Setor tecnológico ainda carece de participação feminina

O SindProSBO conversou sobre o assunto com duas estudantes do Instituto Federal de Campinas, que compartilharam suas vivências e impressões, publicadas em boletim do Sindicato

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Sindicato dos Professores de Santa Bárbara d'Oeste

A inserção de mulheres na área de tecnologia da informação e da comunicação (TIC) tem sido uma questão de discussão há anos. O SindProSBO conversou sobre o assunto com duas estudantes do Instituto Federal de Campinas, que compartilharam suas vivências e impressões.

Na visão de Yeda Rabelo, que cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IF, o setor de TIC vem crescendo muito, principalmente após a pandemia, quando a dependência tecnológica ficou evidente. Mas esse crescimento da área não vem ocorrendo de forma igual.

“Nós, enquanto mulheres, precisamos ocupar esse espaço. Esse novo mundo tecnológico que está sendo feito precisa também ser pensado e executado por mulheres que pensem em novas formas de utilizar a tecnologia. Porém, ainda encontramos muitos limites. Quando a gente pensa que desde as brincadeiras de criança, divididas entre meninos e meninas, vemos que existe todo um cenário por trás que dificulta a entrada de mulheres na área. Não se trata de mulheres serem menos aptas para a matemática do que os homens. Essa não é uma inclinação natural, é uma inclinação construída socialmente”, avalia Yeda.

Laura Ferreira, de 22 anos, está no curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IF Campinas. Ela tem sentido na pele os problemas causados pela pouca presença feminina no setor de TIC.

“Estou fazendo estágio e sou a única mulher no setor em que trabalho. Com isso, não tenho nenhuma colega mulher para me orientar e aconselhar. Infelizmente, essa é uma situação comum na área. Em contrapartida, vejo um aumento no número de meninas no meu curso, o que mostra que o interesse em TICs está crescendo no público feminino”, observa Laura, demonstrando otimismo apesar das desigualdades ainda existentes.

Para um setor tecnológico mais igualitário, é preciso que as empresas de tecnologia implementem medidas concretas para a promoção da diversidade e inclusão. Isso inclui políticas de contratação que priorizem a igualdade de gênero e a diversidade racial, a criação de programas de mentoria e desenvolvimento profissional para mulheres, além de uma cultura empresarial que valorize e respeite a diversidade de pensamento e experiências.

Outra solução importante é o incentivo à educação e capacitação das mulheres na área de tecnologia. Investir em programas de formação e capacitação para as mulheres pode ajudá-las a adquirir habilidades técnicas e aumentar a sua empregabilidade na área. Isso pode ser feito desde cedo, com programas voltados para meninas dos ensinos fundamental e médio.

“Precisamos mudar esse cenário desigual desde a infância, fornecendo aptidão para todos. Por que meninas devem brincar de Barbie e meninos de Lego, sendo que todos podem brincar igualmente? Isso vai repercutindo na escolha profissional. Preciso pensar em um cenário onde as TICs sejam mais inclusivas com as mulheres, com as pessoas negras, com as pessoas LGBTQIA+… Com todos e com todas”, conclui Yeda.