em profissionais de Saúde de todas as faixas etárias e na população de 50 a 59 anos com comorbidades. Pede também o aval do Ministério para dar a 1ª dose de reforço (3ª dose) em adolescentes a partir de 12 anos.

No ofício onde consta um  gráfico  que mostra um aumento contínuo de positividade nos testes rápidos para Covid-19, partindo de 2% no começo de abril até chegar a 12,7% na semana de 15 a 21 de maio.

​Covid nas escolas

Levantamento da Apeoesp encontrou 362 casos de Covid-19 em 55 escolas. Do total, 121 casos foram registrados em apenas 15 escolas no dia 25 de maio, sendo 47 casos indeterminados (não discriminados entre professores, funcionários e alunos); 213 em professores e professoras; 27 em funcionários das escolas e 71 em estudantes.

De acordo com nota divulgada pela Apeoesp, o  levantamento aponta uma média de 8 casos por escola, superior à média de 5,6 casos por escola que se verificou entre o início de fevereiro e o final de março deste ano.

A entidade orientou suas 94 subsedes a fazerem o monitoramento dos casos ocorridos em suas regiões, solicitando das direções das escolas, bem como dos dirigentes regionais de ensino que promovam a retomada dos protocolos sanitários nas unidades escolares. 

A presidenta da Apeoesp, professoras Bebel, que também é deputada estadual, enviou ofício à secretaria estadual da Educação com os dados do levantamento e solicitou uma uma reunião para tratar do assunto.

Testes positivos em farmácias

A situação não é diferente no restante do país. De acordo com monitoramento da Associação Brasileira Redes Farmácias Drogaria (Abrafarma), o volume de testes positivos de Covid em farmácias do país inteiro nos primeiros 15 dias de maio já supera o total registrado em abril.

Foram mais de 49 mil casos no período, o que corresponde a 23,5% do total de exames feitos. Em abril, a participação dos positivos era de 12,2%, com quase 32 mil casos.

Os resultados positivos na primeira quinzena do mês superaram em 54% o total registrado em abril, mesmo com uma procura 20% inferior na mesma base de comparação, segundo a entidade.

Flexibilização de medidas foi cedo demais

Em entrevista ao programa Revista Brasil TVT nesse fim de semana, a médica Karina Calife  advertiu que a flexibilização determinadas pelo governo federal e em alguns estados e municípios “nunca teve um suporte do ponto de vista técnico e científico”. Segundo ela, a flexibilização antes da hora está diretamente associada ao registro de aumento de novos casos da doença.  

“Foi precipitado porque a pandemia não acaba por decreto”, alertou aos jornalistas Cosmo Silva e Ana Rosa Carrara.

Os cuidados seguem

A médica sanitária ressalta que o Brasil viveu um período de trégua em relação ao cenário epidemiológico por conta da onda de ômicron, em janeiro de 2021. Assim como pelo avanço da vacinação. Mas o momento volta a ser de atenção e o aumento de casos deve continuar nas próximas semanas. Ela enfatiza que essa não é a hora de tirar a máscara, especialmente em ambientes fechados. E comenta que o ideal é evitar ser infectado pela doença do novo coronavírus. Karina lembra que, mesmo que a vacinação venha também reduzindo o número de óbitos, estudos mostram entre 10% a 30% dos casos desenvolveram sequelas que diminuem a qualidade de vida ou mesmo a chamada covid longa.

“O Brasil teve uma condução no enfrentamento à pandemia que não foi só pífia. Ela foi também intencional. Então parece que não há interesse de que as pessoas saibam o que está acontecendo, o que significa o nosso comportamento no dia a dia, como podemos fazer para pelo menos diminuir as chances de que a gente se infecte ou de infectar as pessoas à nossa volta. Temos que entender essa importância de pacto coletivo para compreender que as desigualdades no Brasil e no mundo. Até que a gente resolva e consiga dar respostas tanto do ponto de vista de imunização, mas de alguns cuidados também”, garante a médica sanitarista. 

Nesse domingo (29), o Brasil registrou oficialmente 62 mortes e 8.195 novos casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ao todo, o país contabiliza mais de 30.953.579 diagnósticos positivos para a doença do novo coronavírus e 666.453 vidas perdidas.

Confira a entrevista

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Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz