Roda de conversa em Campinas (SP) debate a luta das mulheres negras contra o racismo

Debate entre sindicalistas e participantes abordou a questão da educação e do racismo em diferentes espaços da sociedade

Divulgação/CUT Campinas

Vanessa Ramos, da CUT-SP

O Sindicato dos Bancários de Campinas foi palco de um encontro significativo para discutir os desafios enfrentados pelas mulheres negras no mercado de trabalho. A roda de conversa intitulada “Mulher Negra: feminismo e mercado de trabalho” reuniu uma plateia diversificada, composta por professoras, militantes, entidades do movimento negro, aposentados e jovens na noite dessa segunda-feira, 30 de outubro.

Segundo a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva, o debate teve como foco a construção histórica das ações e lutas do povo negro, com ênfase nas mulheres negras que enfrentam desafios como serem chefes de família, mães solo e muitas vezes recebem salários inferiores. A questão política também foi amplamente discutida, destacando a urgência de compreender e transformar o processo do racismo no Brasil por meio do olhar das mulheres negras.

Rosana ressaltou a presença marcante de uma jovem de 15 anos que compartilhou sua experiência pessoal de pressão social para alisar seu cabelo crespo, ressaltando a importância de uma abordagem mais inclusiva e menos discriminatória nas escolas. O evento foi um espaço de acolhimento e de empoderamento para as mulheres presentes, que enfatizaram a necessidade de políticas públicas e ações concretas para combater o racismo, especialmente no ambiente escolar e nas periferias.

“As mulheres e as crianças negras sofrem o seu primeiro racismo na obstetrícia, no parto, com menos anestesia, mais dor, mais sofrimento. Nas creches, as crianças são deixadas no berço e, nas escolas, sofrem racismo de diferentes formas. Em relação ao cabelo, por exemplo, muitos professores colocam a pessoa no fundo da sala e dizem que tem que prender o cabelo porque está atrapalhando outros colegas. A escola tem que ser mais democrática e menos racista”, afirma.

A presidenta do Sindicato dos Servidores Municipais de Limeira (Sindsel) e da Federação dos Trabalhadores da Administração e do Serviço Público Municipal do Estado de São Paulo (Fetam), Eunice Lopes, conhecida como Nicinha, destacou a importância de retomar o debate após o período de pandemia, especialmente diante do agravamento do racismo no país durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Abordamos na roda de conversa a importância vital da educação transformadora. O Coletivo de Combate ao Racismo da CUT em Campinas tem um formato diferenciado de fazer esses debates, algo que, inclusive, quero trazer para os sindicatos da federação”, disse a presidenta.

Nicinha também ressaltou a necessidade de líderes sindicais e de movimentos sociais retomarem essas pautas em busca de igualdade social.

O evento, que reuniu diversas lideranças sindicais e ativistas, demonstrou a urgência de promover mudanças estruturais e políticas de inclusão para garantir um futuro mais justo e igualitário para as mulheres negras no Brasil em todos os espaços da sociedade, como nas escolas ou no mercado de trabalho.