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Violência matou mais de uma mulher por dia em 2022, diz estudo

Segundo levantamento feito com base em dados da Rede de Observatórios de Segurança, 495 mulheres foram assassinadas no ano

Reprodução

Redação CUT/Texto: André Accarini | Editado por: Marize Muniz

Um levantamento publicado nesta segunda-feira (6), mostra o crescimento da violência contra a mulher brasileira nos últimos anos. Realizado em sete estados, o estudo “Elas Vivem: dados que não se calam”, baseado em dados Rede de Observatórios da Segurança, aponta que a cada dia do ano passado houve pelo menos uma morte por feminicídio nesses estados.

Ao todo, 495 mulheres foram assassinadas e 2.423 foram vítimas de violência na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. A cada quatro horas, uma mulher desses estados sofreu algum tipo de violência.

Na maior parte dos casos – 75% – o agressor é o próprio companheiro da vítima ou os ex-companheiros.

Ranking da violência

De acordo com o estudo, o estado de São Paulo lidera o número de casos. Foram 898 vítimas de algum tipo de violência, um a cada dez horas.  Pernambuco aparece em segundo lugar, com um total de 225 casos de violência. O estado também é líder em assassinatos de pessoas trans.

Já a Bahia lidera no número de mortes, com um total de 91 assassinatos de mulheres. No Rio de Janeiro, o número de casos aumentou 45% em relação ao ano anterior. O levantamento mostra um caso de violência a cada 17 horas.

Veja os totais de casos de violência, que incluem as agressões e os assassinatos:

  • São Paulo: 898 casos (58%)
  • Rio de Janeiro: 545 casos (22%)
  • Bahia: 316 (13%)
  • Pernambuco: 225 casos (9%)
  • Maranhão: 165 casos (6%)
  • Ceará: 161 casos (6%)
  • Piauí: 113 (4%)

Quem é o agressor

Na maior parte dos registros localizados nos sete estados, o agressor é o companheiro ou ex-companheiro das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento. Mas tem outros familiares listados como agressores, entre eles, os irmãos.

Formas de violência contra a mulher

O estudo mostrou que a agressão física foi a causa de 987 dos casos de violência contra a mulher, ou seja, a maior parte. Outros 282 casos se deram por meio de violência sexual e estupro, 216 foram violência verbal e 145 por cárcere privado e tortura.

As diversas faces da violência incluem, além das agressões físicas, praticadas na grande maioria das vezes por seus parceiros, a violência psicológica como o assédio moral, a violência dada pela discriminação e pela desigualdade nos mais diversos espaços, inclusive o mercado de trabalho e pela violência patrimonial, situação em que agressor age para violar a independência da mulher.

Outro estudo

Uma outra pesquisa, realizada pelo Datafolha e pelo Fórum Nacional de Segurança Pública mostra que, em todo o Brasil, 699 mulheres morreram vítimas de feminicídio somente no primeiro semestre de 2022.

O índice é 10,8% maior que no mesmo período de 2019, primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL)

Veja mais dados: No dia internacional da mulher, luta contra a violência é pauta prioritária

Dia 8 de Março, dia de alertar contra essa violência

No Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, a CUT, centrais e movimentos de mulheres farão atos em diversas cidades do país. Veja abaixo a relação de locais.

Além disso, o governo federal, por meio do Ministério da Mulher, deverá lançar um conjunto de medidas de proteção à mulher que envolverá todos os ministérios e que se refere à luta contra a violência e pela igualdade de gêneros em todos os espaços da sociedade, inclusive o mercado de trabalho. O evento está previsto para às 11h, no Palácio do Planalto, com a presença de ministros e várias lideranças femininas.

Confira os atos do dia 8 de março em todo o país:

Alagoas:

Maceió: Concentração para o ato na Praça Centenário, às 15h.

Bahia:

Salvador: caminha da Lapinha ao Pelourinho (trajeto 2 de Julho). Tema será “Mulheres insubmissas protagonistas da democracia”

Ceará:

Fortaleza: ato na Praça do Ferreira a partir das 14h. às 16 haverá caminhada e panfletagem. O tema é “Pela vida das mulheres! Democracia, territórios e direitos: Contra a fome, a violência, o racismo e sem anistia para golpistas.

Distrito Federal

Brasília: Marcha com concentração no Eixo Cultural Íbero-americano (antiga Funarte), às 16h. De lá, as mulheres seguem até o Palácio do Buriti, para exigir do GDF políticas de enfrentamento à violência de gênero.

Mato Grosso do Sul:

Campo Grande – Ato às 8h na Praça Ari Coelho. O tema é “Mulheres em Resistência, Sempre Vivas e contra todas as Formas de Violência”.

Minas Gerais

Belo Horizonte: ato a partir das 16h, na Praça Liberdade. Caminhada às 17h pelas ruas da cidade. 

Paraná

Curitiba: Marcha das Mulheres, com concentração a partir das 16h na Praça Santos Andrade. Às 18h, acontecerá um ato da Frente Feminista de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral. Às 19h, ocorrerá a Marcha das Mulheres e seguirá em caminhada até a Boca Maldita para o ato de encerramento

Londrina: ato a partir das 17h30 no Calçadão em frente às Lojas Pernambucanas

Rio Grande do Sul

Porto Alegre: a marcha será realizada às 17h, com concentração na Praça Matriz a partir das 14h. Ao longo do dia outras atividades tambéms erão realziadas, inclusive uma audiência com o governador Eduardo Leite (PSDB)

São Paulo

Capital: ato às 17h no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista. “Mulheres em defesa da Democracia” será a bandeira levada às ruas. Antes, às 15h, haverá atividade no Espaço Cultural Lélia Abramo, na Rua Carlos Sampaio, 305 (próximo à Paulista).

Sergipe:

Aracaju: concentração com café da manhã, a partir das 7h, na Pça General Valadão. Haverá caminhada pelas ruas da cidade, além de panfletagem e diálogo com a população. Estão previstas apresentações culturais do Grupo Folclórico do Sintese e de mulheres artistas de Sergipe na Pça General Valadão.